04 Outubro 2016
Na Lista da Fauna Brasileira de Espécies Ameaçadas de Extinção (Portaria MMA 44417/2014), o boto-cinza sente, a cada dia, o cerco se fechando. Os cerca de 800 exemplares que ainda existem na Baía de Sepetiba (RJ) – local que concentra a maior população de botos-cinza do mundo – estão encurralados de um lado pelo desenvolvimento portuário, industrial e urbano e do outro pela pesca predatória que avança e acaba com os peixes dos quais eles se alimentam.
A reportagem foi publicada por EcoDebate, 03-10-2016.
Como não têm o hábito de migrar, os animais dependem, exclusivamente, do equilíbrio do local onde vivem, e um dos grandes riscos para a sobrevivência do golfinho é a poluição. Com a chegada de grandes indústrias na região portuária da baía – cerca de 450 , os botos sofrem com as concentrações de metais pesados, que afetam seus sistemas imunológicos e hormonais, deixando os animais mais suscetíveis a doenças de pele, ossos.
O rápido crescimento da região também fez com que os botos-cinza e os pescadores artesanais tivessem que disputar espaços de pesca. A baía, que tem 536 Km², abriga três terminais portuários e um estaleiro da Marinha. Os empreendimentos têm direito às chamadas áreas de exclusão, locais onde a atividade pesqueira é proibida. Com isso, os pescadores artesanais são empurrados para a área que os botos-cinza costumam habitar. Em alguns casos, o boto fica preso nas redes de emalhe e não consegue subir à superfície para respirar, quando não se machuca em equipamentos, como anzóis.
Como se não bastassem esses problemas, o boto também disputa comida com os grandes barcos ilegais que cometem pesca predatória na região. Os grandes pesqueiros buscam peixes da cadeia alimentar do boto-cinza, que acabam morrendo por desnutrição. A pesca ilegal também não respeita o período de defeso (quando a pesca é proibida) dos peixes consumidos pelo golfinho.
Infográfico da camapanha #SalveoBoto (Imagem: salveoboto.mpf.mp.br)
De 18 setembro a 8 de outubro, o MPF promove a campanha #SalveoBoto, nas redes sociais do órgão, com vídeos, posts e matérias sobre o tema. Realizada em parceria com a Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) e o Instituto Boto Cinza, a campanha estimula o uso da hashtag #SalveoBoto com objetivo de mobilizar internautas e organizações a derem visibilidade ao risco de extinção do boto-cinza.
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Campanha #SalveOBoto: Vítima da ação humana, boto-cinza pode desaparecer em 10 anos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU