20 Agosto 2018
Em uma entrevista para o canal de TV Eternal Word Television Network no dia 16 de agosto, o bispo de Erie, Lawrence T. Persico, disse que a única forma de reconquistar a confiança dos leigos, após décadas de alegações de abusos sexuais cometidos por sacerdotes, entre outros, em seis dioceses da Pensilvânia, é pela ação. Uma delas pode ser excluir os bispos que esconderam os abusadores.
A reportagem é de Rhina Guidos, publicada por Catholic News Service, 17-08-2018. A tradução é de Luísa Flores Somavilla.
Durante o noticiário da Eternal Word Television Network (EWTN), o repórter Jason Calvi perguntou: "Os bispos que sabiam ou que encobriram casos de abuso deveriam se demitir?"
"Penso que sim", respondeu o bispo Persico. "Acho que precisamos de transparência total para recuperar a confiança das pessoas. Temos de conseguir demonstrar isso."
Persico foi o único bispo que se encontrou pessoalmente com membros do júri responsável por investigar as alegações de décadas de abuso em seis dioceses da Pensilvânia. Num relatório explosivo, o júri disse que identificou mais de 1.000 pessoas do estado dos EUA que disseram ter sofrido abuso por sacerdotes e outros trabalhadores da Igreja quando eram crianças.
"Há muito tempo eu digo que podemos falar de transparência e verdade, mas muito vai depender das nossas ações, de como manifestamos essa transparência e como agimos ao avançar", disse ele, durante a entrevista televisiva. "Isso vai ser crucial, e temos que mostrar que vamos cumprir com nossa palavra.”
A diocese de Erie, à qual Persico pertence, bem como as dioceses de Harrisburg, Allentown, Scranton, Pittsburgh e Greensburg, foram citadas no relatório publicado no dia 14 de agosto, após uma investigação de quase dois anos.
O júri não determina culpa ou inocência, mas a possibilidade de haver provas suficientes ou uma causa provável da acusação criminal. Quase todos os casos do relatório eram antigos demais para que fossem abertos processos judiciais e muitos dos 301 sacerdotes citados já faleceram ou não fazem mais parte do Ministério. Mas os leigos católicos têm insistido em alguma forma de responsabilizar os que talvez soubessem e tivessem acobertado os abusos.
"Precisamos desta transparência e também precisamos de ação, porque se houve outros bispos ou líderes negligentes eles precisam ser excluídos, pois quanto mais encobrimos, menos credibilidade temos", disse o bispo Persico.
Para ele, é importante observar que o relatório documentou 70 anos de abuso, grande parte dos anos 70 até os 90. Em 2002, logo após a crise de abusos sexuais de 2000 nos Estados Unidos, os bispos aprovaram procedimentos e protocolos para abordar as alegações de abuso.
"Há menos [casos de abuso]" desde então, afirmou Persico, "mas ainda temos de estar atentos".
Em uma entrevista ao programa “New Day”, da CNN, no dia 17 de agosto, o bispo de Lafayette, Indiana, Timothy L. Doherty, presidente da Comissão para a Tutela de Crianças e Adolescentes da Conferência dos Bispos dos EUA, respondeu a questões sobre como os abusos continuavam apesar dos procedimentos e protocolos de 2002.
Quando as alegações de casos de abuso sexual cometidos pelo antigo cardeal Theodore E. McCarrick vieram à tona neste verão, os procedimentos foram duramente criticados por não conterem nenhuma disposição sobre a responsabilização dos bispos, levando muitos a questionarem se as medidas eram suficientes, considerando que a Igreja continua lidando com situações semelhantes.
"Acho que todos os bispos estão questionando isso, e parte dessa pergunta é que não há uma boa explicação", disse o bispo Doherty, no noticiário. "Ainda estamos analisando os fatos. Posso falar em nome dos bispos da minha época e sei que entramos sem saber muito sobre essa questão e tendo uma grande confiança na Igreja e nas pessoas com quem trabalhamos; por isso, é frustrante."
Mas, como veio a público, "há uma tentativa de entender a parte da cultura que permitiu que isso acontecesse e uma grande determinação de não deixar que se repita", afirmou.
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Bispo da Pensilvânia diz que os bispos que acobertaram casos de abuso devem se demitir - Instituto Humanitas Unisinos - IHU