21 Agosto 2020
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Mateus capítulo 16,13-20, que corresponde ao 21° Domingo do ciclo A do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Não é fácil tentar responder com sinceridade à pergunta de Jesus: «Quem dizeis que eu sou?». Na realidade, quem é Jesus para nós? Sua pessoa chega-nos através de vinte séculos de imagens, fórmulas, devoções, experiências, interpretações culturais... que vão revelando e velando, ao mesmo tempo, a sua riqueza insondável.
Mas, além disso, cada um de nós vai revestindo Jesus com o que somos nós mesmos. E projetamos nele nossos desejos, aspirações, interesses e limitações. E quase sem nos darmos conta, o diminuímos e desfiguramos, mesmo quando o tentamos exaltar.
Mas Jesus continua vivo. Nós, cristãos, não conseguimos dissecá-Lo com a nossa mediocridade. Não permite que o disfarcemos. Não se deixa etiquetar nem se reduzir a uns ritos, umas fórmulas ou uns costumes.
Jesus sempre desconcerta a quem se aproxima dele com uma postura aberta e sincera. É sempre diferente do que esperávamos. Sempre abre novas brechas na nossa vida, quebra os nossos padrões e nos atrai para uma nova vida. Quanto mais se o conhece, mais se sabe que ainda se está começando a descobrir.
Jesus é perigoso. Percebemos nele uma entrega aos homens, que desmascara o nosso egoísmo. Uma paixão pela justiça que sacode as nossas seguranças, privilégios e egoísmo. Uma ternura que deixa ao descoberto a nossa mesquinhez. Uma liberdade que rasga nossos milhares de escravidões e servidões.
E, sobretudo, intuímos Nele um mistério de abertura e proximidade a Deus que nos atrai e nos convida a abrir a nossa existência ao Pai. Vamos conhecendo Jesus na medida em que nos entregarmos a Ele. Só há um caminho para aprofundar seu mistério: segui-Lo.
Seguir humildemente seus passos, abrir-nos com Ele ao Pai, reproduzir seus gestos de amor e ternura, ver a vida com seus olhos, partilhar seu destino doloroso, esperar sua ressurreição. E, sem dúvida, orar muitas vezes do fundo dos nossos corações: «Creio, Senhor, ajuda a minha incredulidade».
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