Por: Jonas | 25 Abril 2014
Antonio Spadaro (foto) é um desses homens em moda na Igreja de hoje. Sacerdote jesuíta, blogueiro, escritor, tuiteiro, professor, consultor de dois conselhos pontifícios. Também é conhecido por sua condição como diretor da revista Civiltà Cattolica e porque foi quem entrevistou o Papa Francisco, para as revistas jesuítas de todo o mundo.
Fonte: http://goo.gl/rTi3T8 |
No entanto, uma das maiores contribuições deste estudioso é o que chama de ciberteologia, que ele mesmo define como “pensar a fé em tempos de rede”. Sobre esse assunto, acaba de publicar um livro em espanhol e falou, no último dia 5 de abril, no I Congresso iMisión, onde fez afirmações provocativas para a reflexão: “A rede não é um instrumento de evangelização”; “é inútil fazer perfis de Facebook com fotos de anjinhos” e “a lógica do púlpito já não funciona”.
A entrevista é publicada por Vida Nueva, 11-04-2014. A tradução é do Cepat.
Eis a entrevista.
Qual é o papel da Igreja na Rede?
O Evangelho concerne ao homem de hoje, de modo que a Igreja é chamada a estar ali onde ele vive. Hoje, também está na rede e, por isso, a Igreja é chamada a habitar a rede; não porque tenha que se atualizar, mas porque deve se fazer presente onde os homens vivem.
Não é, então, um instrumento para evangelizar, mas um ambiente.
Este é um pensamento que está emergindo. Basta ler a última mensagem de Bento XVI para a Jornada Mundial das Comunicações Sociais: a Igreja já não usa a palavra instrumento, mas ambiente. A rede já não é simplesmente um instrumento, mas, sim, um ambiente onde nos relacionamos e nos conhecemos. Por isso, somos chamados a viver também na Internet.
Existem resistências na Igreja?
Existe porque se percebe a Internet como a rádio ou a televisão. Comprovei com os bispos que, no início, sim, há resistências, mas depois estas se transformam em entusiasmo. Promover este modo de entender a Rede é um desafio interessante e apaixonante, porque não falamos em usar uma ferramenta, estamos falando em encarnar a vida cristã em um ambiente novo.
Costuma-se objetar que a Igreja se expõe muito ao estar na Rede.
A Igreja deve estar na rede porque os homens estão aí. Posso entender a objeção de que se expõe muito, mas sempre é melhor ter uma presença por meio da qual contrastar a opinião que os outros oferecem, do que não tê-la.
Outra das teses que você sustenta é que na Rede é preciso suscitar mais perguntas do que oferecer respostas.
É outro dos grandes desafios. Na atualidade, tudo são respostas. Por exemplo, a publicidade é uma resposta a perguntas que, por vezes, nem sequer fazemos. E a evangelização também caiu nesta lógica, pois nos acostumamos a ver o Evangelho como a resposta para todas as perguntas do homem; uma lógica que converte a mensagem evangélica em uma resposta a mais entre tantas. Hoje, o grande desafio é mostrar ao homem como o Evangelho contém as grandes perguntas que lhe dizem respeito. Isto pode permitir o encontro com Cristo.
Existe o perigo de se cair em uma espécie de marketing eclesial?
É um risco. Por isso, insisto em que não apenas é necessário dar respostas, mas também suscitar perguntas. É preciso evitar a lógica da publicidade, de tentar vender o melhor produto.
Também no continente digital há excluídos, não?
Cresceu nos últimos tempos a consciência de que a Rede deve ser reconhecida como um direito, por exemplo, para o acesso à informação. O acesso a Internet é fundamental e, por isso, estão sendo colocados em andamento projetos para que em lugares sem recursos se possa contar com a tecnologia adequada para isso. Neste sentido, também quero dizer que é muito importante que a comunicação faça eco às necessidades dos mais pobres. É uma responsabilidade ética, daqueles que tem os meios, dar voz àqueles que não os tem.
O Papa é um modelo de comunicação?
Chama a atenção que uma pessoa de 77 anos, e sem experiência tecnológica, comunique-se de um modo adequado para o mundo de hoje. De fato, é um Papa facilmente “tuitável” e que tem uma relação muito boa com os meios de comunicação, pois faz a mensagem chegar com grande facilidade. Isto, que surpreende muito, deriva da sua pastoralidade, de sua capacidade e do contato com as pessoas.
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“A rede não é um instrumento de evangelização, é um ambiente para habitar”, afirma Spadaro - Instituto Humanitas Unisinos - IHU