14 Março 2018
"Não viemos aqui para falar a nós mesmos, como especialistas em ecumenismo ou missiologia. Estamos aqui para nos perguntar, ouvir e compreender para qual transformação Deus nos chama".
A reportagem é de Michel Charbonnier, publicada por Riforma, 09-03-2018. A tradução é de Ramiro Mincato.
Com estas palavras, Olav Fykse Tveit, secretário geral do Conselho Ecumênico de Igrejas (CEC), abriu a Conferência Missionária Mundial em Arusha, na Tanzânia, sob o tema "Caminhar no Espírito: chamados para um discipulado transformacional". Mais de mil participantes de todo o mundo encontraram-se para o evento, organizado pela Igreja Evangélica Luterana da Tanzânia, que terminará no dia 13 de março.
A primeira Conferência Missionária Mundial aconteceu em Edimburgo, na Escócia, em 1910, e esta data é comemorada como o início do movimento ecumênico. Desde então, uma série de conferências foram realizadas em intervalos de cerca de dez anos.
Quando o Conselho Missionário Mundial, um dos frutos de Edimburgo, foi incorporado pelo Conselho Ecumênico de Igrejas, em 1961, este assumiu a responsabilidade pelo trabalho de planejamento do Conselho e pela organização das Conferências Missionárias, através do estabelecimento de uma Comissão para a missão mundial e o evangelismo. A Comissão trabalha para oferecer às igrejas, pessoas e movimentos empenhados na missão e testemunho espaços para compartilhar reflexões, experiências, perguntas e descobertas sobre conteúdos e métodos do testemunho cristão hoje. O objetivo é contribuir e permitir que as igrejas e organizações missionárias trabalhem juntas na missão, e o façam a partir de uma abordagem cristológica, buscando coerência entre metodologias e conteúdos evangélicos.
Além disso, nas Conferências Missionárias Mundiais, o CEC vive concretamente uma forma de "ecumenismo mais amplo", por meio da plena participação dos delegados da Igreja Católica Romana e das igrejas e movimentos missionários evangélicos e pentecostais.
Mas o que se entende hoje com termos como missão e evangelização? Muita coisa mudou nestes últimos cento e oito anos.
A partir da abordagem original, que se concentrava na conversão do mundo ao cristianismo, a reflexão e as práticas das igrejas evoluíram radicalmente, para dirigirem seu trabalho às populações em zonas de conflito, nas regiões mais afetadas pelas mudanças climáticas e em situações onde a sobrevivência econômica e os direitos são ameaçados.
Este longo processo de desconstrução e reconsideração do conceito de missão foi possível graças à inclusão e à escuta da pluralidade de vozes, culturas, olhares, práticas, necessidades que compõem o mosaico humano e as igrejas: as vozes e as críticas das mulheres, dos jovens, das populações do Sul do mundo, das minorias, das pessoas com diferentes habilidades, dos marginalizados e dos excluídos.
O tema da Conferência arranca a partir da passagem bíblica de Gálatas 5,25: "Se vivemos no Espírito, também caminhemos no Espírito". O desafio desta Conferência é entender o que significa para nós, como indivíduos e como igrejas, hoje, e em conjunto, sermos transformados e transformadas pelo Espírito Santo, e o que significa participarmos da ação do Espírito em transformar e curar um mundo sofrente.
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Transformar e curar um mundo padecente. Conferência Missionária Mundial em Arusha, na Tanzânia - Instituto Humanitas Unisinos - IHU