21 Junho 2019
Certo dia, Jesus estava rezando num lugar retirado, e os discípulos estavam com ele.
Então Jesus perguntou: «Quem dizem as multidões que eu sou?».
Eles responderam: «Alguns dizem que tu és João Batista; outros, que és Elias; mas outros acham que tu és algum dos antigos profetas que ressuscitou».
Jesus perguntou: «E vocês, quem dizem que eu sou?»
Pedro respondeu: «O Messias de Deus». Então Jesus proibiu severamente que eles contassem isso a alguém. E acrescentou: «O Filho do Homem deve sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos chefes dos sacerdotes e doutores da Lei, deve ser morto, e ressuscitar no terceiro dia».
Depois Jesus disse a todos: «Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome cada dia a sua cruz, e me siga. Pois, quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; mas, quem perde a sua vida por causa de mim, esse a salvará».
Leitura do Evangelho de Evangelho de Lucas 9, 18-24. (Correspondente ao 12º Domingo do tempo Comum, ciclo C do Ano Litúrgico).
O Comentário é de Ana Maria Casarotti, Missionária de Cristo Ressuscitado.
Como já mencionamos em outras oportunidades, é típico do evangelho de Lucas apresentar Jesus em oração.
Sim, o evangelista gosta de mostrar à sua comunidade a vida orante de Jesus de Nazaré, sua intimidade com o Pai, que busca espaços concretos de encontro com Ele.
É o caso da perícope de hoje: “Certo dia, Jesus estava rezando num lugar retirado”, e por mais que a oração seja uma experiência pessoal, o evangelho nos mostra sua dimensão comunitária: “os discípulos estavam com ele”.
Foi nesse estar com Jesus, olhar como ele rezava, se relacionava com o Pai, que os discípulos sentiram o desejo de participar de sua oração, de rezar com e como Ele: “Senhor ensina-nos a rezar” (Lc 11, 1b).
Pode ser essa nossa petição enquanto refletimos este evangelho: “Senhor ensina-nos a rezar?”, e porque não ser esta oração o “mantra”, a nossa “música de fundo” ao longo de toda esta semana?
Olhando para Jesus e seus discípulos/as, descobrimos que o jeito que ele teve para despertar neles/as a vontade de rezar, foi ele mesmo fazer a experiência da oração, ele mesmo rezar!
Destacamos aqui a força do testemunho. Hoje em dia as pessoas, os/as jovens vão querer rezar ao Deus de Jesus, se conhecerem cristãos/ãs que gostem de rezar. As crianças vão querer conhecer e “falar” com “Papai do céu” se encontrarem em sua família, pais, irmãos/ãs que vivem com naturalidade a relação com Deus.
A oração é uma experiência de comunhão, de relação com Deus, a quem Jesus chama de Pai. Por isso, quando os/as discípulos/as pedem que Ele lhes ensine a rezar, sua resposta é apresentar-lhes ao Pai e seu projeto de vida.
Foi o que depois a comunidade cristã traduziu na oração do Pai-Nosso. Mas é importante entender que ela não é uma “fórmula” de oração, mas a expressão que condensa um estilo de vida marcada pela relação com Deus Pai e seus filhos e filhas. É a oração do Reino de Deus.
Quando rezamos, o que fazemos? Relacionamos-nos com o Outro, ou repetimos frases de cor?
Continuando com o texto de hoje, o evangelista nos surpreende com a pergunta de Jesus: “Quem dizem as multidões que eu sou?”. Mas, podemos nos perguntar: que tem isso a ver com o momento de oração que foi apresentado antes na perícope?
Tem tudo a ver! A oração como relação com Jesus, com Deus, é um instante de diálogo, no qual Jesus se dá a conhecer, fala-nos ao coração, e como amigo se apresenta dia a dia.
A oração assim entendida não é só um momento do dia, estende-se a todo o dia, a oração é o coração da amizade com Jesus que cresce e se desenvolve no seguimento.
Por isso, a resposta que Pedro dá é, sem dúvida, fruto de todo um tempo de convivência com Jesus, e nesse estar com ele (isso é a oração) descobriu, por obra do Espírito quem ele era: “O Messias de Deus”.
As palavras que Lucas coloca nos lábios de Jesus são um chamado de atenção à comunidade para não parar na sua caminhada atrás dos passos do Mestre.
Outra ideia forte no evangelho de Lucas é a do caminho e, sobretudo, o caminho a Jerusalém. A vida de Jesus está marcada por essa caminhada ou subida a Jerusalém, que ele faz decididamente (cfr. Lc 9, 51).
O Messias, o Ungido de Deus que Lucas nos apresenta, aquele que vem libertar o povo da escravidão (Lc 4, 18-21) é aquele que passa pela cruz e vive a ressurreição. Ou seja, caminho da libertação é criado, gerado na cruz e ressurreição de Jesus de Nazaré.
Se esse é o caminho do Mestre, não é diferente para sua comunidade que quer também ela servir o Reino de Deus, ser instrumento de libertação e vida eterna para os diferentes povos da terra. As palavras de Jesus no final deste texto são bem claras a respeito: “Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome cada dia a sua cruz, e me siga”.
Mas é importante entender que o seguimento de Jesus não é um exercício de força de vontade, de ascese, como muitas vezes foi entendido. Ela está presente nessa caminhada, mas só porque antes se conheceu a força do amor, a importância e riqueza da amizade com Jesus.
E porque se quer seguir a esse Amigo e continuar seu projeto de vida, seus seguidores/as são capazes de renunciar até mesmo à sua própria vida, para que outros/as a tenham em abundância.
Diferente de Marcos, Lucas acrescenta que a cruz tem que ser abraçada cada dia, isto é, o evangelista não está falando da última cruz da vida, e sim daquela que se vive diariamente, realizada, desde as pequenas coisas, em uma vida de solidariedade, doação de si, amor ao próximo...
O amor a Jesus leva a quem queira segui-Lo, aprender a viver não para si próprio senão para os demais. É um estilo de vida diferente marcado pelo serviço, pelo amor até o extremo.
É uma proposta que vai em contracorrente com a mentalidade individualista e narcisista de nossa época, mas, sem dúvida, responde perfeitamente ao ideal de felicidade e realização que todo ser humano deseja alcançar. Vale a pena colaborar com essa utopia!
Vem, Espírito
Vem,
ou melhor, vamos:
Faze que nós vamos
aonde Tu nos levas.
Tu nunca Te ausentas,
ar que respiramos,
vento que acompanhas,
clima que aconchegas.
Vem, Para levar-nos
por esse Caminho,
o Caminho vivo,
que conduz ao Reino.
Vem,
para arrancar-nos,
numa ventania
de verdade e graça,
de tantas raízes
de mentira e medo
que nos escravizam.
Vem, feito uma brisa,
para amaciar-nos,
feito um fogo lento,
um beijo gostoso,
a paz da justiça,
o dom da ternura,
a entrega sem cálculos,
o amor sem cobrança,
a Vida da vida.
Vem,
pomba fecunda,
sobre o mundo estéril
E suscita nele
a antiga esperança,
a grande utopia
da Terra sem males,
a antiga,
a nova,
a eterna Utopia!
Vem,
vamos,
Espírito!
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A oração de Jesus - Instituto Humanitas Unisinos - IHU