28 Setembro 2021
"É necessária uma ampla e contínua mobilização internacional para denunciar esse crime perpetrado pela China contra o povo uigur. As pressões dos Estados e da opinião pública internacional são sempre de enorme importância. O silêncio é sempre uma legitimação e também uma autorização para intensificar as perseguições", escreve Vincenzo Passerini, em artigo publicado por Itlodeo, 24-09-2021. A tradução é de Luisa Rabolini.
Não existem apenas as violações dos direitos humanos pelos talibãs no Afeganistão.
O genocídio dos uigures, perpetrado pela China a partir de 2014 com a chegada ao poder de Xi Jinping, é um gigantesco crime contra a humanidade e sobre o qual a opinião mundial é mais relutante a se emocionar e se mobilizar.
Os Estados Unidos, seguidos pela União Europeia e outros países, implementaram sanções econômicas contra a China pelo genocídio dos uigures. Mas é necessária uma mobilização mais forte dos estados, da mídia, dos movimentos pacifistas, pelos direitos humanos e a liberdade religiosa para parar este crime gigantesco.
Atacar ou mesmo criticar o gigante chinês é muito mais difícil do que os talibãs. Mas o genocídio que está ocorrendo diante de nossos olhos é um dos crimes mais hediondos das últimas décadas.
Os uigures são uma grande minoria muçulmana na província de Xinjiang, no noroeste da China.
A perseguição contra eles se intensificou enormemente com a chegada ao poder, em 2014, de Xi Jinping, o atual líder chinês.
Este ano o Prêmio Pulitzer, o maior prestigioso prêmio estadunidense para o jornalismo, foi conquistado pelo site BuzzFeedNews e pelo arquiteto britânico Alison Killing.
Usando sofisticadas técnicas de análise de satélite das estruturas arquitetônicas e importantes entrevistas, revelaram, por meio de uma série de reportagens publicadas entre agosto e dezembro de 2020, a existência no Xinjiang de 268 campos de concentração onde estão internados os uigures e outras minorias religiosas.
Em uma entrevista (30 de julho de 2021) de Gianni Vernetti da "Repubblica" com Dolkun Isa, 56, presidente do Mundial Congresso Uigur, a associação dos uigures que fugiram para o exterior, são acompanhados os momentos e os aspectos principais dessa enorme repressão.
Estes são os conteúdos salientes da entrevista:
- são cerca de 3 milhões de pessoas pertencentes a minorias étnico-religiosas (uigures em primeiro lugar) detidas em campos de concentração para serem “reeducadas”, segundo a cínica expressão do governo chinês;
- com a desculpa da luta contra o terrorismo, foram implementados encarceramentos em massa, o jejum do Ramadã foi proibido, ligações internacionais podem levar à prisão, novas tecnologias digitais são usadas (reconhecimento facial e de voz etc.) para uma repressão policial implacável;
- de 2017 a 2021, 8.000 mesquitas foram destruídas para erradicar a identidade religiosa e cultural de todo um povo;
- 80% do algodão chinês é produzido no Xinjiang (22% da produção mundial) graças ao trabalho forçado de 580 mil uigures;
- a Liga Árabe e muitos países muçulmanos nunca protestaram contra o genocídio uigur; aliás, a Arábia Saudita e o Paquistão defenderam a China, que negou o genocídio uigur ao Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas.
É necessária uma ampla e contínua mobilização internacional para denunciar esse crime perpetrado pela China contra o povo uigur.
As pressões dos Estados e da opinião pública internacional são sempre de enorme importância.
O silêncio é sempre uma legitimação e também uma autorização para intensificar as perseguições.
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268 campos de concentração: o genocídio chinês dos uigures, um dos piores crimes contra a humanidade - Instituto Humanitas Unisinos - IHU