18 Mai 2012
A semântica do Mistério da Igreja no contexto da(s) gramática(s) da midiatização é o tema da conferência que o padre jesuíta e doutor em teologia Antonio Spadaro, de nacionalidade italiana (Messina, 1966), proferirá durante o XIII Simpósio Internacional IHU: Igreja, Cultura e Sociedade. A semântica do Mistério da Igreja no contexto das novas gramáticas da civilização tecnocientífica.
Spadaro é o atual diretor da revista La Civilità Cattolica e professor no Centro Interdisciplinar de
Comunicação Social, da Universidade Gregoriana de Roma. Formado em Filosofia e Teologia, possui mestrado em Comunicação Social e doutorado em Teologia. Desenvolve trabalhos nas áreas da crítica literária, música, cinema e artes. Mas foi a partir de seus estudos sobre as novas tecnologias de comunicação que o teólogo italiano tem recebido destaque.
Analisando o impacto do mundo da internet na forma de pensar e de viver, Spadaro desenvolve o conceito de cyberteologia para expressar “a inteligência da fé no tempo da rede”. O autor mantém um blog (Cyberteologia) relacionado à temática no qual procura responder aos desafios implicados à cultura da rede, a partir da óptica da fé cristã.
A web implica um modo de ser, em que as pessoas se encontram interligadas, estabelecendo uma rede comunicacional. No mundo contemporâneo, a internet surge como um ambiente existencial e cultural, implicando novos estilos de vida e novas formas de pensar e estabelecer relações. Para o teólogo, portanto, a rede de computadores não é apenas um instrumento de comunicação ou um meio que permite acesso a informações e troca de dados de forma global e instantânea. “A internet é um espaço de experiência que está cada vez mais se tornando parte integrante, de maneira fluída, da vida de cada dia. É um novo contexto existencial. Da sua influência, depende de algum modo a percepção de nós mesmos, dos outros e do mundo que nos rodeia e daquele que ainda não conhecemos”.
A partir desse contexto de revolução digital, em que o modo de viver e de pensar das pessoas é modificado, surge a indagação sobre se isso não está interferindo no modo de viver a fé. Spadaro pergunta se a “rede entra no processo de formação da identidade pessoal e das relações, ela não terá também um impacto sobre a identidade religiosa e espiritual dos homens do nosso tempo e sobre a própria consciência eclesial?” E a resposta, diante dessas indagações, é positiva. Ou seja, a “rede e a cultura do ciberespaço interrogam a nossa capacidade de formular e escutar uma linguagem simbólica que fale da possibilidade e dos sinais da transcendência na nossa vida”.
Desse modo, o mundo digital se apresenta como uma realidade que diz respeito também à Igreja. E não se trata apenas pensá-lo como simples meio ou instrumento de evangelização, pois a internet é um novo contexto existencial, defende Spadaro. “A Rede [mundial de computadores] coloca desafios muito significativos para a compreensão da fé cristã. A cultura digital tem uma reivindicação a fazer ao homem mais aberto ao conhecimento e aos relacionamentos”.
No entender de Spadaro, em relação aos desafios implicados à rede e à cultura do ciberespaço, a Igreja tem indicado caminhos claros e decisivos. Nesse sentido, pode-se ter como exemplo o próprio Papa Bento XVI, quando afirma que a comunicação “não é propaganda, mas sim lugar de relação”. Desse modo, diz o teólogo italiano, a “rede e a Igreja são duas realidades sempre destinadas a se encontrar. Cada vez mais, a rede está se tornando um lugar de vida comum, e a Igreja está dentro: com inteligência e, ao mesmo tempo, sem se alienar nesse ambiente, iluminando também os riscos”.
A nota é de Luis Carlos Dalla Rosa, doutor em Teologia.
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Antonio Spadaro e a inteligência da fé no tempo da Rede - Instituto Humanitas Unisinos - IHU