01 Agosto 2023
As ações do Google subiram quase 10% em apenas cinco dias e registraram um ganho de 50% neste ano. A tecnologia global é uma das grandes vencedoras do furor da inteligência artificial. Os investidores de Wall Street consideram que sua liderança em desenvolvimentos com modelos de redes neuronais junto aos seus bilhões de usuários são uma combinação perfeita de rentabilidade.
A reportagem é de Federico Kucher, publicada por Página/12, 30-07-2023. A tradução é do Cepat.
Na semana passada, a gigante da internet divulgou seus balanços, com resultados acima do esperado. As receitas trimestrais ultrapassaram os US$ 56 bilhões, e os negócios em nuvem foram um dos segmentos de maior lucratividade.
Nos próximos meses, espera-se que o Google lance novos recursos baseados na inteligência artificial em uma ampla gama de produtos. Desde melhorias em seu chat de linguagem natural até recursos para a redação de correios eletrônicos do Gmail de forma automatizada. Com tudo isso, a empresa de tecnologia recebe cada vez mais apostas de médio e longo prazo dos investidores.
O principal reverso da extraordinária subida do valor das ações das grandes empresas globais é o risco de impacto destes novos desenvolvimentos no mercado de trabalho. Diferentes consultorias e até bancos de investimento começaram a estimar os efeitos para o mundo do trabalho.
Um relatório recente da consultoria McKinsey estimou que, até 2030, a inteligência artificial generativa, juntamente com outras tecnologias de automação, será capaz de substituir quase um terço das horas de trabalho humano nos Estados Unidos. O documento especifica que algumas das tarefas com maior possibilidade de automatização (e substituição) estão vinculadas a profissionais altamente qualificados, ou seja, profissionais de ciência, tecnologia, engenharia e matemática.
Uma análise do Goldman Sachs estimou que até 300 milhões de empregos podem ser afetados nos próximos anos. Menciona que as tarefas com maior probabilidade de serem automatizadas são o trabalho de escritório e de suporte administrativo. Em segundo lugar, viriam os trabalhos jurídicos e, em terceiro, as tarefas repetitivas de arquitetura e engenharia. Em seguida, na lista, estão os trabalhadores das ciências biológicas, físicas e sociais, e os das operações comerciais e financeiras
O empresário por trás do ChatGPT, Sam Altman, destacou em entrevista recente ao The Atlantic os problemas que espera para o mercado de trabalho. “Muita gente que trabalha com inteligência artificial fala que só vai ser bom, que é só um complemento, que nunca vai substituir ninguém. Mas a realidade é que vão ter empregos que vão desaparecer, ponto”.
Altman parece acreditar em suas próprias palavras, e nos últimos dias lançou um aplicativo para celulares baseado em biometria e criptomoedas que aposta na distribuição de uma renda universal. Garante que é a forma de garantir renda em um mundo que exigirá cada vez menos trabalho. O aplicativo chama-se Worldcoin e desde o seu lançamento registrou vários milhões de downloads.
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A inteligência artificial e o desafio para o mundo do trabalho - Instituto Humanitas Unisinos - IHU