26 Janeiro 2021
O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde - OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, alertou sobre o que descreveu como "egoísmo dos países ricos e das empresas farmacêuticas" quanto à distribuição de vacinas contra a Covid-19. Praticamente, reinventou a roda.
A reportagem é de Giorgio Trucchi, publicada por Rebelión, 25-01-2021. A tradução é do Cepat.
Por meio do portal Notícias News, Adhanom explicou que 49 países de renda média e alta já receberam cerca de 39 milhões de doses de vacinas, ao contrário de países de baixa renda que tiveram acesso a uma quantidade absolutamente ridícula.
Nesse sentido, o diretor da OMS lançou um alerta para a iniquidade que está ocorrendo, ao mesmo tempo em que está extremamente preocupado com os contratos bilaterais que estão sendo firmados entre as empresas farmacêuticas e as nações ricas, o que coloca em risco a iniciativa COVAX.
COVAX é um dos três pilares do Acelerador de Acesso às Ferramentas Covid-19, que foi lançado pela OMS com o apoio de diferentes organismos internacionais públicos e privados, com o objetivo de proporcionar acesso equitativo às vacinas, independentemente da riqueza de países e pessoas.
O objetivo inicial é ter 2 bilhões de doses disponíveis até o final de 2021, o que deve ser suficiente para proteger as pessoas vulneráveis e de alto risco, bem como os profissionais de saúde da linha de frente.
De acordo com a Anistia Internacional, Frontline AIDS e Global Justice Now, os países ricos estariam garantindo doses de vacina suficientes para abastecer três vezes a sua população.
Se não for descartada essa lógica nacionalista egoísta do "eu primeiro", os países pobres "só poderão vacinar uma em cada dez pessoas, durante 2021", advertem as organizações.
Uma preocupação compartilhada pelo Duke Global Health Innovation Center em seu mais recente estudo, no qual observa que a União Europeia e outros cinco países ricos, que representam cerca de 13% da população mundial, já reservaram 50% das vacinas que a serem produzidas neste ano. O Canadá lidera esse grupo de países com aproximadamente nove doses para cada habitante.
Desta forma, o mundo pode enfrentar uma situação em que a grande maioria das pessoas em países de baixa renda terá que esperar até 2023 ou 2024 para ser imunizada.
“O mundo está à beira de um fracasso moral catastrófico em relação à distribuição equitativa das vacinas contra a Covid-19. O preço desse fracasso será pago com vidas e meios de subsistência nos países mais pobres do mundo”, advertiu Adhanom.
Bem-vindo ao mundo real! Um mundo onde o modelo econômico excludente, privatizante, acumulador e predatório permite que 1,4 bilhão de pessoas em extrema pobreza e quase 900 milhões passem fome, não tenham acesso a água potável, saúde e educação (Oxfam Intermon e FAO).
Da mesma forma, estima-se que a crise derivada da pandemia de Covid-19 leve de 88 a 115 milhões de pessoas para a pobreza extrema.
Até o momento, foram relatados 96 milhões de casos de Covid-19 no mundo e mais de 2 milhões de mortos. Os Estados Unidos, Índia e Brasil são os países com o maior número de pessoas afetadas.
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OMS, bem-vinda ao mundo real - Instituto Humanitas Unisinos - IHU