18 Novembro 2019
Nas proximidades de uma nova viagem papal ao Oriente na insígnia do diálogo inter-religioso e da paz, um agradecimento e a entrega como presente da escultura da oliveira concluíram no último sábado, no Vaticano, a audiência do papa Francisco com o imã sunita Ahmad al-Tayyeb, da Universidade de Al-Azhar, em seu quarto encontro com o sucessor de Pedro. "Esta é uma alegoria, a árvore da oliveira e a pomba são um símbolo da paz. A mensagem é: ‘Sejam mensageiros da paz’". "Precisamos trabalhar", acrescentou o Papa Francisco, mostrando a edição do Documento sobre a Fraternidade Humana assinado em Abu Dhabi e indicando a capa do texto que os retratava juntos.
A reportagem é de Stefania Falasca, publicada por Avvenire, 16-11-2019.
O diálogo inter-religioso e o impulso em prol paz em um mundo fragmentado pelo ódio e pelos extremismos religiosos foram os temas abordados nos quinze minutos de audiência a portas fechadas, relembrando a viagem papal aos Emirados. Durante as "conversas cordiais" relatadas pela Sala de Imprensa do Vaticano, também foi mencionado o "tema da proteção dos menores no mundo digital" e as iniciativas implementadas pelo Comitê Superior da Fraternidade Humana desde sua fundação em agosto. O Papa também recebeu o projeto de uma casa inter-religiosa em Abu Dhabi que abrigará uma mesquita, uma sinagoga e uma igreja dedicada a São Francisco de Assis.
Ontem foi o primeiro encontro entre Francisco e o líder sunita após a histórica viagem papal em fevereiro passado aos Emirados Árabes Unidos, selada pela assinatura em Abu Dhabi da "Declaração sobre a Fraternidade Humana em prol da paz mundial e a convivência comum", a declaração de intenções conjuntas concebida como um convite para todos os crentes colaborarem para uma cultura de respeito e paz.
Entre Ahmad al-Tayyeb, o imã de Al-Azhar, o respeitado centro teológico sunita do Cairo, e o Papa Francisco há muito tempo se estabeleceu uma relação pessoal amigável. Isso já havia sido visto com a visita de Al Tayeb ao Vaticano em 23 de maio de 2016, onde o imã havia ressaltado o grande significado daquele novo encontro após anos de crise, no quadro do diálogo entre a Igreja Católica e o Islã. Eles se centraram no tema do empenho comum das autoridades e dos fiéis das grandes religiões pela paz mundial, a rejeição da violência e do terrorismo, a situação dos cristãos no contexto de conflitos e tensões no Oriente Médio e sua proteção.
Novamente, eles se encontraram na visita do papa ao Cairo em 29 de abril de 2017, onde o Papa fez uma intervenção ao lado de al-Tayyeb na Conferência Internacional pela Paz, organizada pelo centro acadêmico sunita de Al-Azhar, que abordou o tema o papel dos líderes religiosos no combate ao terrorismo e para a obra de consolidação dos princípios de cidadania e integração, exigindo que uma urgência educacional seja considerada para a formação. A Declaração de Abu Dhabi sobre a Fraternidade Humana, assinada em conjunto pelo Papa Francisco e pelo grande imã, foi, portanto, o resultado do diálogo pessoal entre os dois líderes e certamente marcou uma importante tentativa de restabelecer caminhos de compartilhamento e proximidade entre os batizados e os membros da Umma de Maomé, na concretude dos contextos históricos, para o benefício de toda a família humana. Os dois co-signatários pareciam ter consciência disso, a julgar pela solicitude com que o bispo de Roma e o sheik Ahmed al-Tayyeb convidam a estudar o documento nas escolas, universidades e círculos políticos.
No voo de retorno de Abu Dhabi, o Papa Francisco, questionado sobre isso, respondeu: "O Documento foi preparado com muita reflexão e, inclusive, com oração. Tanto o grande imã quanto sua equipe, como eu com a minha, oramos muito para ter sucesso na elaboração desse Documento. Porque para mim existe apenas um grande perigo agora: a destruição, a guerra, o ódio entre nós. E se nós, crentes, não conseguirmos estender nossas mãos, nos abraçar, nos beijar e até rezar, nossa fé será derrotada. Esse Documento nasce da fé em Deus, que é o Pai de todos e Pai da paz e condena toda destruição, todo terrorismo".
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O Papa encontra-se com o grande imã. Em Abu Dhabi, a casa do diálogo - Instituto Humanitas Unisinos - IHU