18 Setembro 2017
Se Pequim conseguir o que quer, o futuro da inteligência artificial vai acontecer na China. O país apresentou um plano de desenvolvimento para se tornar o líder mundial em inteligência artificial (AI, na sigla em inglês) até 2030, com o objetivo de superar seus rivais tecnologicamente e construir uma indústria doméstica no valor de quase US$ 150 bilhões.
A reportagem é de Paul Mozur, publicada por The New York Times e reproduzida por O Estado de S. Paulo, 17-09-2017.
Lançada pelo Conselho de Estado, a política é uma carta de intenções dos altos escalões do governo chinês: a segunda maior economia do mundo investirá pesado para garantir que suas empresas, governos e militares dominem a tecnologia que muitos pensam que um dia será a base da computação.
O plano inclui uma iniciativa de investimento nacional de vários bilhões de dólares para apoiar projetos ambiciosos, startups e pesquisas acadêmicas, de acordo com dois professores que ajudaram o governo a criar a política.
Enquanto isso, os Estados Unidos cortaram financiamentos científicos. Nas propostas orçamentárias, a administração Trump sugeriu cortar recursos para várias agências que tradicionalmente apoiaram a pesquisa em AI. Outros cortes em áreas como computação de alto desempenho, podem afetar o desenvolvimento de ferramentas que contribuem com a inteligência artificial.
A China, especialmente em tecnologias avançadas, por muito tempo ficou atrás de seus vizinhos mais desenvolvidos e também da Europa e dos EUA. Agora, o país colhe os frutos de várias décadas de política industrial.
No entanto, foi uma façanha estrangeira que propiciou um dos maiores impulsos para o novo plano de AI. Em 2016, a derrota de Lee Se-dol, mestre sul-coreano do jogo de tabuleiro Go, para o AlphaGo, programa de AI desenvolvido pelo Google, teve um impacto profundo sobre os políticos chineses. Em maio, o Google levou o AlphaGo para a China, onde o programa derrotou o melhor jogador do mundo, o chinês Ke Jie. A cobertura ao vivo foi bloqueada no último minuto em todo o país.
Foi uma espécie de “momento Sputnik” para a China, disseram os professores. E o episódio abriu caminho para um novo afluxo de financiamento para a pesquisa na área. Entre as prioridades estão aplicações na agricultura, medicina, indústria e segurança nacional.
Em junho, o governo de Tianjin, cidade a leste de Pequim, revelou que planeja montar um fundo de US$ 5 bilhões para incentivar a indústria de AI. A cidade também criou uma “zona da indústria de inteligência”, que irá ocupar quase 20 quilômetros quadrados.
Além disso, é provável que a iniciativa envolva as empresas privadas chinesas. O gigante Baidu, maior buscador de internet do país, que administra um centro de pesquisa em AI perto do Vale do Silício, anunciou este ano que abrirá um novo laboratório focado na tecnologia.Os dois líderes do novo laboratório do Baidu trabalharam em programas militares do governo chinês.
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A grande aposta que a China fez na inteligência artificial - Instituto Humanitas Unisinos - IHU