22 Mai 2019
"As centenas de milhares de trabalhadoras e trabalhadores, de educadores e educandos que tomaram as ruas das mais de 200 cidades pelo país no dia 15 de maio demonstraram para o bloco que está no poder que há um processo de transformação em curso, e que o castelo que hoje separa o povo de uma educação capaz de promover a inclusão está por ruir", escreve Douglas Filgueras, integrante da equipe de educadores da Associação do Voluntariado e da Solidariedade.
Antes é preciso compreender as estruturas pela qual a sociedade se organiza e se sustenta. Quais são seus princípios políticos, filosóficos e ideológicos? E sobretudo, quem sustenta a educação no Brasil?
O Brasil perde o título de governo progressista e passa para o chamado Neoconservadorismo, que tem como tarefa clara atuar no campo nacional e internacional para defender os interesses Norte-Americanos, sobretudo para contribuir com sua reorganização financeira e recuperação econômica, fato evidenciado com a catastrófica política externa que a equipe econômica do Governo Bolsonaro vem adotando com os países Árabes, com a China e Venezuela.
O espelho do novo quadro político econômico reflete diretamente na educação e suas contrarreformas pretendidas pelo atual governo. Não vou me deter em comentar sobre os muitos episódios desastrosos já acumulados neste início de mandato, e sim o que está por trás dos ataques à educação de forma estrutural e das perseguições à produção livre e democrática do conhecimento científico no campo popular.
Há um curso natural em que a consciência coletiva se organiza a partir dos problemas comuns das pessoas. Nesse sentido, percebemos que as falsas respostas para os reais problemas do povo são as mais atrativas, pois exigem um menor esforço de reflexão do problema central, o que nos coloca em uma era da Educação para o trabalho sem direitos.
A partir deste ponto de vista compreendemos o peso dos termos “empreendedorismo” e “economia criativa” em nossa história presente, e como ao longo dos anos foi sendo germinada, contribuindo para uma consciência individualista. Não é por acaso que Institutos de Educação sem fins lucrativos têm influenciado diretamente na construção da Base Nacional Comum Curricular – BNCC, definindo os rumos da Política Educacional não só na elaboração como na execução de planos de educação em todas as esferas públicas. Um plano muito bem arquitetado por parte de quem financia o estado e seus institutos; uma adequação do sistema educacional orientada para o dilaceramento dos direitos sociais trabalhistas.
Não é por obra do acaso a ideologização do debate sobre o modelo de educação no governo Bolsonaro, que traz como pano de fundo o germe de sua política, que atua na organização do estado conforme os interesses financeiros do capital especulativo. O que justifica o congelamento de investimentos na educação, os cortes de verbas para Universidades Públicas, impossibilitando a produção científica que tenha como ponto de partida a produção social democrática e emancipatória.
O governo Bolsonaro a serviço da burguesia admite apenas uma formação de nível médio em escala geral como forma de organizar as forças produtivas, e manter apática qualquer possibilidade de insurgência da classe trabalhadora.
As centenas de milhares de trabalhadoras e trabalhadores, de educadores e educandos que tomaram as ruas das mais de 200 cidades pelo país no dia 15 de maio demonstraram para o bloco que está no poder que há um processo de transformação em curso, e que o castelo que hoje separa o povo de uma educação capaz de promover a inclusão está por ruir.
Paulo Freire (1921-1997) nos traz uma nova lente para ver o mundo através das palavras, desafia-nos a escrever nossa própria narrativa a partir de nossa história e nos ensina que não há uma saída isolada para a crise que vivemos.
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Por que a família Bolsonaro ataca a educação? - Instituto Humanitas Unisinos - IHU