16 Julho 2014
Sair de casa duas horas antes do início do expediente tendo que desafiar as leis da física para dividir o espaço com outros passageiros em ônibus e trens abarrotados de gente. Ir ao trabalho ou à faculdade de carro e ter que engolir seco as horas paradas no trânsito caótico.
A reportagem é de Juliana Guarexick, publicada pelo portal Envolverde, 14-07-2014.
Usar a bicicleta como meio de transporte tendo consciência de que a infraestrutura da cidade não oferece a segurança necessária. Fazer pequenos trajetos a pé e se deparar com calçadas esburacadas e falta de sinalização. Optar pelo ruim ou pelo péssimo: estas são as opções de mobilidade para quem vive em grandes centros urbanos.
Considerando que seis bilhões de habitantes viverão em cidades até 2050, a grande questão é discutir quais são os caminhos viáveis para garantir aos moradores uma mobilidade que garanta maior qualidade de vida e cause menos impactos negativos ao ambiente.
Com o objetivo de retratar a situação atual e as tendências de mobilidade urbana em seis capitais brasileiras, a Liberty Seguros lançou um estudo, desenvolvido em parceria com o instituto Teor Marketing, e fez a seguinte pergunta: “Qual é a cidade ideal para se viver?” (Veja abaixo a metodologia da pesquisa).
O meio de transporte mais adequado, a flexibilidade de horários no trabalho, espaços públicos acessíveis e em bom estado de conservação são alguns pontos a considerar quando se quer traçar um ideal de mobilidade para as grandes cidades. Foi exatamente isto que a pesquisa identificou.
Os resultados, divulgados em debate realizado na última quarta-feira (9), em São Paulo, traçam um panorama interessante sobre o cenário atual da locomoção nessas metrópoles e apontam caminhos viáveis para a mudança.
“As pessoas estão mais abertas a morar em cidades que as respeitam”, analisa o jornalista Gilberto Dimenstein, mediador do debate. Ele acredita que hoje o mundo é das cidades e a tendência é que posteriormente as prioridades se concentrem nos bairros, onde as pessoas identificarão sua cidadania.
Apesar de a maioria acreditar que o principal instrumento para construir a cidade ideal é a própria população, há ainda um grande caminho a trilhar. “Nossa luta é contra mentalidades”, analisa Dimenstein.
Trocar o carro pelo transporte público, ou a moto pela bicicleta é ainda uma atitude que exige mais do que boa vontade. Ser o diferencial em uma sociedade que há tempos valoriza o carro como principal meio de transporte é uma tarefa difícil, mas não impossível.
É conhecendo a cidade que as pessoas poderão identificar seus problemas e propor mudanças. Este foi o mote do debate. Além do jornalista Gilberto Dimenstein, o evento foi composto por uma mesa com quatro especialistas: Andréa Leal, consultora de políticas públicas do Banco Mundial; Cândido Malta, professor em exercício de Planejamento Urbano da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (USP); Fernando Calmon, jornalista especializado no segmento automotivo; e Orlando Strambi, engenheiro civil e professor titular da Escola Politécnica da USP.
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Mobilidade Urbana: a pedra no sapato das grandes cidades - Instituto Humanitas Unisinos - IHU