Por: Elis Daiane, Lucas Schardong e Marilene Maia | 24 Mai 2017
Em meio aos ataques à democracia, ainda se apresentam resistências à sua materialização no território brasileiro. As lutas das mulheres podem ser destacadas neste cenário, que neste ano apresenta uma agenda em torno da Saúde da Mulher, com a realização de conferências municipais, estaduais e nacional. Com o tema central “Saúde das mulheres: Desafios para a integralidade com equidade”, a conferência tem como objetivo propor diretrizes para a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Mulheres.
Neste contexto de afirmação da democracia, foi realizada a I Conferência Municipal da Saúde das Mulheres de São Leopoldo. O evento ocorreu no sábado, dia 20/05, no auditório da Faculdades EST e reuniu cerca de 200 pessoas, sendo 85% do público composto por mulheres.
O Observatório da realidade e das políticas públicas do Vale do Rio dos Sinos - ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos - IHU, participou do evento por meio da estagiária voluntária, Elis Daiane Casagrande e da assistente social, Fátima Machado, que atua na Liga de Combate ao Câncer de São Leopoldo, contribuindo no Grupo de Trabalho que tematizou “O mundo do trabalho e suas consequências na vida e na saúde das mulheres”. Para subsidiar este debate, o ObservaSinos sistematizou e deu vistas à sua produção que investiga a realidade das mulheres no mercado de trabalho nos municípios do Vale do Sinos.
Destaca-se a última análise produzida pelo Observatório intitulada Mulheres e trabalho: evidências da desigualdade no Vale do Sinos, quando ficam identificadas as desigualdades salariais, que persistem ao longo dos anos. O infográfico a seguir dá vistas a esta realidade no Vale do Sinos, que exige análise e políticas para o seu enfrentamento.
A Conferência reuniu profissionais da área de saúde, especialistas, representantes da sociedade civil e comunidade para refletir e buscar afirmativas sobre os desafios para a saúde da mulher com integralidade e equidade. Além disso, o evento proporcionou uma observação mais detalhada da situação da saúde da mulher no município de São Leopoldo.
Foram também debatidos outros quatro temas, além do GT sobre Trabalho:
Durante o evento ocorreu uma palestra apresentada pela farmacêutica Jussara Cony e pela também farmacêutica e ex-presidente do Conselho Estadual de Saúde do Rio Grande do Sul – CES, Célia Chaves. Focadas no tema central da Conferência, ambas trouxeram estatísticas atuais do quadro de saúde da mulher brasileira do século XXI, indicando que 70% da procura de medicação das mulheres são para adquirir remédios para depressão/stress, enxaqueca e ansiedade. De acordo com Jussara, esse fato se dá pela tripla jornada de trabalho realizada pelas mulheres.
Outra questão levantada foi a necessidade de uma reformulação da gestão pública de saúde, a qual não fornece atendimento suficiente para as mulheres que trabalham fora de casa, além da falta de médicos especialistas na área da mulher, algo que, conforme as palestrantes, não é garantido pelo Sistema Único de Saúde - SUS.
Alguns projetos foram apresentados nos intervalos das palestras, voltados ao direito da mulher e da igualdade de gênero, além de ofertas de cursos online gratuitos com questões de gênero na vida comunitária, produzidos em parceria pela Faculdades EST e Instituto Sustentabilidade América Latina e Caribe - INS.
Os resultados da Conferência Municipal deverão ser encaminhados à I Conferência Estadual de Saúde das Mulheres, que ocorrerá nos dias 9 a 11 de junho, no Salão de Atos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS, em Porto Alegre.
As conferências fazem parte de uma política elaborada pelo Conselho Nacional de Saúde, que convocou, para o mês de agosto deste ano, a 2ª Conferência Nacional da Saúde das Mulheres.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Conferência Municipal da Saúde das Mulheres de São Leopoldo - Instituto Humanitas Unisinos - IHU