04 Novembro 2016
Francisco “conhece Lutero e sua relevância para Alemanha e Europa. Ele sabe de sua influência sobre o idioma alemão, a identidade alemã e a história, também a história dos conflitos europeus. Em Lund, Francisco honrou o reformador Martinho Lutero e suas declarações sobre os luteranos superaram as de seus predecessores”, escreve Strack Christoph, redator da Deutsche Welle, em artigo publicado por DW, 03-11-2016. A tradução é do Cepat.
Eis o artigo.
Lund foi sua viagem ao ecumenismo. O papa Francisco viajou de Roma até este lugar, relevante para a comunidade mundial luterana, no qual foi fundada a Federação Luterana Mundial, em 1947. As imagens da calorosa saudação da paz entre a máxima autoridade da Igreja Católica Apostólica Romana e a arcebispa permanecem. Para os cristãos divididos, que desejam mais unidade, é um alento.
Muitos esperam há tempo. Outros se cansaram de esperar. Para todos eles, as palavras do Papa são um alento. Ele fala, como é usual, com frequência como um pai espiritual e não soa simplesmente como o prelado, o protetor da doutrina. Agora, adverte, há a oportunidade, “em um momento decisivo de analisar nossa história, de superar controvérsias e mal-entendidos”.
Retrospectiva. Em setembro de 2011, o papa Bento XVI visitou a Alemanha, o país de Lutero, e falou no convento agostiniano, em Erfurt. O Papa alemão em um antigo lugar da Reforma. E Bento fez uso de uma expressão, que chegou às manchetes: sua negativa ao “abrigo ecumênico”. Esta palavra causou decepção e permaneceu. Isso demonstra a sabedoria da decisão do Papa, no prelúdio da celebração do aniversário da reforma protestante da Federação Luterana Mundial, de viajar a Suécia e não a Alemanha. Ali, as expectativas teriam sido ainda maiores.
Ao mesmo tempo, pode-se estar seguro, após algumas contribuições do Papa, que ele conhece Lutero e sua relevância para Alemanha e Europa. Ele sabe de sua influência sobre o idioma alemão, a identidade alemã e a história, também a história dos conflitos europeus. Em Lund, Francisco honrou o reformador Martinho Lutero e suas declarações sobre os luteranos superaram as de seus predecessores.
Assim, Lund permanece como uma data histórica. Aí está a naturalidade da celebração em conjunto, também a franqueza da assinatura da declaração conjunta. O texto apresenta a perspectiva relevante para o Papa, a do pai espiritual: “Sofremos a dor de todos os que compartilham suas vidas, mas não podem compartilhar a presença aliviadora de Deus na eucaristia. Reconhecemos nossa responsabilidade pastoral comum (...). Aspiramos que a ferida do corpo de Cristo seja curada. Este é o objetivo de nossos esforços ecumênicos”.
Agora, os teólogos terão que elaborar os detalhes. Presumivelmente, será um ano de lidas. O papa Francisco completará 80 anos em dezembro. Se é a favor de uma nova “aposta pelo diálogo teológico”, isto será importante para ele. Talvez desta maneira chegue a Roma a nova impaciência ecumênica...
Em meados de outubro, 1.000 protestantes e católicos da Alemanha foram juntos a Roma e se reuniram com o Papa. Ele lhes fez uma pergunta: “Quem são melhores, os católicos ou os protestantes?”. A resposta foi dada por ele próprio em alemão: “Juntos somos melhores”.
Lund foi a viagem de Francisco ao ecumenismo. Mas, Lund enviou os ecumenistas, outra vez, em viajem.
Ecumenismo hoje: um fruto do Concílio
Os três ecumenismos do Papa Francisco. Artigo de Massimo Faggioli
Francisco: do “ecumenismo do lobo” à “unidade na diferença”
A estratégia da partilha do papa: Lutero como parte da história cristã comum
As teses de Lutero e o pontífice que apaga séculos de conflitos. Artigo de Lucetta Scaraffia
O papa e Lutero, um projeto político. Artigo de Marco Marzano
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Balanço da visita do Papa a Lund - Instituto Humanitas Unisinos - IHU