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04 Agosto 2018

“Todo humanitarismo desencarnado tem uma dimensão inevitavelmente impotente e patética. A solidariedade não pode ser uma bandeira universal – nunca é um direito adquirido de uma vez por todas –, mas deve poder se renovar na forma concreta da minha ação no mundo.”

A opinião é do psicanalista italiano Massimo Recalcati, professor das universidades de Pavia e de Verona, em artigo publicado por La Repubblica, 02-08-2018. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Eis o texto.

A 80 anos da sua publicação, o que uma obra como “A náusea”, de Jean-Paul Sartre, ainda pode nos ensinar? Ela foi publicada em 1938, quando a Europa estava deslizando rapidamente para a catástrofe da Segunda Guerra Mundial, em tempos sombrios, dominadas pelos apelos frenéticos a universais que travestiam interesses soberanistas ferozes: o povo, a nação, a raça, o comunismo, o fascismo, o nazismo. Nas suas páginas, muita literatura (Kafka, Gide, Céline) e muita filosofia (Nietzsche, Husserl, Heidegger).

Mas, acima de tudo, uma descoberta traumática, a da existência. É preciso um tremor, uma vertigem, um corte para reabrir os nossos olhos diante da Coisa informe da existência. É essa náusea que aferra Antoine Roquentin, o protagonista do romance.

O impacto é escaldante: a náusea é a sensação que emerge diante da presença sem sentido – “demais” – da existência. Por mais que estejamos “enterrados” na existência, a existência como tal está sempre oculta. “Ela está ali, ao nosso redor, não se podem dizer duas palavras sem falar dela e, por fim, não podemos tocá-la”. Ela compromete cada um a inventar um sentido, porque não existe nenhum sentido a priori – nenhum fundamento – da existência.

Comecemos a partir daí, pede-nos Sartre. Não dos grandes valores, dos universais que embriagavam as massas naqueles anos. Iniciemos a partir do encontro perturbador com a nossa existência singular.

A pacata cidade de Bouville era a prova da existência de Deus. Seus habitantes acreditavam na ordem estabelecida do mundo, na sua identidade sem fraturas. Tudo parece domesticado, regulado, purificado. O escabroso excesso da existência não encontrava lugar em um mundo feito de regras universais assépticas. As figuras dos habitantes de Bouville e dos seus antepassados reunidas no museu da cidade se transfiguraram, assim, em um cortejo de máscaras de cera sem desejo e sem saída: eram todos saluds, “porcalhões”. Mentiam. Acreditavam que tinham o direito de existir. Os retratos que embalsamavam os “chefes” desta pequena cidade e que, na realidade, enchiam todos os museus do mundo eram simples mentiras.

Essa é a nossa culpa mais radical: crer que somos alguém, que somos um Eu, crer que temos um direito especial de existir. A mesma retórica que emana das palavras da triste figura do Autodidata. Seu critério de leitura nos surpreendente: ele não lê de acordo com um movimento próprio de pesquisa, mas seguindo o caráter árido da mera acumulação enciclopédica, limitando-se a seguir a simples ordem alfabética. Sua intenção é de se apossar de todo o saber do mundo como saber do Homem.

Eis uma das lições fundamentais de “A náusea” que nunca deveria ser esquecida. Crer no Homem é um comportamento de má-fé. Não existe o Homem; o Homem é apenas uma invenção artificial dos homens. No máximo, existem os homens no singular, um a um, com os seus corpos concretos e os seus nomes próprios. E os homens – todos os homens – não estão lidando com a Natureza abstrata do Homem – que não existe – mas com o problema da sua existência singular, sem modelos, sem qualquer essência universal que possa suportá-la e garanti-la.

Sartre desferia, assim, através do seu Roquentin, golpes mortais contra toda a forma de retórica humanista: o humanitarismo comunista, socialista, católico, em suma, toda a filosofia dos valores se despedaça contra a Coisa da existência que a náusea revelava bruscamente na sua contingência pura.

Uma marmelada de bons sentimentos corre o risco de nutrir a cultura dos direitos e dos chamados valores universais. A ínfima particularidade da existência, assim, é sublimada em um humanismo abstrato que parece capaz de digerir toda espinha, apenas para depois se despedaçar diante do encontro real com a alteridade do Outro e provocar políticas xenófobas de rejeição e de ódio.

Perseguindo o valor absoluto do Homem, o olhar do humanismo retórico perde de vista as singularidades dos homens. De fato, não se pode amar o Homem ou a Vida em geral.

Em uma cena capital do romance, Roquentin e o Autodidata estão sentados à mesma mesa. Ao lado deles, em outra mesa, um casal de jovens amantes estão conversando. Olhando para eles, o Autodidata declara com entusiasmo que ama neles o ideal puro da Juventude. Seu interlocutor observa que não pode amá-los porque não saberia distinguir as cores dos cabelos da moça, porque sequer saberia reconhecê-los na rua. Isso significa que o amor abstrato pelo Homem proclamado pelo Autodidata ignora completamente os corpos e os nomes próprios dos dois amantes, transferindo-os para um recipiente universal e totalizante.

Roquentin, então, o adverte asperamente: “De modo algum você está se enternecendo por eles. Você se enternece pela Juventude do Homem, pelo Amor do Homem e da Mulher, pela Voz humana, mas não pela sua existência singular”.

Essa lição ética de “A náusea” é tão escabrosa quanto, na minha opinião, muito atual. A descoberta do caráter sem sentido da existência mostra que os valores não existem em um céu distante, não são essências imutáveis que prescindem do nosso compromisso com o mundo.

De fato, cada um tem a responsabilidade de fazer os “valores” existirem, mas somente a partir do próprio ser no mundo, da própria existência singular, afastando-se de toda celebração retórica das virtudes do Homem.

Desse modo, “A náusea” nos oferece um bom ponto de partida para não nos perdermos na dimensão inevitavelmente impotente e patética de todo humanitarismo desencarnado. A solidariedade não pode ser uma bandeira universal – nunca é um direito adquirido de uma vez por todas –, mas deve poder se renovar na forma concreta da minha ação no mundo.

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