15 Dezembro 2018
O país conseguiu reduzir o desmatamento no Cerrado em 11% este ano em relação ao ano passado e registrou a menor taxa da série histórica, que começa em 2001. Os dados são do Prodes Cerrado, projeto que monitora a derrubada da vegetação nativa no bioma, e foram divulgados nesta terça-feira pelos ministérios do Meio Ambiente (MMA) e da Ciência, Tecnologia, Informação e Comunicações (MCTIC).
A reportagem é publicada por WWF-Brasil, e reproduzida por ((o))eco, 12-12-2018.
O desmatamento observado no Cerrado em 2018 é 33% menor do que o mapeado em 2010, ano em que foi iniciado pelo Governo Federal o Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento e das Queimadas no Cerrado (PPCerrado).
Entre agosto de 2017 e julho de 2018, foram desmatados 6.657 km² de cerrados, uma área maior do que a do Distrito Federal, que tem 5.802 km². No ano passado, o desmatamento havia sido de 7.474 km². O melhor resultado havia sido registrado em 2016, quando foram perdidos 6.777 km² de vegetação nativa no cerrado.
Em nota conjunta, os dois ministérios destacaram que os números indicam uma redução de 33% em relação a 2010, quando foi iniciado pelo governo federal, ainda no governo Lula, o Plano de Ação para a Prevenção e Controle do Desmatamento e das Queimadas no Cerrado (PPCerrado).
(Foto: Inpe/Prodes Cerrado 2018 -organizado pelo MMA)
Mas para o WWF-Brasil o desmatamento na região ainda é preocupante. Em material distribuído pela assessoria da imprensa, a organização não-governamental pede que o governo informe na divulgação dos dados o quanto deste desmatamento é ilegal ou legal.
“Os dados anuais não só mensuram a taxa de perda de vegetação, mas são fundamentais para também entender a dinâmica do desmatamento e propiciar ações mais assertivas no seu controle”, afirmou o diretor-executivo do WWF-Brasil, Mauricio Voivodic, por meio da assessoria de imprensa. “Dar visibilidade e transparência à série histórica permite que outros atores também atuem, como o setor do agronegócio”, completou.
O Prodes Cerrado identifica a remoção completa da vegetação nativa em áreas acima de 1 hectare (0,01 km²). O projeto, que iniciou o monitoramento da Amazônia, vem sendo expandido para outros biomas. Até 2020, deverá ser utilizado para avaliar a derrubada de vegetação em todo o país.
O Cerrado se estende por cerca de 2 milhões de km², o equivalente a 23% do território nacional, e abrange áreas de 11 estados e Distrito Federal. O Código Florestal permite que entre 65% e 80% da vegetação nativa em áreas privadas sejam removidas. Na Amazônia, esse percentual é normalmente de apenas 20%.
Além da possibilidade de desmatar áreas maiores, para o WWF-Brasil a prorrogação do prazo para registro de propriedades no Cadastro Ambiental Rural (CAR) tem prejudicado a exigência de proteção de áreas de preservação permanente (APPs) e de reservas legais.
“Nós temos elementos de sobra para reforçar a importância e a urgência de proteger o Cerrado. Mesmo que o Código Florestal deixe o bioma em segundo plano, nem mesmo ele é cumprido, a exemplo do observado no Mato Grosso, onde 98% do desmatamento do Cerrado, entre 2016 e 2017, foi ilegal”, destacou o especialista em políticas públicas do WWF-Brasil, Frederico Machado.
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Desmatamento no Cerrado é o menor já registrado - Instituto Humanitas Unisinos - IHU