02 Junho 2017
Era o primeiro dia da semana.
Ao anoitecer desse dia, estando fechadas as portas do lugar onde se achavam os discípulos por medo das autoridades dos judeus, Jesus entrou.Ficou no meio deles e disse: «A paz esteja com vocês».
Dizendo isso, mostrou-lhes as mãos e o lado. Então os discípulos ficaram contentes por ver o Senhor.Jesus disse de novo para eles: «A paz esteja com vocês. Assim como o Pai me enviou, eu também envio vocês».
Tendo falado isso, Jesus soprou sobre eles, dizendo: «Recebam o Espírito Santo. Os pecados daqueles que vocês perdoarem, serão perdoados. Os pecados daqueles que vocês não perdoarem, não serão perdoados».
Leitura do Evangelho de João 20,19-23 (Corresponde ao Domingo de Pentecostes,ciclo C do Ano Litúrgico).
O comentário é de Ana Maria Casarotti, Missionária de Cristo Ressuscitado.
O Pentecostes é a Festa do Espírito Santo, a festa da Igreja. Depois de celebrar a Ascensão do Senhor, a Igreja reúne-se neste domingo para fazer memória deste acontecimento.
No Antigo Testamento, Pentecostes era uma festa agrícola: cinquenta dias depois de recolher os primeiros frutos da colheita, ofereciam-se a Deus as primícias do trabalho.
O nome hebraico da festa, “Pentecostes”, deriva do quinquagésimo dia da festa das Semanas. Conhecida também como “Festa das Colheitas” ou “Festa das Primícias”. Para agradecer a Deus pelas primeiras colheitas, levavam os primeiros frutos amadurecidos ao Templo como oferenda a Deus.
Para os judeus, nesta festa celebrava-se a Aliança de Deus com Moisés no monte Sinai, cinquenta dias depois da saída do Egito, do êxodo libertador.
Hoje é celebrada como shavu’ot, que refere-se aos cinquenta dias que, segundo a tradição, depois de celebrar o Pêssach – a passagem da escravidão para a libertação do Egito – celebra-se a entrega da Torá para o povo no Monte Sinai.
Os cristãos celebram, neste dia, o dom do Espírito entregue ao novo povo da nova Aliança que é a Igreja. O Espírito é recebido pela comunidade reunida. Não é uma experiência pessoal como pode ser no Batismo. Os textos que são lidos neste dia apresentam a vinda do Espírito Santo como uma experiência de toda a comunidade.
Nos discursos de despedida do Evangelho de João, Jesus nos apresenta a pessoa do Espírito como nosso advogado (14,16), que é nosso Consolo e protetor nas dificuldades da vida.
Jesus entra “ao anoitecer desse dia”, que pode-se pensar no dia da Ressurreição, “estando fechadas as portas do lugar onde se achavam os discípulos por medo das autoridades dos judeus”.
Jesus ressuscitou, mas não é fácil para os cristãos reconhecer sua contínua presença no meio deles. Pode-se pensar nas dificuldades das comunidades do primeiro século, perseguidas, muitos cristãos que sofrem o martírio, essa morte cruel gerada pelo sistema imperial, as dificuldades para reunir-se comunitariamente e partilhar sua fé.
A vida da Igreja primitiva move-se entre a luz e a obscuridade, entre o impulso missioneiro e o medo das autoridades, judias e
romanas.
O Espírito da verdade (14,17), nosso mestre, nos ensinará todas as coisas, e nos fará lembrar tudo o que Jesus nos disse (14,26), nos encaminhará para toda a verdade (16,13) e nos manifestará a glória de Jesus (16,14). É Ele, o Espírito Santo, que nos levará à verdade completa! (cfr. Jo 16,12-15).
O Filho estende aos seus discípulos e discípulas a mesma missão que recebeu do Pai, comunicando-lhes o mesmo Espírito que o move e anima.
Lucas, nos Atos dos Apóstolos, apresenta a Vinda do Espírito como uma presença que gera unidade entre os discípulos de Jesus. Uma unidade na diversidade porque “cada um o escuta falar na sua própria língua”, mas pode entender a mensagem que é comunicada.
Ao contrário do acontecido em Babel, que os povos são dispersos, suas línguas confundidas “para que um não entenda a língua do outro” (Cfr. Gn 11), Lucas mostra-nos que todos os que estavam reunidos “ficaram repletos do Espírito Santo, e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito lhes concedia que falassem”. Como consequência, os que se reúnem ficam confusos, “pois cada um ouvia, na sua própria língua, os discípulos falarem” (Cfr. Lucas 2).
Animado e impulsionado pelo Espírito, o Novo Povo de Deus, a Igreja, os cristãos, somos convidados a levar a Boa Notícia sem distinção de culturas, realidades sociais, impedimentos.
“Em meio a essa grande diversidade, o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (CONIC) é uma pequena fraternidade de Igrejas. Estas se reúnem para apoiar-se umas às outras na missão e no serviço à humanidade, assim como para estimular o respeito e o diálogo dos cristãos com as outras tradições religiosas presentes e atuantes no território nacional” (Texto completo disponível em: Unidade nas diferenças. Marcelo Barros).
Francisco insiste em ir às fronteiras, aos mais pobres e carentes, seja qual for sua origem. Convida-nos a ser sensíveis com aqueles e aquelas que morrem por causa de sua fé, como ouvimos e lemos continuamente que acontece em alguns países da África ou da Ásia.
Numa Entrevista com Arturo Sosa, novo Geral dos Jesuítas, ele disse que: “As periferias, os pobres são o ponto de vista a partir do qual podemos entender melhor a realidade, como Jesus a entendeu, Ele que se fez pobre entre os pobres. Ele também nos disse para “ir aonde outros não querem ir”. (Publicada na revista Jesus, de janeiro de 2017. “Periferia e fronteiras, intuição mais forte da teologia da libertação”.)
Onde descobrimos a presença do Espírito em nossa vida e nos deixamos conduzir por ele?
A crença no Espírito da Vida dá motivos para a esperança.
Nesta Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, peçamos a Jesus que nos conceda como Ele ser sensíveis à presença e ação do Espírito em nossas vidas, nas pessoas que nos rodeiam, comunidades, para colaborar com sua obra de salvação.
Vinde, Espírito Santo,
enchei os corações dos vossos fiéis
e acendei neles o fogo do vosso amor.
Deus de toda bondade,
nós te agradecemos por reconciliar
o mundo inteiro contigo em Cristo.
Reforça os ministérios de reconciliação em todos nós,
nas nossas comunidades e nas nossas Igrejas.
Cura nossos corações e ajuda-nos a espalhar tua paz.
“Onde houver ódio, deixa-nos semear o amor;
onde houver injúria, o perdão;
onde houver dúvida, a fé;
onde houver desespero, esperança;
onde houver escuridão, luz;
onde houver tristeza, alegria”.
Assim te pedimos em nome de Cristo Jesus,
pelo poder do Espírito Santo. Amém.
Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos
Reconciliação. É o amor de Cristo que nos impele
(cf. 2 Coríntios5,14-20)
Sequência do Pentecostes
Vinde, ó santo Espírito, vinde, Amor ardente,acendei na terra vossa luz fulgente.
Vinde, Pai dos pobres: na dor e aflições, vinde encher de gozo nossos corações.
Benfeitor supremo em todo o momento, habitando em nós sois o nosso alento.
Descanso na luta e na paz encanto, no calor sois brisa, conforto no pranto.
Luz de santidade, que no Céu ardeis, abrasai as almas dos vossos fiéis.
Sem a vossa força e favor clemente, nada há no homem que seja inocente.
Lavai nossas manchas, a aridez regai, sarai os enfermos e a todos salvai.
Abrandai durezas para os caminhantes, animai os tristes, guiai os errantes.
Vossos sete dons concedei à alma do que em Vós confia:
Virtude na vida, amparo na morte, no Céu alegria.
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Espírito: Unidade na diversidade - Instituto Humanitas Unisinos - IHU