19 Dezembro 2017
O arcebispo Christophe Pierre, núncio apostólico dos EUA, conversou com Lauren Ashburn, do programa de notícias EWTN News Nightly na quarta-feira, discutindo questões como o Papa Francisco, sua experiência e como foi recebido pela Igreja. A entrevista é publicada por CNA/EWTN News 15-12-2017. A tradução é de Luísa Flores Somavilla.
Ele mencionou a obra recentemente publicada Jorge Mario Bergoglio: Una biographia intellettuale (Jorge Mario Bergoglio: uma biografia intelectual) escrita por Massimo Borghesi, que discute a influência sobre o Papa Franscisco do Padre Gaston Fessard, entre outros. Gaston Fessard foi um filósofo francês do século XX que foi considerado "um crítico penetrante do marxismo". Ele foi fundamental para o renascimento do pensamento hegeliano na história da França e procurou dialogar com Hegel, considerando sua ampla influência na filosofia moderna. Pe. Fessard também foi ativo na Resistência Francesa e criticou o governo colaboracionista de Vichy.
Seguem abaixo trechos da primeira metade da conversa do arcebispo Christophe Pierre com Lauren Ashburn, editado para melhor clareza e extensão. A primeira parte da entrevista foi ao ar em 14 de dezembro, e a segundo irá no dia 15, no programa EWTN News Nightly.
Arcebispo Christophe Pierre, muito obrigada por estar conosco.
Obrigado pelo convite.
Arcebispo, nesse período de 4 ou 5 anos desde que Francisco foi eleito Papa, que passou tão depressa, muito tem sido escrito sobre ele – a "preferência” pelos pobres, a abordagem pastoral evidente, a reforma do Vaticano. Agora parece que estamos presenciando uma nova fase de seu interesse: as raízes intelectuais e culturais que o conduzem. Que raízes são estas?
Bem, sua observação é muito interessante, porque temos de reconhecer que a vinda deste Papa criou maravilhas e uma série de questões. E, se me permite, eu diria que, durante meu um ano e meio neste país, eu notei este sentimento de admiração. Principalmente das próprias pessoas. Elas ficam felizes em ver o Papa. Sentem que ele está perto delas. Sentem que ele entende seus problemas. E acho que é esta uma das características do Papa. Mas acredito que muitos de nós, muitas pessoas se perguntam: 'Quem é ele? De onde vem?' Eu diria que de dois lugares. Um é a América do Sul. É a origem dele. Já morei em quatro países e trabalhei em vários da América do Sul.
(Lauren: Inclusive no México) Inclusive no México. E cheguei no México no momento da famosa Conferência de Aparecida, a Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano do século passado. Esta conferência é muito importante para entender o Papa Francisco, porque ele foi um dos principais atores, porque era Arcebispo de Buenos Aires. Mas ele foi um dos principais atores. Então este é um aspecto. O segundo é de sua origem intelectual. E justamente há duas semanas, um autor italiano, Massimo Borghesi, publicou um livro.
Deve ser este livro. (Risos)
Ah, você leu.
Mas é em italiano, então o senhor vai ter que me dizer o que diz. Deixe-me perguntar sobre o livro. Ele alega que por trás desta simplicidade encontra-se um "pensamento profundo e original", em grande parte baseado em teólogos e filósofos franceses. Isso é uma surpresa considerando o estereótipo argentino e populista de Francisco. O senhor é francês e passou muitos anos atuando em diversos países no mundo todo. O que é este "pensamento profundo e original"?
Bem, em primeiro lugar, e acima de tudo, este Papa foi educado na nossa época. O livro nos diz que talvez o primeiro autor importante a contribuir para sua formação tenha sido o jesuíta Gaston Fessard. Talvez ele não seja tão conhecido nos Estados Unidos. Quando eu estava fazendo mestrado em teologia no Instituto Católico de Paris, acabei fazendo uma disciplina sobre Gaston Fessard. [sic] Então fiquei muito feliz quando li o livro; pensei: 'Meu Deus!'
Ambos estão seguindo Gaston Fessard. Mas há um mal-estar entre os bispos sobre a abordagem dele. Como corrigir isso?
Li que o Papa não é muito preciso. O Papa não é, digamos, um grande intelectual, ele é mais pastoral do que dogmático. Eu diria que estas coisas são estereótipos. E talvez também preconceito. Então acho que há um grande.. - nós, principalmente, bem como os bispos - temos uma grande responsabilidade, de tentar entender o nosso Papa. E entendê-lo em todos os aspectos de sua personalidade antes de julgar. E acho que isso é exatamente o que devemos buscar. E não permanecer com uma opinião superficial de quem ele é ou de como ele deve ser de acordo com a nossa opinião. E, além disso, ele também é o Papa.
Arcebispo Christophe Pierre, muito obrigada por estar conosco.
Obrigado.
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