"Não posso aceitar este estilo". Müller acusa o Papa Francisco de tê-lo demitido “em tão somente um minuto”

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07 Julho 2017

O cardeal Müller acusa o Papa de tê-lo demitido “em tão somente um minuto” e de uma forma pouco conforme com “a doutrina social da Igreja”. E isso apesar de Francisco ter se atrasado para o seu próximo compromisso após sua reunião com o ex-prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé na sexta-feira passada, dia 30 de junho; e apesar de ter pedido desculpas aos presentes à sua audiência com a Organização Internacional Ítalo-Latino-Americana.

A reportagem é de Cameron Doody, publicada por Religión Digital, 06-07-2017. A tradução é de André Langer.

Em uma nova entrevista concedida ao Passauer Neue Presse, que foi publicada antecipadamente nesta quinta-feira, o cardeal alemão explica que o Pontífice “comunicou sua decisão” de não reconduzi-lo ao cargo de prefeito da Congregação “em um minuto” e, além disso, no último dia de trabalho dos seus cinco anos de mandato. Müller afirma também que o Papa não lhe deu nenhuma explicação sobre a sua não renovação. Por este motivo, Müller disse: “Não posso aceitar este estilo”. No trato com os funcionários da Igreja – ainda mais em Roma – “deve-se aplicar a doutrina social da Igreja”, disse o ex-prefeito.

Estas novas declarações do cardeal colidem, e muito, especialmente com outras informações, sobretudo quando se recorda que Francisco reconheceu abertamente entre os membros da Organização Ítalo-Latino-Americana que a audiência da última sexta-feira, na qual comunicou a Müller sua decisão de substituí-lo, tinha se prolongado além do tempo previsto.

“Antes de mais nada, quero pedir-lhes desculpas pelo meu atraso”, disse o Papa a membros da organização. “Não estava na agenda vir atrasado, mas as audiências foram se alongando, razão pela qual peço-lhes desculpas”.

Por outro lado, o Passauer Neue Presse também revela que o cardeal Müller falou com o cardeal Joachim Meisner por telefone na noite anterior ao falecimento deste último, na manhã desta quarta-feira. Segundo relata o jornal, Meisner – um dos quatro cardeais das “dubia” sobre a Amoris Laetitia feitas ao Papa – mostrou-se durante a conversa “profundamente entristecido” com a não recondução de Müller como prefeito da Doutrina da Fé. A saída, afirma Müller, “o comoveu [Meisner] e o feriu, e viu isso como um mal feito à Igreja”.

Estaria o cardeal Müller culpando o Papa pela repentina morte do cardeal Meisner? O ex-prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé não o faz explicitamente, mas ao mesmo tempo tenta dissimular ao afirmar que não vai reagir com nenhum tipo de ação à decisão do Papa de tirá-lo [do cargo de prefeito].

“Alguns acreditam que agora podem me colocar à frente de um movimento crítico ao Papa”, revela Müller: movimento, não obstante, com o qual, pelo visto, não quer nada a ver. Pelo contrário, afirma que assumirá sua parte na “responsabilidade pela unidade da Igreja, evitando, na medida do possível, as polarizações”. E isso como alguém que “sempre foi leal ao Papa” e que sempre o será no futuro, “como católico, bispo e cardeal e como lhe é devido.

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