09 Dezembro 2020
“Rogar a São José” para obter a graça da conversão, e celebrá-lo como “padroeiro da Igreja universal” 150 anos depois da declaração deste título por Pio IX, é o principal motivo que levou o papa Francisco a publicar hoje, na data exata do 150º aniversário, uma carta apostólica intitulada “Patris corde” (coração de pai), inteiramente dedicada ao “pai adotivo” de Jesus.
A reportagem é publicada por Religión Digital, 08-12-2020. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
O pontífice publicou ainda um decreto que estabelece uma indulgência plenária especial para todos aqueles que celebram o aniversário “nas ocasiões e na forma” indicada pela Penitenciaria Apostólica.
O decreto sobre a indulgência explica que Pio IX conferiu a São José o título de “padroeiro da Igreja universal”, “movido pelas graves e lúgubres circunstâncias que a Igreja se vê acossada pela hostilidade dos homens”.
A carta de Francisco recorda o “papel central” de José “na história da salvação”, tanto é assim que “depois de Maria, Mãe de Deus, nenhum santo ocupa tanto espaço no Magistério papal como José, seu esposo”.
E enumera: “O beato Pio IX o declarou ‘Padroeiro da Igreja Católica’, o venerável Pio XII o apresentou como ‘padroeiro dos operários’ e João Paulo II, como o ‘Guardião do Redentor’. O povo invoca-o como ‘padroeiro da boa morte’”.
Uma das razões mais urgentes que motivaram o Santo Padre a publicar a Carta é que sua figura está “tão próxima da condição humana de cada um de nós”.
Aponta que nesta época de pandemia “nossas vidas estão tecidas e sustentadas por pessoas comuns – geralmente esquecidas – que não aparecem nas capas de jornais e revistas, médicos e médicas, enfermeiros e enfermeiras, trabalhadores e trabalhadoras de supermercados, faxineiros e faxineiras, cuidadores e cuidadoras, motoristas, policiais, voluntários, padres, religiosas, religiosos e muitos, mas muitos outros que entenderam que ninguém se salva sozinho”.
“Quantas pessoas exercem a paciência e infundem a esperança cada dia cuidando de não semear o pânico, mas sim a corresponsabilidade. Quantos pais, mães, avós, docentes mostram a nossos filhos, com pequenos gestos cotidianos, como afrontar e atravessar uma crise reajustando hábitos, olhando para cima e estimulando a oração. Quantas pessoas rezam, oferecem e intercedem pelo bem de todos”.
São José é o modelo por excelência deste serviço discreto: “Todos podem encontrar em São José – o homem que passa despercebido, o homem da presença cotidiana discreta e escondida – um intercessor, um amparo e uma guia nos momentos de dificuldade. São José lembra-nos que todos aqueles que estão, aparentemente, escondidos ou em segundo plano, têm um protagonismo sem paralelo na história da salvação”.
Na sequência, a Carta segue vários capítulos dedicados a diversos aspectos da figura do santo: “Pai amado”, “Pai na ternura”, “Pai na obediência”, “Pai no acolhimento”, “Pai com coragem criativa”, “Pai trabalhador”, “Pai na sombra”.
“O mundo precisa de pais, rejeita os dominadores, isto é, rejeita quem quer usar a posse do outro para preencher o seu próprio vazio; rejeita aqueles que confundem autoridade com autoritarismo, serviço com servilismo, confronto com opressão, caridade com assistencialismo, força com destruição”, afirma Francisco.
“Ser pai significa introduzir o filho na experiência da vida, na realidade. Não segurá-lo, nem prendê-lo, nem subjugá-lo, mas torná-lo capaz de opções, de liberdade, de partir. Talvez seja por isso que a tradição, referindo-se a José, ao lado do apelido de pai colocou também o de 'castíssimo'. Não se trata duma indicação meramente afetiva, mas é a síntese duma atitude que exprime o contrário da posse”.
Por fim, Francisco sugere que se dirija uma oração a São José:
Salve, guardião do Redentor
e esposo da Virgem Maria!
A vós, Deus confiou o seu Filho;
em vós, Maria depositou a sua confiança;
convosco, Cristo tornou-Se homem.
Ó Bem-aventurado José, mostrai-vos pai também para nós
e guiai-nos no caminho da vida.
Alcançai-nos graça, misericórdia e coragem,
e defendei-nos de todo o mal. Amém.
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Papa Francisco anuncia o “Ano de São José”, com indulgência plenária especial - Instituto Humanitas Unisinos - IHU