23 Dezembro 2020
Em uma operação realizada por agentes da Polícia Federal (PF) nos últimos dias foram apreendidas 131 mil m3 de madeira nativa na divisa entre os estados do Pará e do Amazonas. Segundo dados preliminares, são aproximadamente 43.700 toras de madeira extraídas ilegalmente, todavia, acredita-se que o volume possa ser ainda maior porque os troncos estão espalhadas ao longo de clareiras nas margens dos rios Mamuru e Arapiuns, em uma região de 20 mil km2.
A reportagem é de Suzana Camargo, publicada por Conexão Planeta, 21-12-2020.
De acordo com a Polícia Federal, a apreensão é a maior já feita na história do Brasil. A última vez que o órgão se deparou com uma quantidade tão grande de toras de madeira foi em 2010, quando foram recolhidos 65 mil m3.
Imagem aérea de um dos pontos onde as toras foram descobertas. (Foto: Polícia Federal/Divulgação)
A descoberta da carga se deu depois que uma balsa com documentação irregular foi encontrada em novembro, navegando no rio Mamuru, na área do município de Parintins, no Amazonas. A partir daí, a Polícia Federal começou a investigar o movimento de madeireiros com a ajuda de imagens de satélite.
A operação da PF foi batizada de “Handroanthus”, o nome científico da madeira mais procurada atualmente pelo mercado internacional, o ipê.
Até o momento, nenhuma empresa se apresentou como proprietária da carga e dessa maneira, fornecer documentação que ateste sua extração legal.
A apreensão histórica feita no Pará acontece semanas após os brasileiros ficarem sabendo que, em agosto do ano passado, o governo retirou o ipê da lista internacional de espécies ameaçadas de extinção. A espécie é uma das mais visadas por madeireiros na Amazônia porque sua madeira é uma das mais cobiçadas no mercado internacional.
A retirada do ipê da referida lista foi pedida pelo Ministério de Relações Exteriores, que atendia a uma solicitação do presidente do Ibama, Eduardo Bim, com total apoio do Ministério do Meio Ambiente.
Imagem aérea de um dos pontos onde as toras foram descobertas. (Foto: Polícia Federal/Divulgação)
Em março, mostramos também que madeireiros agradeceram publicamente ao Ibama por reduzir a documentação necessária para a exportação de seus produtos. O instituto atendeu aos pedidos do setor e diminuiu a “burocracia” necessária para a exportação de madeira nativa no Brasil, como o ipê, a itaúba e a maçaranduba.
Não é surpresa então que com o afrouxamento da “burocracia” para a exportação da madeira brasileira, o comércio ilegal tenha visto mais uma oportunidade para colocar a floresta no chão e destruir ainda mais a Amazônia.
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Na maior apreensão da história do Brasil, Polícia Federal confisca quase 44 mil toras de madeira nativa extraída ilegalmente - Instituto Humanitas Unisinos - IHU