16 Fevereiro 2016
Em seu primeiro dia de viagem pelo México, o Papa Francisco finalmente fez o que disse desejar há anos: ver e venerar a famosa imagem de Nossa Senhora de Guadalupe.
Em seu terceiro evento público durante a visita de seis dias ao país, o pontífice celebrou uma missa na Basílica que abriga o manto com a imagem em um ambiente de alegria e celebração.
A reportagem é de Joshua J. McElwee, publicada por National Catholic Reporter, 13-02-2016. A tradução é de Isaque Gomes Correa.
Milhares se reuniram dentro do local para a missa, enquanto dezenas de milhares se colocaram do lado de fora, gritando e acenando para Francisco quando ele passava em seu papamóvel.
A multidão se alinhou nas ruas num trajeto de 15 quilômetros, da nunciatura apostólica até a Basílica.
Por muitas vezes em seu papado Francisco mencionou o desejo de ver a imagem, até mesmo dizendo que não poderia planejar uma ida ao México que não incluísse uma parada neste local.
Em seu discurso ao presidente mexicano Enrique Peña Nieto durante um encontro formal no sábado pela manhã, o pontífice disse que havia vindo ao México como um “missionário de misericórdia e de paz, mas também como um filho que quer prestar homenagem à sua mãe, a Virgem de Guadalupe, e deixar-se olhar por Ela”.
Em sua homilia, o pontífice falou que, assim como Maria e sua imagem apareceram a um indígena mexicano séculos atrás, ela “acompanhou e acompanha a gestação desta abençoada terra mexicana”.
A imagem de Guadalupe mostra Maria em um manto azul decorado com estrelas e cercada de uma luz amarela brilhante. Diz-se que ela apareceu a um homem chamado Juan Diego no ano de 1531.
Juan Diego afirmava que Maria havia lhe aparecido por quatro vezes, pedindo que construísse uma igreja sobre a colina onde hoje a Basílica se localiza.
O bispo da época não concordou com a construção da igreja, então Maria e Juan Diego colheram flores e as guardaram dentro de seu manto para, depois, dá-las ao bispo. Quando o indígena entregou as flores ao bispo, uma misteriosa imagem de Nossa Senhora apresentou-se estampada dentro do manto de Juan Diego.
“Naquele amanhecer, Juan experimenta na sua vida o que é a esperança, o que é a misericórdia de Deus. Ele é escolhido para vigiar, cuidar, proteger e incentivar a construção deste Santuário”, disse Francisco em sua homilia.
“Mais do que uma vez, disse à Virgem que ele não era a pessoa certa; antes, se Ela queria levar por diante aquela obra, deveria escolher outros, porque ele não tinha instrução, não era formado, nem pertencia ao grupo daqueles que poderiam realizá-la”, continuou o papa.
“Maria, decididamente – com a decisão que nasce do coração misericordioso do Pai –, não aceita e lhe diz: ele seria o seu mensageiro”.
Francisco contou que esta história tem uma mensagem simples para que todas a ouçam.
“Todos somos necessários, sobretudo aqueles que normalmente não contam porque não estão à ‘altura das circunstâncias’ ou não ‘contribuem com o capital necessário’ para a sua construção”, completou.
“N‘Ela e com Ela, Deus faz-Se irmão e companheiro de estrada, carrega conosco as cruzes para não deixar as nossas dores esmagar-nos”, disse o papa.
Maria quer que a representemos na Terra por meio do cuidado aos outros, concluiu o pontífice.
“Sê o meu mensageiro – diz-nos – dando de comer aos famintos, de beber aos sedentos; oferece um lugar aos necessitados, veste os nus e visita os doentes”, disse Francisco. “Socorre os prisioneiros, perdoa a quem te fez mal, consola quem está triste, tem paciência com os outros e sobretudo implora e invoca o nosso Deus”.
Após concluir a sua homilia, o pontífice ficou por cerca de quatro minutos rezando, a certa distância, em frente da imagem que ele tanto ansiava ver. Na sequência da missa, ele foi conduzido para uma sala particular diretamente em frente à imagem, onde permaneceu em oração por mais de 25 minutos.
Enquanto o papa rezava depois da missa, os bispos que participaram da celebração se colocaram detrás dele assistindo-o. As pessoas do lado de dentro de fora da basílica mantiveram-se em silêncio em respeito ao momento.
Francisco estará visitando o México até quarta-feira. Ele dará continuidade à sua visita na segunda-feira viajando por cerca de 30 quilômetros ao norte da Cidade do México, até o pequeno município de Ecatepec, onde irá celebrar uma missa pública antes de voltar para a capital para uma ida ao hospital pediátrico local.
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Diante da imagem de Nossa Senhora de Guadalupe, Francisco pede por uma Igreja cuidadosa - Instituto Humanitas Unisinos - IHU