12 Dezembro 2016
“O Papa Francisco tem muito a explicar”. Francis DeBernardo, diretor executivo da organização católica LGBT New Ways Ministry (Ministério das Novas Formas), reagiu dessa maneira ao decreto que atualizou as normas para a formação sacerdotal, de acordo com o qual “não se pode admitir aqueles que praticam a homossexualidade” ou apoiam a “cultura gay”.
A reportagem é publicada por Religión Digital, 11-12-2016. A tradução é de André Langer.
“A aprovação desse texto [por parte de Francisco] é uma grande desilusão para muitas pessoas, lésbicas, gays, bissexuais, pessoas transgêneros e heterossexuais, que depositavam grandes esperanças em seu pontificado”, disse DeBernardo.
Ele se referia ao decreto que atualiza as Normas Básicas para a Formação Sacerdotal (Ratio Fundamentalis Institutionis Sacerdotalis), que foi publicado na quinta-feira passada pelo jornal oficial da Igreja católica. O documento ratifica um diretório redigido há 31 anos, no qual são reunidas outras comunicações da Santa Sé relativas às restrições sobre a sexualidade.
Estabelece que “a Igreja, embora respeitando as pessoas em questão, não pode admitir no seminário nem nas ordens sagradas aqueles que praticam a homossexualidade, apresentam tendências homossexuais profundamente enraizadas ou apoiam a chamada cultura gay”. Também ressalta a importância da continência na formação dos candidatos para serem ordenados. “Seria imprudente admitir um seminarista que não tenha alcançado uma afetividade madura, serena e livre, casta e fiel ao celibato”, adverte.
O texto aprovado por Francisco tem um acréscimo. Permite uma exceção em relação às “tendências homossexuais que sejam expressão de um problema transitório”. Dá-se como exemplo “uma adolescência ainda não concluída”.
DeBernardo não foi o único a criticar o Papa. Também o fez Marianne Duddy-Burke, da DignityUSA (Dignidade Estados Unidos), outra organização católica que promove os direitos LGBT. Para ela, o decreto foi “extremamente decepcionante” e o tomou como “um tremendo insulto” aos milhares de homossexuais que servem como sacerdotes católicos.
“Não é o que se esperava do Papa que disse ‘Quem sou eu para julgar?’”, acrescentou.
David Clohessy, que pertence à Rede de Sobreviventes de Abusos de Sacerdotes (SNAP, na sigla em inglês), disse que estão usando os homossexuais como bodes expiatórios em vez de proteger realmente as crianças dos abusos. “É um erro assumir ou afirmar que a maioria das vítimas são varões”, disse.
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Grupos LGBT são contra o veto de homossexuais ao sacerdócio - Instituto Humanitas Unisinos - IHU