29 Março 2018
No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao túmulo de Jesus bem de madrugada, quando ainda estava escuro. Ela viu que a pedra tinha sido retirada do túmulo. Então saiu correndo e foi encontrar Simão Pedro e o outro discípulo que Jesus amava. E disse para eles: «Tiraram do túmulo o Senhor, e não sabemos onde o colocaram.»
Então Pedro e o outro discípulo saíram e foram ao túmulo. Os dois corriam juntos. Mas o outro discípulo correu mais depressa do que Pedro, e chegou primeiro ao túmulo. Inclinando-se, viu os panos de linho no chão, mas não entrou. Então Pedro, que vinha correndo atrás, chegou também e entrou no túmulo. Viu os panos de linho estendidos no chão e o sudário que tinha sido usado para cobrir a cabeça de Jesus. Mas o sudário não estava com os panos de linho no chão; estava enrolado num lugar à parte.
Então o outro discípulo, que tinha chegado primeiro ao túmulo, entrou também. Ele viu e acreditou. De fato, eles ainda não tinham compreendido a Escritura que diz: «Ele deve ressuscitar dos mortos.»
Leitura do Evangelho de João 20,1-9. (Correspondente ao Domingo da Páscoa, do Ano Litúrgico, ciclo B).
O comentário é de Ana Maria Casarotti, Missionária de Cristo Ressuscitado.
Hoje é um dia fundamental para todas e todos os cristãos. Lemos textos da Palavra refletindo essa certeza do cristianismo do primeiro século, que acredita que Jesus Ressuscitou. Como estas pessoas simples tiveram fé no Ressuscitado? Que acontece para que tantos seres humanos aceitem que alguém que foi morto agora está vivo e que é possível ter uma relação pessoal com ele de tal forma que transforme sua vida?
Apesar dos séculos transcorridos, das perseguições, das tentativas de dizimar ou destruir uma fé, nada conseguiu apagá-la. Pelo contrário.
Hoje se celebra a Ressurreição de Jesus. Lemos um texto evangélico que narra as atitudes de Maria Madalena, Pedro e João quando vão ao túmulo de Jesus.
“No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao túmulo de Jesus bem de madrugada, quando ainda estava escuro”.
Por um lado, sinala-se o primeiro dia da semana; pode-se pensar no começo de uma realidade, mas que ainda não está totalmente acabada. O primeiro dia da semana convida-nos a pensar numa nova criação, mas onde ainda há luz e trevas. O texto revela o início de uma nova situação que não está totalmente acabada.
Com grande simplicidade se descrevem alguns dos seguidores de Jesus e suas reações diante daquilo que está acontecendo.
Maria Madalena vai ao túmulo e “viu que a pedra tinha sido retirada”. Sua resposta diante desta situação é sair “correndo e foi encontrar Simão Pedro e o outro discípulo que Jesus amava”.
Ela vai ao encontro de sua comunidade. Podemos imaginar os sentimentos de uma mulher que tanto recebeu do seu Mestre, e sua atitude expressa os sentimentos de uma comunidade que está desorientada, triste, que não sabe o que fazer diante da morte de seu Mestre. A comunidade que ainda está nas trevas percebe um novo amanhecer, mas que ainda não está totalmente consumado.
Sua atitude reflete uma comunidade corajosa que não abandona totalmente sua fé no Mestre, que acredita nele, mas precisa ser reconfortada. A comunidade está reunida porque deseja e espera que a morte não seja a última palavra de Jesus. Mas há dúvidas e questionamentos no seu interior. Jesus ressuscitou realmente ou estamos tentando reviver um morto?
Ela sente-se na responsabilidade de procurar os seguidores de Jesus durante sua vida. Deve comunicar aquilo que ela viu e que considera que aconteceu: “Disse para eles: ‘Tiraram do túmulo o Senhor, e não sabemos onde o colocaram’”. Ela supõe que o corpo já não está mais no túmulo e ainda imagina que fora colocado num lugar desconhecido.
Como consequência de suas palavras e angústia, “Pedro e o outro discípulo saíram e foram ao túmulo”. A narrativa descreve as diferentes atitudes dos dois discípulos: Pedro “Viu os panos de linho estendidos no chão e o sudário que tinha sido usado para cobrir a cabeça de Jesus. Mas o sudário não estava com os panos de linho no chão; estava enrolado num lugar à parte”. Oferece-se uma constatação daquilo que está diante de seus olhos, que seu olhar percebe, mas o corpo de Jesus não está aí.
João entra, e no texto é dito simplesmente que viu e acreditou.
Diante do túmulo vazio aparecem várias interpretações. O verbo “ver” nesta perícope é citado quatro vezes. Diferentes tipos de “ver” que refletem a realidade da comunidade do primeiro século diante da ressurreição de Jesus. Uma comunidade que ainda deve passar da dor, da angústia, da culpa de não ter defendido o Mestre, ou seja, das trevas que a rodeiam, a uma visão limpa e clara como a luz de um novo dia.
Maria Madalena e Pedro percebem que há sinais da ressurreição que Jesus lhes tinha falado e anunciado, mas ainda não podem acreditar completamente nela. Não conseguem compreender o Mistério que há nela.
O Discípulo Amado viu e acreditou. Não precisa de confirmações externas. Ele representa a comunidade que não precisa mais confirmações que a certeza interior nas palavras de Jesus Ressuscitado. Seus olhos veem com os olhos da fé. É um ver pessoal que compreende que Jesus está presente no meio deles: Jesus está vivo! Verdadeiramente ressuscitou! A Morte não foi a última palavra, pelo contrário, a morte foi vencida pela Vida de uma nova criação: a Ressurreição.
Como e onde percebemos a ressurreição de Jesus? Somos comunicadores, com nossa fragilidade e pequenez, com nossa vida e palavra, que a vida, o amor vencem a morte?
A fé no Ressuscitado nos impulsiona a ir ao encontro dos crucificados de hoje, nos colocar a seu lado, para partilhar com eles este sorriso, a certeza alegre de que Deus está vivo no meio de nós, ressuscitando, libertando da morte e fazendo uma nova criação.
Reconhecemos reconhecer a ação de Deus ressuscitando seu povo? Onde? Nossa vida comunica essa esperança que brota da fé no Ressuscitado?
Desdobra-se no céu
a rutilante aurora.
Alegre, exulta o mundo;
gemendo, o inferno chora.
Pois eis que o Rei, descido
à região da morte,
àqueles que o esperavam
conduz à nova sorte.
Por sob a pedra posto,
por guardas vigiado,
sepulta a própria morte
Jesus ressuscitado.
Da região da morte
cesse o clamor ingente:
'Ressuscitou!' exclama
o Anjo refulgente.
Jesus, perene Páscoa,
a todos alegrai-nos.
Nascidos para a vida,
da morte libertai-nos.
Louvor ao que da morte
ressuscitado vem,
ao Pai e ao Paráclito
eternamente. Amém.
Liturgia das Horas Domingo da Páscoa
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Ele viu e acreditou - Instituto Humanitas Unisinos - IHU