30 Junho 2020
Os frutos do Sínodo para a Amazônia estão tomando forma aos poucos. Em 29 de junho, solenidade de São Pedro e São Paulo, “como gesto de sua vocação para afirmar a identidade da Igreja, e de sua opção profética e em saída missionária que surge como um chamado inevitável para o tempo presente”, a Conferência Eclesial da Amazônia viu a luz.
A reportagem é de Luis Miguel Modino.
Esse novo órgão eclesial responde, como afirma o comunicado oficial, assinado pelo dom Miguel Cabrejos, presidente do CELAM, e pelo cardeal Claudio Hummes, presidente da REPAM e da Conferência Eclesial da Amazônia, ao que foi proposto pelos padres sinodais no Documento Final do Sínodo, na tentativa de “que ajude a delinear o rosto amazônica desta Igreja e que continue a tarefa de encontrar novos caminhos para a missão evangelizadora”, (DF 115), que foi reforçada pelo papa Francisco em Querida Amazônia, “que os pastores, os consagrados, as consagradas e os fiéis leigos da Amazónia se empenhem na sua aplicação” (QA, 4).
Os passos finais foram dados em uma assembleia virtual realizada em 26 e 29 de junho, que é vista, segundo a declaração, como “uma novidade do Espírito, e faz parte deste kairós esperançoso que continua o caminho sinodal para abrir novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral na região Pan-Amazônica”.
Um elemento que deve ser destacado, ainda mais em vista da sinodalidade, uma maneira de ser Igreja que está sendo decisivamente promovida pelo papa Francisco, “que acompanhou de perto todo este processo”, é que é uma Conferência Eclesial e não episcopal, nome aprovado por unanimidade, bem como "identidade, composição e modo geral de funcionamento (estatuto)”, que “reflete a unidade na diversidade de nossa Igreja" e que tem a "inestimável presença e companhia permanente de importantes membros da Santa Sé que sentem a proximidade e relação direta com o Sínodo da Amazônia e com a missão da Igreja neste território”.
À frente da nova conferência estará o relator do Sínodo para a Amazônia, cardeal Hummes, que terá como vice-presidente um dos secretários do sínodo, dom David Martínez de Aguirre, OP, bispo de Puerto Maldonado (Peru), local que já se tornou um marco na história recente da Igreja da Amazônia. Junto com eles estará dom Eugenio Coter, bispo do Vicariato Apostólico de Pando (Bolívia), representando as Conferências Episcopais do território amazônico, juntamente com as presidências do CELAM, REPAM, CLAR e CÁRITAS AlyC. A maior novidade está na presença dos povos originários, incluindo duas mulheres, a sra. Patricia Gualinga, do povo Kichwa-Sarayakú (Equador); a irmã Laura Vicuña Pereira, do povo Kariri (Brasil); e o sr. Delio Siticonatzi, do povo Asháninka (Peru).
Não podemos esquecer os “tempos difíceis e excepcionais para a humanidade” que estamos vivendo, uma realidade que “afeta fortemente a região Pan-Amazônica”, com mais de 400.000 casos confirmados e mais de 13.000 mortes como resultado do coronavírus, algo que nas palavras comunicado torna mais visíveis "as realidades de violência, exclusão e morte contra o bioma e os povos que o habitam, clamam por uma conversão integral urgente e iminente". Nesse contexto, a Conferência Eclesial da Amazônia quer ser uma boa notícia e uma resposta oportuna aos gritos dos pobres e da irmã mãe Terra", resultado de uma aliança entre a Igreja Católica e os povos originários, que se fortaleceu decisivamente durante o processo sinodal.
Ao mesmo tempo, esta Conferência Eclesial da Amazônia quer ser “um canal eficaz para assumir, a partir do território, muitas das propostas surgidas” na Assembleia Sinodal e, juntamente com isso, “um vínculo que anime outras redes e iniciativas eclesiais e socioambientais ao nível continental e internacional”, como afirma o documento final do Sínodo.
A proposta dos Padres sinodais de “criar um organismo episcopal que promova a sinodalidade entre as Igrejas da região, que ajude a delinear o rosto amazônica desta Igreja e que continue a tarefa de encontrar novos caminhos para a missão evangelizadora” (DF, 115), e o pedido do papa Francisco, unido a seus quatro sonhos para este território e para toda a Igreja, em sua exortação pós-sinodal Querida Amazônia, “que os pastores, os consagrados, as consagradas e os fiéis leigos da Amazônia se empenhem na sua aplicação (QA, 4) encontrou uma resposta na Assembleia do Projeto de Constituição da Conferência Eclesial da Amazônia, realizada virtualmente nos dias 26 e 29 de junho de 2020”.
Esta Assembleia, realizada de forma sem precedentes através de canais digitais, foi uma novidade do Espírito, e faz parte deste kairós esperançoso que continua o caminho sinodal para abrir novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral na região Pan-Amazônica.
É um sinal muito especial que o nascimento desta Conferência Eclesial da Amazônia acontece na festa de São Pedro e São Paulo, como gesto de sua vocação para afirmar a identidade da Igreja, e de sua opção profética e em saída missionária que surge como um chamado inevitável para o tempo presente. Esta festividade de nossa Igreja é também um gesto de agradecimento pelo serviço do Santo Padre, por isso consideramos que o nascimento desta Conferência Eclesial como um signo de esperança juntamente com o Magistério do Papa Francisco, que acompanhou de perto todo este processo.
A composição desta Assembleia reflete a unidade na diversidade de nossa Igreja e seu chamado a uma sinodalidade cada vez maior; unidade expressada também pela inestimável presença e companhia permanente de importantes membros da Santa Sé que sentem a proximidade e relação direta com o Sínodo da Amazônia e com a missão da Igreja neste território, que sem dúvida continuará a partir de suas respectivas instâncias para auxiliar estes novos caminhos. A votação do nome, após um profundo discernimento nesta fase do processo: Conferência Eclesial da Amazônia, e da sua identidade, composição e modo geral de funcionamento (estatuto), foi aprovada por unanimidade, em ambos os casos, pelos membros votantes.
Da mesma forma, com muita esperança e alegria compartilhamos a eleição do card. Claudio Hummes, OFM (Brasil) como seu presidente; de mons. David Martínez de Aguirre, OP (Peru), como seu vice-presidente; e, por outro lado, para o Comitê Executivo foi eleito mons. Eugenio Coter (Bolívia), como bispo representante das Conferências Episcopais do território amazônico, junto com as presidências dos órgãos eclesiais regionais que acompanharão este processo de forma orgânica: CELAM, REPAM, CLAR e CÁRITAS ALyC; junto com os 3 representantes dos povos originais designados: sra. Patricia Gualinga do povo Kichwa-Sarayaku (Equador); ir. Laura Vicuña Pereira do povo Kariri (Brasil); e sr. Delio Siticonatzi do povo Asháninka (Peru).
Nestes tempos difíceis e excepcionais para a humanidade, quando a pandemia do coronavírus afeta fortemente a região Pan-Amazônica, e as realidades de violência, exclusão e morte contra o bioma e os povos que o habitam, clamam por uma conversão integral urgente e iminente, a Conferência Eclesial da Amazônia quer ser uma boa notícia e uma resposta oportuna aos gritos dos pobres e da irmã-mãe Terra, bem como um canal eficaz para assumir, a partir do território, muitas das propostas surgidas na Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a Região Pan-Amazônica, realizada em outubro de 2019, sendo também um vínculo que anime outras redes e iniciativas eclesiais e socioambientais em nível continental e internacional (cf. DF, 115).
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Nasce a Conferência Eclesial da Amazônia: “uma resposta oportuna aos gritos dos pobres e da irmã mãe Terra” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU