Por: André | 08 Dezembro 2011
O físico holandês Gerard’t Hooft, prêmio Nobel de Física em 1999, garante que o LHC proporcionará muitas novidades sobre a "partícula de Deus" em 2012.
A reportagem está publicada no jornal espanhol ABC, 14-11-2011. A tradução é do Cepat.
O físico holandês assinalou que achar o bóson de Higgs "seria um passo tão fundamental" na física experimental quanto "encontrar o elo perdido", posto que demonstraria que as teorias descobertas nos anos 1960 "funcionaram bem". Além de que, sua descoberta não seria o final do trabalho do Grande Colisor de Hádrons (LHC) do CERN, mas que, a partir daí, existe a necessidade de estudar "certas incongruências" que existem em algumas teorias, segundo indicou em uma conferência em Madri.
Hooft indicou que "no final de 2012 haverá muitas novidades" quanto ao bóson de Higgs e apontou que "seja qual for o resultado das pesquisas, será emocionante". Assim, assinalou que "o público" em geral conhece apenas a teoria padrão do bóson de Higgs, ou seja, que existe uma partícula que explica por que as demais partículas têm a massa que têm. No entanto, no CERN não se descarta que o resultado seja outro, pois se trabalha com a possibilidade de que não seja uma partícula, mas cinco diferentes partículas; poderia ser mais pesada do que o esperado e que não pudesse ser detectada no LHC; ou simplesmente que não exista uma teoria que, segundo o físico, "é muito pouco provável".
Apesar disso, o especialista indicou que em seu campo de trabalho "nunca se deve descartar uma hipótese e nunca se deve dar como perfeita a teoria que já existente". No momento, a descoberta da partícula de Higgs está em processo. O segundo ano de operações do Grande Colisor de Hádrons terminou recentemente e agora estão sendo analisados os dados obtidos durante a temporada de trabalho, análises em que participam também cientistas e universidades espanhóis.
Hooft assinalou que no próximo mês de março começará a terceira etapa de colisões. Perguntado o que aconteceria caso não se encontrasse o bóson de Higgs, Hooft indicou que "o campo da partícula de Higgs age como uma espécie de árbitro e projetada contra outras partículas determina seu comportamento, se têm carga ou massa e até que ponto se diferencia de outras partículas, de modo que caso não for encontrada ou se descobrir que não existe, seria preciso encontrar um novo árbitro para as partículas". O Prêmio Nobel de Física indicou que "não se pode garantir 100% que se cumpre a teoria da partícula de Higgs, mas caso não existisse significaria que as teorias existentes não funcionam e até agora funcionaram bem". Por essa razão, considera que "é difícil imaginar que não exista".
Por outro lado, o cientista holandês assinalou que o LHC realiza mais atividades que procuram encontrar o bóson de Higgs. Neste sentido, destacou que se buscam também partículas que poderiam construir a matéria escura, um tipo de matéria da qual os físicos têm a certeza de que é cinco vezes mais abundante que o universo que a matéria "normal’, mas que não absorve, nem reflete nem emite luz, o que dificulta muito sua detecção e, portanto, o estudo de sua natureza. Do mesmo modo, também se está desenvolvendo uma teoria capaz de unificar a teoria da relatividade geral de Einstein e a mecânica quântica que, segundo explicou Hooft, "permitiria descobrir o que acontece dentro dos átomos".
"Uma teoria assim explicaria todas as forças que agem na natureza e todas as partículas", apontou. A este respeito, assinalou que "esta teoria unificadora ainda vai requerer o trabalho de novas gerações de pesquisadores jovens e prontos" e, na sua opinião, "não se chegará a ela de uma hora para a outra pela simples razão de que o universo é muito complexo para que uma única teoria o abarque inteiramente".
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''Encontrar o bóson de Higgs é tão fundamental quanto encontrar o elo perdido'' - Instituto Humanitas Unisinos - IHU