Por: João Pedro e Marilene Maia | 05 Março 2018
O mercado formal de trabalho no Vale do Sinos em 2017 apresentou o fechamento de 141 postos de trabalho. Apesar do número negativo, esse é um possível sinal de recuperação do mercado formal, visto que nos três anos anteriores o saldo se manteve negativo na casa dos milhares, chegando a mais de 17 mil postos de trabalho fechados no ano de 2015.
As informações são do Caged - Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, e continua uma série histórica de análises do Observatório das Realidades e Políticas Públicas do Vale do Rio dos Sinos - ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos - IHU, sobre o trabalho na região do Vale do Rio dos Sinos.
Dos 14 municípios que compõem a região, sete apresentaram fechamento de postos de trabalho, destacando Novo Hamburgo, com menos 897 postos, Campo Bom, com menos 654 postos, e Nova Hartz, com menos 376 postos. O município que mais criou postos de trabalho foi São Leopoldo, com 1.072 postos criados.
Os setores que apresentaram saldo negativo na criação de postos de trabalho foram a indústria da transformação, com saldo de menos 2.088, seguido pelo setor da construção civil, que apresentou saldo de menos 253 postos, o setor de serviços industriais de utilidade pública, com menos 156 postos, e o setor da indústria extrativa mineral, com menos 49 postos de trabalho no ano de 2017.
O setor do comércio contribuiu muito para que o resultado de 2017 não fosse tão negativo como nos anos anteriores, criando 1.405 postos de trabalho.
Cerca de 70% dos trabalhadores contratados na região em 2017 recebem até 1,5 salários mínimos, 17% recebem entre 1,5 e 2,0 salários mínimos e apenas 11% dos 135.097 trabalhadores contratados na região recebem salários superiores a 2,0 salários mínimos.
Sobre o grau de instrução dos trabalhadores admitidos em 2017 no Vale do Sinos: 154 (0,11%) são analfabetos, 2.271 (1,68%) têm apenas até o 5º ano do ensino fundamental incompleto, 3.740 (2,77%) trabalhadores têm até o 5º ano fundamental completo, 12.685 (9,39%) têm do 6º ao 9º ano do ensino fundamental, 19.542 (14,47%) têm ensino fundamental completo, 15.624 (11,57%) têm até o ensino médio incompleto, 65.332 (48,36%) têm ensino médio completo, 7.577 (5,61%) têm grau superior incompleto e 8.172 (6,05%) têm ensino superior completo.
Dos 8.172 trabalhadores com ensino superior completo contratados em 2017, 1.281 (15,67%) recebem até 1,5 salários mínimos e trabalham entre 41h e 44h. Esses trabalhadores, mesmo com ensino superior completo, têm as mesmas condições de trabalho de 73,37% dos trabalhadores analfabetos e 62,52% dos que têm até o 5º ano do ensino fundamental completo.
Ao avaliar o gênero do trabalhador, nota-se que nas faixas salariais iniciais há uma maior participação das mulheres, mas perdem espaço para os homens na medida em que se analisam as maiores faixas salariais. No agregado das faixas salariais superiores a 2,0 salários mínimos, pode-se constatar que as mulheres são apenas 28,17% dos trabalhadores, enquanto os homens são 71,83%.
O perfil de 60% dos trabalhadores contratados no ano de 2017 no Vale do Sinos é de um trabalhador que passa entre 41h e 44h em seu local de trabalho com remuneração entre 1,01 e 1,5 salários mínimos. Uma evidência da precarização do trabalho na região.
O ano de 2017 mostrou-se um ano de certa retomada na atividade econômica, com pequenos ciclos de criação de postos de trabalho que foram interrompidos com alguns meses de saldos negativos, mas o mais importante é o tipo de emprego que se está criando. Como podemos ver através dos dados do Caged, os postos criados se caracterizam por longas jornadas de trabalho e remunerações baixas, independentemente do grau de instrução do trabalhador.
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Mulheres representam apenas 28% dos trabalhadores do Vale do Sinos que recebem acima de 2 salários mínimos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU