15 Março 2018
O físico Stephen Hawking, que disse que não acreditava em Deus, ainda era um estimado membro da Pontifícia Academia de Ciências e promoveu um diálogo frutífero entre ciência e fé.
A academia, criada pelo Papa Pio IX em 1847, tuitou: "Estamos profundamente tristes pelo falecimento de nosso notável acadêmico Stephen #Hawking, que era tão fiel à nossa Academia".
"Ele disse aos 4 papas que conheceu que queria avançar na relação entre Fé e Razão Científica. Oramos para que o Senhor o receba em sua Glória", tuitou @CasinaPioIV, a academia, no dia 14 de março.
A reportagem é de Carol Glatz, publicada por Catholic News Service, 14-03-2018. A tradução é de Luísa Flores Somavilla.
O observatório do Vaticano, @SpecolaVaticana, também expressou suas condolências à família de Hawking.
"Valorizamos sua enorme contribuição científica para a cosmologia quântica e a coragem que teve de enfrentar a doença", tuitou o observatório, em italiano.
O físico, cosmólogo e conhecido autor britânico faleceu no dia 14 de março, aos 76 anos.
O cardeal de Westminster Vincent Nichols tuitou: "Agradecemos a Stephen Hawking por sua excepcional contribuição para a ciência. Como membro da Pontifícia Academia das Ciências, sentiremos sua falta por lá".
O arcebispo anglicano de Canterbury Justin Welby tuitou: "A contribuição do Professor Stephen Hawking para a ciência foi tão ilimitada como o universo ao qual ele dedicou a vida para compreender. Ele viveu com bravura e paixão. Descanse em paz, enquanto rezamos por todos aqueles que choram por sua perda.
Paulo VI nomeou Hawking membro da academia papal em 1976. Seus membros são escolhidos com base em suas habilitações acadêmicas e especialização profissional — não por convicções religiosas.
Hawking com Paulo VI | Foto: La Stampa
Paulo VI, o primeiro dos quatro papas a conhecer Hawking, concedeu ao cientista, na época com 33 anos, a prestigiada medalha de ouro Pio XI em 1975, após uma votação unânime da academia em reconhecimento a sua grande obra, promessa excepcional e "importante contribuição de sua pesquisa para o progresso científico". Fotos dos arquivos da academia mostram o Papa ajoelhando-se perante Hawking, que estava sentado em uma cadeira de rodas motorizada, para apresentá-lo à medalha e tocar em sua cabeça.
Hawking recentemente conheceu o Papa Francisco durante sua apresentação sobre "A origem do Universo", na sessão plenária da academia sobre ciência e sustentabilidade, em 2016.
Em entrevistas e em seus escritos, Hawking afirmou que Deus não tinha qualquer papel na criação do universo.
Mas seu ateísmo declarado não o impediu de se envolver no diálogo e no debate com a igreja, como demonstraram seu trabalho e sua contribuição à academia papal.
Ele também debateu no programa da CNN "Larry King Live", em 2010, com o padre jesuíta Robert Spitzer — filósofo e educador — sobre os fundamentos científicos do começo do universo e os argumentos teológicos para a existência de Deus.
O astrônomo do Vaticano, irmão jesuíta Guy Consolmagno, que estudou tanto física como filosofia, disse ao Catholic News Service em 2010 que "também não acredita no 'Deus' no qual Stephen Hawking não acredita".
"Deus não é apenas outra força no universo, como a gravidade ou a eletricidade", acrescentou. "Deus é a razão pela qual a própria existência existe. Deus é a razão por que espaço, tempo e as leis da natureza podem estar presentes para que as forças exerçam o que Stephen Hawking fala”.
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Líderes da Igreja homenageiam Hawking por sua contribuição para a ciência e o diálogo - Instituto Humanitas Unisinos - IHU