07 Fevereiro 2017
Quando o Papa Francisco visitou a ilha italiana de Lampedusa e desafiou os católicos a não ficarem indiferentes diante da situação dos refugiados, os fiéis da paróquia jesuíta do distrito de Georgetown, em Washington, DC, perguntaram-se o que poderiam fazer para ajudar.
A reportagem é de Thomas Reese, publicada por National Catholic Reporter, 05-02-2017. A tradução é de Isaque Gomes Correa.
Os paroquianos da comunidade de Holy Trinity logo descobriram que os Serviços Sociais Luteranos ao longo do Rio Potomac haviam assentado refugiados na Virgínia do Norte, e então buscaram trabalhar em conjunto para ver o que era preciso para ajudar uma família de refugiados.
“É preciso muitas pessoas para acompanhar uma família”, explica Kate Tromble, agente pastoral para justiça social, no boletim paroquial da Paróquia Holy Trinity publicado domingo passado. “Precisamos de equipes de alimentação, moradia e mobiliário, finanças, emprego, transporte, acolhida, roupas, educação e professores de inglês como segunda língua, além de serviços médicos e jurídicos, intérpretes que falem árabe”.
Mas não foi difícil reunir voluntários. “Nós apenas perguntávamos e as pessoas se prontificavam a auxiliar”, escreve Tromble.
“A nossa equipe cresceu rapidamente”.
O pastor, o padre jesuíta Kevin Gillespie, informa que 70 paroquianos haviam contribuído financeiramente e que cerca de 200 outros, além de estudantes da escola da paróquia, estiveram envolvidos.
Mas receber uma família de refugiados acabou virando um processo demorado. Levaram-se três meses antes que a família fosse inscrita para a paróquia. Os Cheikhos, família muçulmana curda de oito membros natural da Síria, estava atualmente no Iraque e havia estado com status de refugiada há mais de dois anos.
“Levamos mais outros dois meses para que fossem aprovados para viajar e, então, mais dois meses para conseguir as passagens aéreas”, explica Tromble. “Eles haviam sido rigorosamente analisados e tinham completado todos os requisitos para a obtenção dos vistos e, então, entrar nos EUA”.
A família deveria chegar no Aeroporto Internacional de Dulles em 6 de fevereiro, às 7h, mas então ocorreu a ordem executiva do presidente Trump. “Nós líamos a ordem executiva do presidente e chorávamos”, relata Tromble. Os Serviços Sociais Luteranos telefonaram para dizer que a viagem da família havia sido cancelada.
“Depois de todos os nossos esforços e todas as esperanças dos Cheikhos, perdemos a nossa família”, disse ela à paróquia.
“Imagino que a família esteja devastada. Nós estamos devastados. Nos quase seis meses desde que conhecemos eles, os Cheikhos se tornaram parte da nossa comunidade. A proibição de eles entrarem nos EUA não é apenas o cancelamento de uma viagem; é a perda de uma família em nossa comunidade”.
Ainda há esperanças. Depois da missa de domingo, o pastor foi abordado com uma oferta de ajuda por alguém que trabalha no Departamento de Estado, no setor de imigração. Só em Washington isso poderia acontecer. Talvez a família esteja em condições de entrar no país enquanto os tribunais bloqueiam a implementação da ordem executiva. Caso contrário, não só a família ficará decepcionada, mas também a paróquia que está à espera de acolhê-la.
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Família de refugiados de paróquia jesuíta é impedida por ordem executiva de Trump - Instituto Humanitas Unisinos - IHU