14 Dezembro 2023
A Casa Branca de Joe Biden virou alvo de críticas de ativistas climáticos, que lamentam a falta de pró-atividade dos EUA nas negociações de Dubai.
A reportagem é publicada por ClimaInfo, 13-12-2023.
Depois de quatro anos de retrocessos históricos na questão climática nos EUA, a chegada de Joe Biden à Presidência do país em janeiro de 2021 foi celebrada por ativistas climáticos como talvez a grande chance da economia mais rica do planeta finalmente assumir sua responsabilidade de líder e encabeçar a luta global contra a crise climática.
A expectativa não era gratuita. Setores do Partido Democrata defendiam um pacote ambicioso de medidas climáticas, sob o nome sugestivo de Green New Deal – recuperando o legado transformador do New Deal de Franklin Delano Roosevelt que tirou os EUA da Grande Depressão nos anos 1930. Biden também se elegeu com um discurso de engajamento nas questões climáticas globais, inclusive com a disposição de apoiar países como o Brasil a proteger suas florestas tropicais.
Passados quase três anos, o balanço da gestão Biden na seara climática é misto. A despeito de ter aprovado um conjunto inédito de medidas climáticas, o ambicioso “Green New Deal” não saiu do papel por falta de apoio político no Congresso. Na frente internacional, os EUA retornaram ao Acordo de Paris, mas não conseguiram se colocar como o agente proativo que se propunha a ser durante a campanha eleitoral.
A participação dos EUA na COP28 representa mais um abalo à imagem do governo Biden nessa agenda. Ao invés de liderança, os negociadores norte-americanos tiveram um papel discreto. No que chamou a atenção, chamou pelo lado negativo. Um exemplo é a discussão em torno da eliminação progressiva dos combustíveis fósseis: o maior emissor do planeta até sinalizou um apoio à ideia, mas foi insensível às demandas dos países em desenvolvimento por um protagonismo das nações mais ricas nesse processo.
“É fácil apontar o dedo a alguns países do Golfo Pérsico aqui [na COP28], mas não devemos ignorar o fato de que os Estados Unidos têm, de longe, os maiores planos de expansão de petróleo e gás do planeta”, observou Brandon Wu, da ActionAid USA, ao Inside Climate News.
Outra frustração é a indisposição dos EUA em cumprir suas responsabilidades e oferecer mais financiamento para ação climática aos países em desenvolvimento. O máximo que o país colocou na mesa em Dubai foram míseros US$ 17 milhões ao Fundo de Perdas e Danos, pouco em comparação com os US$ 100 milhões oferecidos pelos Emirados Árabes e nada em relação às reais necessidades das nações mais pobres e vulneráveis às mudanças climáticas.
“A contribuição de Washington reflete um perturbador desrespeito pela escala da crise que as nações vulneráveis ao clima enfrentam. É uma falha em reconhecer o fardo desproporcional que estes países suportam – um fardo criado em grande parte pela industrialização e prosperidade das nações mais ricas”, escreveu Abdoulie Ceesay, representante de Gâmbia na COP28, no Euronews.
O desconforto com os EUA não se limita a Biden. Aliás, a alternativa ao atual presidente norte-americano na disputa eleitoral de 2024 provoca calafrios – o antecessor dele, o ex-presidente Donald Trump. Negacionista convicto da crise climática, ele é o favorito na corrida pela candidatura republicana à Casa Branca e figura em algumas pesquisas à frente de Biden na disputa nacional. Bloomberg e Washington Post abordaram o temor de um retorno de Trump entre ativistas climáticos e lideranças políticas.
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Ativistas criticam hipocrisia climática dos Estados Unidos na COP28 - Instituto Humanitas Unisinos - IHU