30 Julho 2020
"As atuais formas de transmissão da fé baseiam-se substancialmente em uma mentalidade pastoral que substancialmente não fez as contas com o deslocamento de sinal e de sentido da condição dos adultos e da categoria da idade adulta. Em uma palavra, com o eclipse do adulto", escreve Armando Matteo, teólogo, padre italiano e professor da Pontifícia Universidade Urbaniana, em artigo publicado por Settimana News, 27-07-2020. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Este que escreve alimenta há algum tempo a convicção de que a questão da transmissão da fé às novas gerações é a verdadeira questão a ser posta no centro do caminho da Igreja neste nosso tempo. O fosso que está se criando entre o universo católico e o mundo dos jovens é cada vez maior. Então, repensar a fundo as dinâmicas da transmissão da fé hoje representa uma urgência particularmente viva.
O autor deste artigo dedicou a essa questão a sua publicação mais recente, pela editora Àncora em março deste ano, intitulada “Pastorale 4.0. Eclissi dell’adulto e trasmissione della fede alle nuove generazioni” [Pastoral 4.0. Eclipse do adulto e transmissão da fé às novas gerações]. E é desse pequeno ensaio que ele agora pretende oferecer uma síntese, recorrendo a algumas páginas, não sem antes declarar toda a sua admiração pela lucidez com a qual o Papa Francisco, por ocasião das saudações natalícias do ano passado à Cúria Romana, esboçou o tempo que nos é dado a viver.
Eis as suas palavras:
“Aquela que estamos vivendo não é simplesmente uma época de mudanças, mas uma mudança de época. Encontramo-nos, portanto, em um daqueles momentos em que as mudanças não são mais lineares, mas epocais; constituem escolhas que transformam velozmente o modo de viver, de se relacionar, de comunicar e elaborar o pensamento, de se relacionar entre as gerações humanas e de compreender e de viver a fé e a ciência. Muitas vezes acontece de viver a mudança limitando-se a vestir uma veste novo e, depois, permanecer como se era antes. Lembro-me da expressão enigmática que se lê num famoso romance italiano: ‘Se queremos que tudo fique como está, é preciso que tudo mude’ (‘Il Gattopardo’, de Giuseppe Tomasi de Lampedusa). A atitude sadia é, antes, a de se deixar interrogar pelos desafios do tempo presente e de captá-los com as virtudes do discernimento, da parresia e da hypomoné”.
E eis que a primeira coisa a ser feita para se deixar interrogar pelos desafios do tempo presente é a de captar a mudança radical que afetou o modo de ser no mundo da população adulta. A referência específica aqui é aos adultos pertencentes à geração nascida após a Segunda Guerra Mundial e à geração posterior: substancialmente, àqueles que pertencem à geração Baby Boom (1946-1964) e à geração X (1964-1980).
Dentro de pouquíssimos anos, a condição adulta deixou de representar o tempo dos deveres familiares e sociais (acima de tudo, o de criar uma família e ter filhos), o tempo das dificuldades e das frustrações, entre o trabalho e o cuidado da prole, e ainda o tempo do inexorável encontro com a experiência do enfraquecimento das energias e, portanto, do envelhecimento e da morte, para ser o tempo em que a demanda humana de vida e de liberdade encontra o seu terreno mais fértil.
Esse é, em síntese, o efeito nos indivíduos pertencentes às gerações acima mencionadas dos desenvolvimentos da medicina e da pesquisa farmacêutica, da nova atenção à higiene e à saúde pessoal e coletiva, do aumento dos recursos alimentares e de dinheiro, da difusão das muitas descobertas tecnológicas dentro das paredes domésticas, dos espaços de trabalho e do amplo âmbito da esfera social, sem esquecer o efeito da derrubada de tantos preconceitos, a maior escolarização da população no seu conjunto e, finalmente, as imensas possibilidades abertas pela internet.
Tornar-se adulto não implica mais o acesso a uma espécie de túnel asfixiado, escuro e de mão única, no qual o maior número de passos que se dão corresponde a uma crescente redução das opções que continuam possíveis ao sujeito, até o único destino final do cemitério. Tornar-se adulto, hoje, significa ter acesso a uma espécie de pradaria de fronteiras difíceis de identificar, em que não parece haver mais quase nada de impedido, com a condição de ter dinheiro à disposição.
E, embora não faltem doenças que dão medo – como as neurodegenerativas –, a possibilidade de uma declaração antecipada de tratamento já tranquiliza bastante. Assim como a ideia de ter que morrer não se apresenta mais como a questão última e radical da existência, mas já é geralmente classificada e digerida como a última questão para a qual, em seu tempo, se encontrará uma solução fácil, como já dão a entender os modos atuais de narrar a morte alheia: “Ele apagou, desapareceu, foi embora, veio a faltar, adormeceu, não está mais, completou o último trânsito, foi para a casa do Pai” e outros.
Não só: agora, independentemente da idade em que se morre, atualmente sempre se morre “jovem”. E aqui temos acesso a outro elemento decisivo da nossa análise sobre o tema do eclipse do adulto.
Junto com a condição dos adultos presentes no mundo, muda o imaginário do ser adulto: ou seja, o significado e o valor próprios da categoria de “adulto”.
Assim, deixa-se de considerar o ingresso na condição adulta como o resultado normal do processo de humanização de cada “filhote” de ser humano, ou seja, como a assunção bem-sucedida daquele trecho de cuidado que define a nossa espécie, mas em que, em todo o caso, se realiza a plena humanidade de cada um (apenas o adulto tem o pleno título de “humano”), para considerar que apenas a juventude pode garantir essa promessa.
Esta última, no imaginário atual, consequentemente, não indica mais um tempo de breve passagem para explorar as concretas e poucas possibilidades à disposição do sujeito em crescimento antes do seu ingresso na porta estreita da idade adulta, mas se põe como sentido mesmo da existência humana. Entenda-se bem: do próprio sentido da existência humana hoje concretamente à disposição dos adultos das duas gerações acima mencionadas.
É assim que ocorre uma espécie de “revolução copernicana” das idades da vida: o “corpo celeste” em torno do qual, até 40 anos atrás, giravam todas as fases da existência humana era a idade adulta, da qual provinha o próprio sentido do estar no mundo dos homens e das mulheres e, em particular, da sua prole; aquele lugar central, luminoso e iluminador, dedicado à doação de sentido à existência dos terrestres, é hoje ocupado pela juventude. Pelo mito da juventude, que conquistou o coração dos adultos.
Mas o que (e como) tudo isso tem a ver com a transmissão da fé?
As atuais formas de transmissão da fé baseiam-se substancialmente em uma mentalidade pastoral que substancialmente não fez as contas com esse deslocamento de sinal e de sentido da condição dos adultos e da categoria da idade adulta. Em uma palavra, com o eclipse do adulto.
A ação concreta da vida das paróquias, em outras palavras, é ainda hoje sustentada por uma sensibilidade do humano que, em certa medida, ia bem quando os homens morriam na casa dos 50 anos, as mulheres eram todas “casa, igreja e cozinha”, os homossexuais eram marginalizados, senão até punidos por lei, a pobreza, a ignorância, a frustração geral estavam na ordem do dia de todas as famílias, e os conhecimentos médico-sanitários difundidos e implementados ainda não estavam tão distantes daqueles da Idade Média, apesar dos séculos transcorridos.
A mentalidade pastoral vigente e, consequentemente, as formas relativas da transmissão da fé encontram o seu fulcro no reconhecimento do destino oneroso ligado à vida adulta, um reconhecimento que tinha mais do que boas razões até alguns anos bastante recentes. Tornar-se adulto, de fato, implicava o cruzamento de uma porta que, como aquela de memória dantiana, parecia ter bem gravada sobre si mesma uma mensagem clara sobre a fadiga de viver que aguardava os recém-chegados: os novos adultos, justamente.
Daquele momento em diante, não havia mais muito o que escolher e o que desfrutar despreocupadamente. Não por acaso, era possível cantar, com Lourenço, o Magnífico, a veloz beleza do gozo juvenil, depois do qual tudo era cadenciado pela ordem dos deveres familiares, laborais e sociais.
Além disso, tal condição era acompanhada por uma aura muito positiva em relação ao fato de se tornar adulto: não havia nenhum elemento da sociedade que não empurrasse os recém-chegados ao mundo nessa direção. A plenitude do humano era vista precisamente no fato de crescer. Havia, portanto, uma convergência entre a condição de ser adulto e o valor intrínseco reconhecido a essa condição, embora, de fato, ela também fosse suficientemente cansativa.
E eis, então, a grande aposta dos agentes de pastoral que nos precederam: será que precisamente um destino tão oneroso da condição adulta não pode, por si só, abrir para uma possível apreciação das palavras e das promessas da religião cristã? Será que exatamente esta última não poderá e não deverá assumir a tarefa de dar alguma luz de esperança, de consolação e de verdade aos adultos?
A resposta positiva a essas interrogações é aquela que deu forma concretamente à mentalidade pastoral que herdamos e que ainda governa as economias do agir paroquial contemporâneo. A sua elaboração concreta é logo dita: ela passa pela fixação e pela ilustração do valor agregado que a religião cristã oferece à vida adulta exatamente no que diz respeito aos seus elementos de maior criticidade e, digamos também, de mais intenso sofrimento e frustração. É desnecessário dizer, neste ponto, que estamos falando de uma vida adulta que, nas latitudes ocidentais do planeta, já é apenas uma pálida recordação.
Para indicar mais concretamente a mentalidade pastoral vigente e a sua ideia de transmissão da fé, a imagem do funil vem agora em nosso auxílio: exatamente como esse instrumento de uso comum e de forma inconfundível serve para transferir qualquer líquido para uma garrafa, a tarefa específica da mentalidade pastoral vigente consiste em acompanhar e encaminhar os pequenos rumo ao gargalo representado pelo fato de se tornar adulto. Ela deriva do fato de que, em um passado ainda recente, era possível verificar, de modo suficientemente correto, a existência de um modelo de humano adulto forte dotado de autorregulação interna em sintonia com as reivindicações religiosas, precisamente graças ao “gargalo” das possibilidades de vida que envolvia. Em tal passado, além disso, era totalmente natural que a família, a sociedade e a cultura em geral direcionassem os pequenos a “crescer”.
Sob essa luz, em um nível mais ou menos cociente, guiados por essa pastoral do funil, diante dos pequenos, os agentes de pastoral assumem substancialmente a tarefa de acompanhá-los a se tornarem adultos, com a pressuposta esperança de que o seu caminho humano e cristão se cumprirão de modo quase automático por uma espécie de atrito interno, enquanto a comunidade cristã permanece à sua disposição, assim que crescerem, para a celebração do seu casamento, para a catequese e os sacramentos dos filhos e para fazer sentir a sua proximidade no caso de algum problema particularmente difícil da existência.
É essa visão de fundo que, depois, dá razão de algumas características salientes do catolicismo ocidental em geral. Acima de tudo, referimo-nos ao seu caráter, por assim dizer, bastante “sombrio”: se a vida adulta, à qual as crianças se dirigem, absolutamente não é uma brincadeira, compreende-se que a prática da fé não pode deixar de se revestir de uma realidade séria, rígida e melancólica; para dizer as coisas sinteticamente e com uma palavra do Papa Francisco, os fiéis não podem deixar de ter um rosto de Quaresma perene!
Em suma, na medida em que o que espera os pequenos não é nada mais do que uma existência composta totalmente de esforços e sacrifícios, a atmosfera eclesial também deve ofuscar essa triste verdade.
Uma segunda característica da pastoral do funil diz respeito à escassa carga de anúncio inscrita dentro do percurso de iniciação cristã e, portanto, dentro do caminho catequético. Dito o mais diretamente possível, não se trata senão de oferecer uma espécie de introdução mínima à visão cristã da existência, conectada com aquela demanda de sentido posta pelas condições da vida adulta do passado: demanda de sentido entrelaçada com o sentido de estar no mundo em uma situação decididamente fatigante, com a angústia da morte e, por fim, com um sentimento geral de frustração em relação aos próprios sonhos e às próprias capacidades.
Daí a terceira característica consistente da pastoral do funil: qualquer pessoa pode assumir o ministério do catequista. Não se requerem disposições de ânimo particulares, nem competências particulares. E a própria catequese reforça o modelo escolar progressivo de ano em ano, na ideia precisamente de que as crianças recebem dos contextos familiares, educacionais e sociais aos quais pertencem um lembrete constante para se tornarem adultos e um testemunho concreto do que significa viver no mundo como adultos cristãos.
Uma quarta característica da pastoral do funil diz respeito ao âmbito do compromisso mais diretamente dedicado ao mundo das novas gerações. Tal compromisso é normalmente confiado aos padres jovens, ou seja, àqueles que acabaram de sair do seminário. A ideia que guia essa pastoral juvenil é substancialmente a da criação de uma trama de amizade entre o jovem padre e os jovens, e entre os próprios jovens: uma amizade que permita a estes últimos amadurecer um afeto sincero e pleno pela vida eclesial.
Além disso, também nesse caso, pressupõe-se que não há necessidade alguma de um maior aprofundamento do conhecimento bíblico, nem de qualquer mistagogia específica para a experiência da oração ou a ritualidade litúrgica, nem, por fim, de qualquer indicação formativa sobre o objetivo específico da vida jovem, que é precisamente o de acessar a dimensão adulta da existência humana. A vida adulta que aguarda os jovens pensa em tudo isso.
Uma última característica bastante específica da pastoral do funil diz respeito à possibilidade de endossar a figura do “fiel não praticante”: ou seja, defende-se como totalmente aceitável a ideia de que o pertencimento nominal à comunidade de fé pode acontecer mesmo sem uma prática real de fé.
É desnecessário dizer que, exatamente aquela centralidade atribuída à experiência onerosa de ser adulto na apreciação da visão cristã da existência desempenha um forte papel aqui, mas tal modo de pensar não é desprovido de consequências em relação àquela que deveria ser a tarefa primária de toda comunidade de fiéis, isto é, a tarefa da evangelização: concretamente, a tarefa de fazer com que as pessoas se encontrem com o Evangelho de Jesus.
Nos últimos anos, além disso, assistiu-se à substituição da figura do “fiel não praticante” pela do “sujeito espiritual não religioso”, também aqui endossando uma ideia de espiritualidade no mínimo questionável de acordo com o perfil específico da religião cristã.
Ora, não é a intenção deste artigo abordar diretamente esse assunto. Aquilo que, na opinião deste que escreve, na verdade, deve ser mais evidenciado mais precisa e abrangentemente é que a característica mais problemática dessa pastoral do funil é a sua remoção certamente não desejada, mas mesmo assim quase evidente do Evangelho de Jesus e do Jesus do Evangelho, precisamente. Por meio dela, substancialmente, é possível se tornar cristão mesmo sem ter encontrado Jesus e o seu Evangelho. Basta se tornar adulto.
Obviamente, o leitor deverá perdoar a aspereza do conjunto destas observações, mas elas servem para iluminar uma paisagem e uma passagem histórica que é cada vez mais rica e nuançada do que a sua reconstrução. Além disso, o ponto verdadeiramente dirimente, neste nó da nossa reflexão, é o seguinte: verificado, então, o fenômeno epocal do eclipse do adulto, verdadeira alavanca da mentalidade pastoral do passado e ainda do presente, não é necessário “inventar” uma nova mentalidade pastoral? E não será necessário identificar novos horizontes em relação à questão da transmissão da fé?
No nosso livro “Pastorale 4.0”, afirmamos firmemente a necessidade de uma mudança de ritmo no agir eclesial concreto. Também nisso nos sentimos confortados pelo pensamento do Papa Francisco, que, no discurso já citado de dezembro passado, se referiu a outra intervenção específica dele sobre a necessidade de uma mudança da mentalidade pastoral.
Na audiência concedida aos participantes do Congresso Internacional da Pastoral das Grandes Cidades, que ocorreu em 27 de novembro de 2014, ele afirmou:
“Viemos de uma prática pastoral secular, na qual a Igreja era a única referência da cultura. É verdade, é a nossa herança. Como autêntica Mestre, ela sentiu a responsabilidade de delinear e de impor, não apenas as formas culturais, mas também os valores e, mais profundamente, de rastrear o imaginário pessoal e coletivo, isto é, as histórias, as pedras angulares às quais as pessoas se inclinam para encontrar os significados últimos e as respostas para as suas perguntas vitais. Mas não estamos mais nessa época. Ela passou. Não estamos mais na cristandade, não mais. Hoje, não somos mais os únicos que produzem cultura, nem os primeiros, nem os mais ouvidos. Precisamos, portanto, de uma mudança de mentalidade pastoral, mas não de uma ‘pastoral relativista’ – não, isso não – que, por querer estar presente na ‘cozinha cultural’, perde o horizonte evangélico, deixando o ser humano entregue a si mesmo e emancipado da mão de Deus. Não, isso não. Esse é o caminho relativista, o mais cômodo. Isso não poderia ser chamado de pastoral! Quem faz isso não tem um verdadeiro interesse pelo ser humano, mas o deixa à mercê de dois perigos igualmente graves: escondem-lhe Jesus e a verdade sobre o próprio ser humano. E esconder Jesus e a verdade sobre o ser humano são perigos graves! Caminho que leva o ser humano à solidão da morte (cf. Evangelii gaudium, 93-97)”.
Como tentar traduzir esse apelo apaixonado em um projeto pastoral? A proposta que fazemos é a de substituir a pastoral do funil por uma pastoral do cruzamento [pastorale dell’incrocio].
A pastoral do cruzamento se caracteriza essencialmente pela decisão de trazer novamente para o centro do ser e do agir eclesiais a criação e o cuidado das condições que permitam que qualquer pessoa se torne cristã. Nesse horizonte, os agentes de pastoral se esforçarão para que qualquer pessoa que apareça na soleira da comunidade cristã – os pequenos, acima de tudo – possa se cruzar com Jesus e com o seu Evangelho e experimentar uma forma de se apaixonar por Ele. Portanto, eles se colocarão à completa disposição para que tal cruzamento seja sempre possível. Estamos aqui para permitir que qualquer pessoa se cruze com Jesus, porque é assim que nos tornamos cristãos.
Mais francamente, será preciso reconhecer que talvez seja somente assim que, hoje, podemos esperar que as pessoas se tornem adultas. De fato, pelo fato de ser um lugar onde as pessoas se tornam cristãs, permitindo que cada um se cruze amorosamente com Jesus, a comunidade eclesial é chamada a se tornar, ao mesmo tempo, lugar generativo de jovens que assumem a forma adulta do humano; e de adultos que podem redescobrir novamente a beleza imperdível que está conectada com a dimensão adulta do humano, apressadamente demais jogada fora com a água suja das antigas condições de vida adulta para se dedicar ao nefasto culto da juventude.
De fato, Jesus certamente revela a plenitude do rosto do Deus invisível, mas também a plenitude do rosto do ser humano; e, na medida em que a vida adulta é o espaço de plena manifestação da verdade do humano, então se deve dizer que Jesus mostra a plenitude de ser adulto. Jesus conserva e comunica para sempre o segredo do sentido da aventura humana sobre a terra.
Portanto, ter a possibilidade concreta de se cruzar com ele abrirá os caminhos, para quem desejar, da possibilidade de se tornar cristão e de se tornar adulto: da dupla possibilidade de reconhecer e acolher a presença da bênção paterna de Deus sobre a própria existência (= tornar-se cristão) e de transformar essa mesma existência em uma oportunidade de bênção para quem quer que o destino coloque em seu caminho (= tornar-se adulto).
Para dar uma imagem resumida do que foi dito até aqui, digamos que o esforço que nos espera, na medida em que nos comprometemos seriamente a assumir os desafios deste tempo, com espírito de discernimento, de parresia e de hypomoné, como nos pede Papa Francisco, é o de transformar as nossas comunidades em lugares onde não só se celebra a fé, mas também onde somos gerados para a fé.
De fato, não estamos mais no tempo da cristandade, no tempo do adulto naturaliter christianus. Estamos em um tempo em que, com pouquíssimas exceções, os nossos pequenos podem encontrar a luz da Palavra e a beleza da oração somente onde outros cristãos se encontram, para celebrar e testemunhar o seu amor por Jesus.
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Por uma “pastoral do cruzamento”. Artigo de Armando Matteo - Instituto Humanitas Unisinos - IHU