Por: Ana Maria Casarotti | 23 Dezembro 2016
Naqueles dias, o imperador Augusto publicou um decreto, ordenando o recenseamento em todo o império. Esse primeiro recenseamento foi feito quando Quirino era governador da Síria. Todos iam registrar-se, cada um na sua cidade natal. José era da família e descendência de Davi. Subiu da cidade de Nazaré, na Galileia, até a cidade de Davi, chamada Belém, na Judeia, para registrar-se com Maria, sua esposa, que estava grávida. Enquanto estavam em Belém, se completaram os dias para o parto, e Maria deu à luz o seu filho primogênito. Ela o enfaixou, e o colocou na manjedoura, pois não havia lugar para eles dentro da casa.
Naquela região havia pastores, que passavam a noite nos campos, tomando conta do rebanho. Um anjo do Senhor apareceu aos pastores; a glória do Senhor os envolveu em luz, e eles ficaram com muito medo. Mas o anjo disse aos pastores: “Não tenham medo!”. Eu anuncio para vocês a Boa Notícia, que será uma grande alegria para todo o povo: hoje, na cidade de Davi, nasceu para vocês um Salvador, que é o Messias, o Senhor. “Isto lhes servirá de sinal: vocês encontrarão um recém-nascido, envolto em faixas e deitado na manjedoura.” De repente, juntou-se ao anjo uma grande multidão de anjos. Cantavam louvores a Deus, dizendo: “Glória a Deus no mais alto dos céus, e paz na terra aos homens por ele amados.”
Leitura do Evangelho de Lucas 2, 1-14 (Corresponde à Festa do Natal, ciclo A do Ano Litúrgico).
O comentário é de Ana Maria Casarotti.
Nestas últimas quatro semanas, a Liturgia nos convidou a preparar-nos para esta grande festa que celebramos hoje: o Nascimento do Salvador, o Messias, o Senhor.
Tempo de Advento, de espera no Senhor que Vem morar conosco. Para isso percorremos diferentes situações que nos impedem de acolher o Senhor que chega para ficar conosco. Textos do Antigo e do Novo Testamento refletiam essas possibilidades e acrescentaram a espera gozosa na Vinda do Senhor.
Assim, convidou-se a ter uma esperança firme e confiada no Senhor, viver com os olhos e ouvidos atentos, escutando os gemidos de tantas pessoas que vivem em situação de marginalização, rejeitadas pela sociedade.
Um chamado à conversão, a aguçar nossos sentidos para não sermos surdos às vozes que gritam continuamente ao nosso redor! Impelidos a atuar e não deixar que a desconfiança e as dúvidas sobre o Messias habitem em nós, gerando desesperança e desânimo.
Ele é Boa Nova desejada por tantas pessoas e povoações inteiras ao longo de séculos, mas para reconhecê-lo é preciso se preparar.
Hoje celebramos este grande e inesgotável mistério de Deus da “Palavra que se fez homem e habitou entre nós”.
E "deu o poder de se tornarem filhos de Deus a todos aqueles que a receberam”.
No texto que lemos, vemos que nesse período o imperador César Augusto realiza um recenseamento, possivelmente para saber quantas pessoas pertenciam ao seu Império.
Assim como “todos iam registrar-se, cada um na sua cidade natal”, José e Maria tiveram que ir “até a cidade de Davi, chamada Belém, na Judeia”, pois “José era da família e descendência de Davi”.
Devem fazer essa caminhada e sair de onde eles estavam, apesar da gravidez de Maria. As condições na viagem não são cômodas, como deve ter acontecido a muitas pessoas pobres.
Lamentavelmente, não é somente uma realidade própria daquela época. Pensemos nessa situação que hoje vemos refletida em tantas realidades brasileiras que obrigam as pessoas a sair de sua cidade à procura de trabalho, do pão para suas famílias.
Aquelas que moram em lugares, por exemplo no nordeste brasileiro, onde a falta de abastecimento de água e o consumo de “outras águas” gera problemas de saúde.
Como mostrou um estudo do Banco Mundial, que “aponta que a variabilidade das chuvas e a intensidade das secas no Nordeste continuarão aumentando até 2050, com graves efeitos para a população, caso os governos locais não invistam em infraestrutura e gestão hídrica.”
Também a situação dos Sem Terra, grande movimento que continuamente tem que desafiar situações de risco e assassinato pelos que têm o poder.
Incidentes gerados pela despreocupação e indiferença dos poderosos diante dos que moram em condições infra-humanas. Obrigados a sair à procura de uma alternativa, arriscando a sua vida e a vida de seus filhos/as no desejo de uma tentativa diferente, como acontece periodicamente com os imigrantes e refugiados.
O Evangelho de hoje relata que, estando em Belém, chegou a hora de Maria dar à luz, e o único espaço que encontraram foi numa manjedoura, “pois não havia lugar para eles dentro da casa”.
Como disse o Papa em referência ao presépio montado na Praça São Pedro: “Na dolorosa experiência destes irmãos e irmãs - os migrantes -, voltamos a ver aquela do Menino Jesus, que, no momento de seu nascimento, não encontrou abrigo e nasceu na gruta de Belém, sendo depois levado ao Egito para fugir da ameaça de Herodes”. (Texto completo: Francisco: no presépio, a imagem dos migrantes)
Cuidemos com ternura e carinho deste menino frágil. Nele estão espelhadas numerosas vidas que caminham ao nosso lado e nos convidam ir ao seu encontro! Assim como os pastores, contemos o sinal do recém-nascido que nos foi anunciado!
“Deixemo-nos atrair com alma de crianças ao presépio, porque ali se compreende a bondade de Deus e se contempla a sua misericórdia, que se fez carne humana para comover o nosso olhar”, como disse o Papa Francisco.
Unidos na oração, cantemos e louvemos a Deus, dizendo: “Glória a Deus no mais alto dos céus, e paz na terra aos homens por ele amados.”
Um Menino é a resposta de Deus às nossas perguntas
Em um presépio. Reflexão de José Antonio Pagola
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Os presépios atuais - Instituto Humanitas Unisinos - IHU