População mais pobre do Rio Grande do Sul tem aumento da renda em 237% com o auxílio emergencial

381,5 mil pessoas mais pobres não estão recebendo o Auxílio Emergencial

Foto: Agência Brasil

Por: João Conceição e Marilene Maia | 17 Julho 2020

O benefício denominado de Auxílio Emergencial e implementado desde abril tem ajudado a movimentar a economia nacional e gaúcha. Somente no Rio Grande do Sul nos meses de abril e maio foram mais de 2 milhões de beneficiários, com o poder de injetar R$ 1,4 bilhões na economia do Rio Grande do Sul. Sabe-se que este recurso impacta especialmente os setores de comércio e de serviços que, segundo a Relação Anual de Informações Sociais - RAIS, representam 74,2% das empresas e 70% dos postos de trabalho formais do estado.

O artigo é do ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unsinos - IHU.

 

Eis o artigo.

 

Para se ter uma noção da dimensão do impacto que o Auxílio Emergencial pode ter na economia gaúcha, busca-se a comparação com os R$ 673,7 milhões arrecadados no ano passado pelo Imposto sobre Transmissão “Causa Mortis” e Doação de Quaisquer Bens e Direitos - ITCD no Rio Grande do Sul, segundo a Secretaria da Fazenda

Um estudo da Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG mostrou que se o Auxílio Emergencial fosse prolongado até o final do ano, o Produto Interno Bruto - PIB brasileiro seria impactado positivamente em 0,6%. Caso benefício durasse apenas até junho, o impacto seria de 0,4%. A pesquisa também revela que se o benefício for até dezembro, 45% do seu custo seria retornado pela elevação da arrecadação de impostos. Já com os três meses de Auxílio Emergencial, a receita cobriria apenas 24% dos custos.

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - PNAD de junho também demonstra os impactos positivos do Auxílio Emergencial para a população mais pobre do estado. Cerca de 1,1 milhão de pessoas tiveram a renda mensal domiciliar per capita de apenas R$ 219,61 no estado. Dentre estes, pouco mais de 381,5 mil pessoas não receberam o Auxílio Emergencial. 

Ou seja, 66,4% dos domicílios da população em situação de maior vulnerabilidade recebeu Auxílio Emergencial no mês de junho no Rio Grande do Sul. Em números absolutos, foram 753,8 mil pessoas residindo em domicílios beneficiadas pelo Auxílio Emergencial, onde a renda per capita era de R$ 219,61 e a renda per capita média de apenas R$ 74,54. Quando aplicado o valor do Auxílio Emergencial, a renda per capita média passou para R$ 251,61, um aumento de 237,5%.

Ao todo, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, 3,3 milhões de pessoas estão residindo em domicílios com beneficiados do Auxílio Emergencial no Rio Grande do Sul. Desse montante de pessoas, 43,1% dos domicílios possuem beneficiários que pertencem ao grupo com os menores rendimentos.

 

Impactos da pandemia no mercado de trabalho formal na Região Metropolitana de Porto Alegre

 

A taxa de desocupação na Região Metropolitana de Porto Alegre atingiu 9,8% no primeiro trimestre de 2020, aumentando em 1 ponto percentual em relação ao último trimestre de 2019. A taxa de subutilização chegou a 17,4%, um aumento de 2,2 pontos percentuais. Tais dados expõem a gravidade das crises contemporâneas geradas no mercado de trabalho formal. Apenas 3 meses de pandemia representou um saldo negativo da mesma magnitude do ano inteiro de 2015.

A Região Metropolitana de Porto Alegre fechou 55 mil postos de trabalho formais entre o mês de março e maio. No acumulado de 2020, o número de postos fechados ficou em 48,8 mil, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados - CAGED. Porto Alegre fechou 19,2 mil postos de trabalho entre março e abril de 2020. No acumulado do ano, quando são incluídos os meses de janeiro e fevereiro, o resultado negativo praticamente o mesmo.

 

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