19 Dezembro 2018
Uma canção de Natal - provavelmente a mais famosa - está comemorando 200 anos. Na véspera do Natal de 1818, na Igreja de São Nicolau em Oberndorf, próximo a Salzburgo, "Stille Nacht" (Silent Night, em inglês; Noite Feliz, na versão em português) foi cantada pela primeira vez.
A reportagem é de Edward W. Schmidt, S.J., publicada por America, 06-12-2018. A tradução é de Victor D. Thiesen.
Manuscrito mais antigo de “Silent Night”, escrito pelo Rev. Joseph Mohr. (Foto: Salzburg Museum)
A letra de "Silent Night" foi escrita pelo Rev. Joseph Mohr, um jovem sacerdote em Oberndorf. Ele a escreveu em 1816 como uma reflexão sobre a paz após um verão de violência em Salzburgo. Na véspera de Natal, dois anos depois, ele pediu a seu amigo Franz Xaver Gruber, um professor na cidade vizinha de Arnsdorf e também organista em Oberndorf, para criar uma melodia para o texto. Os dois realizaram “Silent Night” na missa de véspera de Natal. Mohr cantou e Gruber tocou violão, pois o órgão da Igreja não estava funcionando. "Silent Night" foi uma sensação imediata.
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A história da origem do canto ficou esquecida por algumas décadas, mesmo com corais tiroleses o tocando por toda Europa. Em Berlim, as pessoas tentaram rastrear sua origem. Em 1854, a Royal Hofkapelle (Orquestra da Corte) em Berlim entrou em contato com a Arquiabadia de São Pedro em Salzburgo para tentar descobrir quem era o compositor da canção. Pensava-se que o compositor poderia ter sido Johann Michael Haydn (1737-1806), irmão mais novo de Joseph Haydn. Nesta época, Felix Gruber, filho de Franz Xaver Gruber, fazia parte do coral da Arquiabadia de São Pedro. Ele direcionou a consulta da Royal Hofkapelle ao seu pai. Franz Xaver Gruber, ao se dar conta da importância da música, escreveu uma declaração sobre ela, a qual chamou de "Authentic Origination of the Composition of the Christmas Carol ‘Silent Night'" (Origem Autêntica da Composição do Canto de Natal ‘Silent Night’, em tradução livre), e a enviou a Berlim. O Museu Stille Nacht em Hallein, perto de Salzburgo, casa onde Franz Xaver Gruber viveu por 28 anos, mantém dois rascunhos desta carta, documentando assim a criação do hino.
O canto já foi traduzido para cerca de 300 línguas. A primeira tradução para o inglês apareceu na cidade de Nova York em 1851.
Em 29 de setembro de 2018, algumas exposições em Salzburgo e oito cidades vizinhas comemoraram seu bicentenário. A exposição no Museu de Salzburgo reúne documentos e artefatos relacionados à canção, como cópias da carta de Gruber e as primeiras partituras.
A primeira sala do museu, a Sala de Natal, mostra como o advento e o Natal foram comemorados na região. Na sala seguinte se encontram caixas de música, vinis e a versão da canção por Bing Crosby, bem como as versões de Mahalia Jackson e da Trapp Family Singers. Um guia no museu explica que a gravação de Bing Crosby havia sido a canção mais vendida de todos os tempos, desde sua apresentação em 1948 até 1997, quando o tributo “Candle in the Wind” de Elton John à Princesa Diana o superou.
Outra sala mostra a história da canção em filmes; entre eles estão "das Unsterbliche Lied" de 1934; “The Legend of Silent Night” de 1968; "Merry Christmas" de 2005; e "Stille Nacht" de 2012 (A Canção Imortal; A Lenda da Noite Silenciosa; Feliz Natal; Noite Silenciosa, em tradução livre).
A canção foi usada para animar os soldados reunidos para a trégua de Natal na Primeira Guerra Mundial, em 1914. Em 1941, Franklin D. Roosevelt e Winston Churchill foram até a varanda da Casa Branca e se juntaram à multidão cantando o hino.
A exposição de Salzburgo também mostra como a canção foi usada para fins comerciais e de propaganda. Uma distorção horripilante mudou as palavras para dizer que nesta "Stille Nacht, Heilige Nacht, Alles ruht, Einer wacht ... Adolph Hitler führt uns zu Größe, zu Ruhm und zum Glück... " ("Noite Silenciosa, Noite Santa, Tudo está Calmo, Alguém se Acorda ... Adolf Hitler nos conduz à grandeza, ao Reconhecimento e à Fortuna...", em tradução livre). As homenagens também incluem um engradado de cervejas com cada um dos seis versos da canção em uma garrafa.
A última sala da exposição é um lugar de silêncio com uma placa dizendo "Laut Sein ist cool! Ainda Sein Auch" (‘É bacana fazer barulho. Mas também ficar em silêncio’, em tradução livre). Esta bela canção de Natal traz serenidade com a sua calma melodia e meigas palavras, "Durma na paz celestial!".
Outras referências
Silent Night: A Companion to the Song, por Thomas Hochradner e Michael Neureiter (eds.) (Salzburg: Verlag Anton Pustet, 2018).
“All Is Calm: The Christmas Truce of 1914” por Peter Rothstein, é um musical à capela sobre o momento em que soldados inimigos saíram das trincheiras e se abraçaram para celebrarem juntos o Natal, uma trégua dos horrores da guerra.
Confira a canção executada pelo St. Thomas Boys Choir
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'Noite Feliz' completa 200 anos. Seria a melhor canção de Natal de todos os tempos? - Instituto Humanitas Unisinos - IHU