Crise climática e racismo ambiental têm cor, gênero e endereço

Foto: Fernando Frazão | Agência Brasil

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26 Janeiro 2024

"É necessária atenção urgente às políticas que abordem o combate à crise do clima, a mitigação, adaptação climática e redução de perdas e danos, com foco nos grupos mais afetados pelo racismo ambiental, especialmente as comunidades e povos tradicionais que habitam áreas de risco de deslizamentos, enchentes e sofrem exposição a diversas mazelas há mais de 500 anos na história do Brasil.", escreve Edcleide da Rocha Silva, Késia Moura de Souza Loureiro, Sávio Germano Portela, Nayara Mara Ferreira Gonçalves e Edilson da Silva Gondim em artigo publicado por Brasil de Fato, 24-01-2024.

Edcleide da Rocha SilvaKésia Moura de Souza LoureiroSávio Germano PortelaNayara Mara Ferreira Gonçalves e Edilson da Silva Gondim são  Integrantes da Assessoria Técnica Independente Adai, no Projeto Rio Doce.

Eis o artigo.

Os impactos da emergência/crise climática e desastres ambientais, como são chamados os eventos que produzem seca, chuvas, temporais entre outros dessa natureza, atingem a sociedade brasileira de forma desproporcional.

Grupos vulnerabilizados, formado por pessoas negras, indígenas, quilombolas e ribeirinhas, e na maioria tendo mulheres na linha de frente, são os que mais sofrem. Isso porque são esses grupos que vivem hoje nas chamadas periferias urbanas e rurais.

Já nas regiões elitizadas, os bairros geralmente são projetados para uma qualidade de vida maior, possuindo estrutura de saneamento básico, arborização e transporte. Esses espaços de moradia são habitados em sua maioria por pessoas brancas e de classe média alta, as mesmas que dominam a estrutura política, jurídica e econômica do nosso país. Ou seja, são aqueles que possuem maior renda, como podemos ver a partir de leituras do livro “Racismo Estrutural”, da autoria de Silvio Almeida.

Esse fenômeno da sociedade é conhecido como racismo estrutural, um conceito de abrangência política, jurídica e econômica que produz a falta de pensamento de políticas públicas voltadas às pessoas em situação de vulnerabilidade.

Essas pessoas são as mais afetadas por grandes enchentes, por exemplo, na situação atual da região da Baixada Fluminense, no estado do Rio de Janeiro, o que é um caso de racismo ambiental.

O racismo ambiental trata sobre a injustiça ambiental e climática em um contexto racializado, diz respeito a como a mesma chuva atinge diferentes povos, classes e raças de forma desigual.

Dados da Oxfam, uma organização sem fins lucrativos, publicados em 14 de janeiro de 2024 afirmam que: “O poder corporativo e monopolista desenfreado é uma máquina geradora de desigualdade. Pressiona trabalhadoras e trabalhadores, promove a evasão fiscal, privatiza o Estado e estimula o colapso climático”.

No início de janeiro de 2024, 12 pessoas foram vítimas fatais e centenas perderam tudo nas enchentes devastadoras no estado do Rio de Janeiro. Depois de atingir sensação térmica de quase 53 graus, as regiões da Capital e da Baixada Fluminense foram devastadas pelas fortes chuvas. Enquanto isso, as pessoas que moram nas áreas mais nobres sofrem menor risco de perder a casa, os bens ou a própria vida.

É necessária atenção urgente às políticas que abordem o combate à crise do clima, a mitigação, adaptação climática e redução de perdas e danos, com foco nos grupos mais afetados pelo racismo ambiental, especialmente as comunidades e povos tradicionais que habitam áreas de risco de deslizamentos, enchentes e sofrem exposição a diversas mazelas há mais de 500 anos na história do Brasil. Ano após ano, sofrem as incontáveis consequências do agravamento da crise climática.

A Adai, enquanto assessoria técnica do povo atingido por barragem do Espírito Santo, que também é impactado pelas fortes chuvas e enchentes, acompanha a situação e presta solidariedade ao povo fluminense.

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