Por: André | 20 Janeiro 2014
O cardeal hondurenho Óscar Andrés Rodríguez Maradiaga (foto) denunciou, nesta sexta-feira, “o cansaço democrático” que a América Latina sofre, onde os cidadãos estão “cansados” de ir às urnas para “depois não conseguir resultados”.
Fonte: http://bit.ly/1kMb28Q |
A reportagem está publicada no sítio espanhol Religión Digital, 17-01-2014. A tradução é de André Langer.
Em um encontro com jornalistas em Berlim, Rodríguez Maradiaga, salesiano e presidente da Cáritas Internacional, considerou que a política na América Latina converteu-se em uma “indústria”, onde o principal é o lucro pessoal da classe dirigente e não a busca do bem comum.
Esta situação gerou “uma corrupção que é incrível”, acompanhada de uma grande “impunidade” e aprofundou a “desigualdade” que fratura o continente, “um dos maiores problemas” da América Latina.
“Isto leva à tentação de outro tipo de liderança”, argumentou Rodríguez Maradiaga e deu como exemplo a Venezuela, um sistema que também “é um grande fracasso” já que, na sua opinião, é tão somente “a mesma corrupção com outra cara”.
“Quando virá a Primavera Latino-americana?”, perguntou o cardeal hondurenho fazendo um paralelismo com o que aconteceu nas revoluções que começaram em 2011 no mundo árabe.
Na sua opinião, os protestos massivos do ano passado no Brasil não representam o começo dessa “Primavera Latino-americana”, já que “após a violência” não surgiu nada.
Rodríguez Maradiaga assinalou, assim mesmo, que os Objetivos do Milênio, as oito áreas – pobreza, saúde, educação e gênero, entre elas – nas quais a comunidade internacional se comprometeu a introduzir melhorias substanciais entre 2000 e 2015, “não foram alcançados”.
“Não se conseguiu reduzir a pobreza pela metade nem que a educação fosse universalizada”, completou o salesiano.
O cardeal apontou a este respeito que “é bonito fixar objetivos”, mas que depois os governos não se envolveram.
“Fala-se muito pouco na América Latina dos Objetivos do Milênio. Os governos não o fazem porque seria uma fonte de frustração”, acrescentou.
Na sua opinião, a solução passa por uma “mudança do modelo de desenvolvimento”, já que a “globalização foi um fracasso que não serviu para melhorar a vida dos milhões de pessoas que vivem na pobreza.
“A globalização foi um fracasso. A única coisa que se globalizou foi o mercado. A globalização é uma máscara para um monopólio escondido”, indicou Rodríguez Maradiaga, que considera que o setor bancário global e os meios de comunicação estão concentrados “em muito poucas mãos”.
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“A globalização foi um fracasso. É uma máscara para um monopólio escondido”, afirma Maradiaga - Instituto Humanitas Unisinos - IHU