Argentina. Novo arcebispo de Mendoza. Um bispo alinhado com Francisco

Foto: Radio Maria

Mais Lidos

  • "A ideologia da vergonha e o clero do Brasil": uma conversa com William Castilho Pereira

    LER MAIS
  • O “non expedit” de Francisco: a prisão do “mito” e a vingança da história. Artigo de Thiago Gama

    LER MAIS
  • A luta por território, principal bandeira dos povos indígenas na COP30, é a estratégia mais eficaz para a mitigação da crise ambiental, afirma o entrevistado

    COP30. Dois projetos em disputa: o da floresta que sustenta ou do capital que devora. Entrevista especial com Milton Felipe Pinheiro

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

25 Mai 2018

Vinculado à linha pastoral de compromisso com as questões sociais impulsionadas por Bergoglio, Marcelo Colombo era até agora bispo de La Rioja. Ele externou sua preocupação com o impacto do ajuste e do tarifaço entre os mais pobres.

A reportagem é de Washington Uranga, publicada por Página/12, 23-05-2018. A tradução é de André Langer.

Marcelo Colombo, até agora bispo de La Rioja e segundo vice-presidente da Conferência Episcopal da Argentina, foi nomeado pelo Papa Francisco para o cargo de arcebispo da diocese de Mendoza, uma das mais importantes sedes episcopais da Igreja Católica na Argentina. O anúncio oficial foi feito na terça-feira simultaneamente em Roma e em Buenos Aires. Por sua trajetória e pelos posicionamentos que assumiu nos últimos anos, o bispo Colombo é um homem claramente alinhado com a linha pastoral de compromisso com as questões sociais que Jorge Bergoglio vem impulsionando a partir do Vaticano.

Sobre a realidade nacional, Colombo disse que os bispos “estão muito preocupados com as políticas de Estado que afetam o orçamento dos idosos, dos aposentados, as aposentadorias, porque isso coloca em risco sua saúde, porque impossibilita a compra de remédios, dificulta chegar ao final do mês e também pagar as contas”. E acrescentou que “o Governo deve cuidar dos setores mais desfavorecidos”.

Falando sobre a situação da que até agora foi sua diocese, La Rioja e, particularmente, a capital da Província, Colombo afirmou que “a situação é dramática porque há uma explosão urbana que quase dobrou a cidade”. E comentou que “aqui na capital temos o padre David Escalzo, na igreja do Espírito Santo, no Bairro Ferroviário, que distribui 1.200 refeições por semana a famílias previamente escolhidas para essa finalidade”. Colombo acrescentou que também está “muito preocupado” com o interior de La Rioja, porque “a crise está começando a dar sinais de agravamento; há lugares onde as pessoas não têm o que comer na janta, tomam um 'yerbiado' e isso é grave porque impacta diretamente na saúde”.

Para Colombo, “com a isenção fiscal concedida a empresas de mineração e ao agronegócio sobre a venda da soja, foram beneficiados alguns setores que estavam em melhores condições para enfrentar um ajuste e não os aposentados ou os trabalhadores”. De acordo com o bispo, esse fato “é dramático” e ressaltou que “devemos cuidar da vida em um sentido mais amplo”. Também defendeu que “devemos distribuir mais os impostos” porque “há preocupação e percebe-se que os ajustes começaram pelos setores mais vulneráveis”.

Colombo (57 anos e nascido em Buenos Aires) tomará posse da Arquidiocese de Mendoza, cargo vago desde o dia 8 de dezembro passado com o falecimento de seu titular, o arcebispo Carlos María Franzini. O novo arcebispo de Mendoza, sacerdote desde 1988 e bispo desde 2008 (primeiro em Orã e depois em La Rioja, desde 2013) tem entre seus antecedentes o fato de ter sido colaborador direto do bispo Jorge Novak quando este era bispo da diocese de Quilmes, sendo desde aquela época um dos poucos prelados católicos firmemente comprometidos com a defesa dos direitos humanos durante a ditadura militar e depois na democracia.

Colombo graduou-se em Direito na Universidade de Buenos Aires e depois obteve o doutorado em Direito Canônico. Em seu destino riojano, Colombo ocupou-se pessoalmente em alavancar o processo e, em diálogo direto com o Papa, dar passos importantes para obter a canonização (reconhecimento como santo) do bispo Enrique Angelelli, assassinado pela ditadura militar em 4 de agosto de 1976. Em relação ao progresso desta causa, espera-se que novos desdobramentos ocorram no decorrer deste ano.

Sobre as chamadas “marchas pela vida”, Colombo disse que “não marchamos apenas pela vida quando nos expressamos contra o aborto, mas também quando pedimos por empregos, pela situação dos pobres, pelos mais vulneráveis” e recordou que “o Papa Francisco nos adverte sobre a cultura do descarte, particularmente dos extremos, das crianças e dos idosos”. Ele também reiterou a disposição da Igreja para acompanhar pessoas que sofrem situações difíceis em consequência da realidade econômica.

Leia mais