02 Novembro 2017
O programa ainda não é oficial, mas se espera a participação do secretário-geral das Nações Unidas, Antonio Guterres, da alta representante para os Assuntos Exteriores da União Europeia, Federica Mogherini, e do cardeal secretário de Estado, Pietro Parolin, além de uma intervenção do papa. Também está prevista a participação de inúmeros prêmios Nobel.
A reportagem é de Iacopo Scaramuzzi, publicada no sítio Vatican Insider, 31-10-2017. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
O congresso “não é uma mediação” entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte, esclareceu Greg Burke, diretor da Sala de Imprensa vaticana, mas sim um “congresso de alto nível”: “O Santo Padre – declarou – trabalha com determinação para promover as condições necessárias para um mundo sem armas nucleares, como ele mesmo reiterou em março passado em uma mensagem dirigida pela ONU, reunida para esse fim.
Justamente por isso, haverá um importante congresso na próxima semana, Perspectives for a World Free from Nuclear Weapons and for Integral Development [Perspectivas para um mundo livre das armas nucleares e para o desenvolvimento integral], organizado pelo Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral. Mas é falso falar de uma mediação por parte da Santa Sé”.
Na manhã dessa terça-feira, 31, no entanto, o papa dirigiu-se em visita ao Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, assim como ao Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida.
A posição da Santa Sé sobre o tema, aliás, é conhecida. No dia 26 de setembro passado, por ocasião do Dia Internacional da ONU para a Eliminação Total das Armas Nucleares, o papa escreveu no Twitter: “Comprometamo-nos por um mundo sem armas nucleares, aplicando o Tratado de não proliferação para abolir estes instrumentos de morte”.
Poucos dias antes, o arcebispo Paul Richard Gallagher, secretário da Santa Sé para as Relações com os Estados, assinou, em setembro, o Tratado sobre a Proibição das Armas Nucleares, adotado em 7 de julho de 2017 no fim da Conferência das Nações Unidas. Às crescentes tensões ligadas ao programa nuclear da Coreia do Norte – ressaltou o “ministro das Relações Exteriores” do Vaticano naquela ocasião – deve-se responder tentando retomar as negociações. Em particular – destacou Dom Gallagher, por ocasião da 10ª conferência para facilitar a entrada em vigor do tratado – devem-se superar a ameaça nuclear, a superioridade militar, a ideologia e o unilateralismo que recordam a lógica da Guerra Fria”.
Também naquela ocasião, Gallagher lembrou o que o Papa Francisco indicou na mensagem do dia 23 de março passado, centrada no tema das armas nucleares: “A comunidade internacional – escreveu o papa – é chamada a adotar estratégias clarividentes para promover o objetivo da paz e da estabilidade e evitar abordagens míopes aos problemas de segurança nacional e internacional”.
Quanto ao cenário coreano específico, o papa, na volta da recente viagem à Colômbia, havia respondido a uma pergunta sobre a corrida armamentista de Pyongyang, afirmando: “Vem-me à mente uma frase do Antigo Testamento: o homem é um estúpido, é um teimoso que não vê. O único animal da criação que coloca a perna no mesmo buraco é o homem. O cavalo e os outros, não, não fazem isso. Há a soberba, a presunção de dizer: ‘Não, mas não será assim’. E depois existe o ‘deus bolso’, não? Não só em relação à criação: tantas coisas, tantas decisões, tantas contradições, e algumas delas dependem do dinheiro”.
E ainda: “O homem é um estúpido, dizia a Bíblia. E, assim, quando não se quer ver, não se vê. Olha-se apenas para um lado”.
Quanto à Coreia do Norte, “digo-lhe a verdade – dizia o papa ao jornalista – , eu não entendo, de verdade. Porque realmente não entendo esse mundo da geopolítica, é muito forte para mim. Mas eu acredito que, pelo que eu vejo, há ali uma luta de interesses que me escapam, não posso explicar, de verdade”.
Em uma recente entrevista com a revista La Civiltà Cattolica, Hyginus Kim Hee-Joong, arcebispo católico de Gwangju e presidente da Conferência Episcopal Coreana, confirmava, entre outras coisas, que havia sido enviado ao Vaticano em maio pelo novo presidente da República coreana, Moon Jae-in, logo depois da sua eleição, com a tarefa de entregar ao pontífice uma carta pessoal: “Naquele momento – contava o arcebispo Hyginus – havia a ameaça de guerra na península coreana por causa do conflito entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte. O novo presidente da Coreia do Sul queria explicar a sua posição pela paz da península coreana e pedir a oração e a ajuda do Papa Francisco, antes de dar uma audiência ao presidente Trump (audiência concedida em 24 de maio). Acho que a minha missão foi positiva, graças também à ajuda do secretário de Estado, cardeal Pietro Parolin. O novo presidente, Moon Jae-in, cujo nome de batismo é Timóteo – acrescenta o arcebispo coreano sobre esse episódio – agradeceu ao pontífice e a todos aqueles que nos ajudaram”.
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Congresso sobre desarmamento nuclear será realizado este mês no Vaticano - Instituto Humanitas Unisinos - IHU