Por: André | 09 Fevereiro 2015
O Papa Francisco ofereceu ao governo uruguaio sua colaboração para esclarecer os desaparecimentos ocorridos na última ditadura militar (1973-1985), informou na quinta-feira 05 de fevereiro, um cabograma da agência de notícias MercoPress e confirmado pelo El Observador com fontes do Vaticano. Francisco mostrou interesse em cooperar em diversas causas de direitos humanos desde que assumiu o papado no dia 13 de março de 2013 e nas últimas semanas manifestou seu interesse em fazê-lo com o Uruguai.
Fonte: http://bit.ly/1zGJS8f |
A reportagem está publicada no jornal uruguaio El Observador, 06-02-2015. A tradução é de André Langer.
Na sexta-feira 06, em uma entrevista ao El Espectador, o ministro interino da Defesa, Jorge Menéndez, confirmou que foi recebido este oferecimento de ajuda pelo Vaticano.
Os informantes esclareceram que antes da concretização da cooperação, o Papa espera contar com o apoio de todas as partes envolvidas, tanto dos familiares dos desaparecidos, como dos militares. No Vaticano, avaliou-se que o vazamento da notícia à imprensa pode prejudicar o processo de negociação, mas de qualquer maneira a proposta continua em pé.
Francisco apóia a criação de uma comissão que será designada para ouvir confissões voluntárias tanto de militares como de qualquer pessoa que esteve envolvida em crimes durante a ditadura no Uruguai. A iniciativa pretende que o conceito “verdade e justiça” seja substituído pelo de “verdade e memória”, segundo disseram fontes argentinas vinculadas ao tema ao portal de notícias MercoPress.
O projeto para o Uruguai baseia-se na experiência da África do Sul, onde os envolvidos no desaparecimento de pessoas devem confessar dando um passo para frente e incluir em sua confissão onde podem ser encontrados os restos dessas pessoas.
Quem confessar recebe uma anistia, que pode ser revogada no caso de se comprovar que a informação é falsa.
Um grupo de familiares de desaparecidos uruguaios com cidadania italiana que participava, em maio do ano passado, de um julgamento em Roma por causa de direitos humanos, solicitou no último momento para participar da audiência pública que o Papa realiza nas quartas-feiras na Praça de São Pedro no Vaticano. A secretaria pessoal do Papa respondeu que poderiam participar da audiência na zona reservada aos cumprimentos, lugar onde se encontram os representantes políticos e líderes sociais, da qual participaram, entre outros, o ex-presidente Luis Alberto Lacalle Herrera e Germán Cardoso, o então presidente da Câmara dos Deputados.
O encontro do Papa com os familiares de desaparecidos uruguaios foi “muito emocionante” para as duas partes, informaram as fontes. Esse encontro motivou Francisco a oferecer sua cooperação para esclarecer onde estão os desaparecidos que ainda resta encontrar.
O portal MercoPress e os informantes consultados acrescentaram que o Vaticano oficializará a intenção de cooperar neste assunto no decorrer deste mês.
Os integrantes de Familiares de Desaparecidos, assim como de Filhos de Desaparecidos não tinham conhecimento desta intenção de cooperação.
Verónica Mato, integrante da organização Filhos de Desaparecidos e filha de Miguel Ángel Mato, desaparecido no Uruguai em 1982, surpreendeu-se “muitíssimo” com a notícia. “Seguimos reclamando verdade e memória, mas também justiça. Se a verdade implica em relegar a justiça, não me parece uma solução, nem creio que seja um caminho que sirva para que se saiba toda a verdade”, disse Mato ao El Observador.
Em 19 de janeiro deste ano, no voo de volta das Filipinas ao Vaticano, o Papa disse a um grupo de jornalistas que o acompanhavam que este ano tem a intenção de fazer uma viagem ao Equador, Bolívia e Paraguai, e em 2016, outra ao Chile, Argentina e Uruguai.
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O Papa Francisco ofereceu ao Uruguai sua colaboração para encontrar os desaparecidos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU