20 Julho 2023
A reportagem é de José Lorenzo, publicada por Religión Digital, 19-07-2023.
Os grupos LGBTQ+ receberam com esperança alguns nomes da nova leva de cardeais anunciada surpreendentemente pelo Papa Francisco em 9 de julho, especificamente o argentino Víctor Manuel Fernández e o polonês Grzegorz Ryś. O primeiro "é o novo prefeito do departamento doutrinário do Vaticano, que está aberto a abençoar casais gays, e o segundo é um arcebispo polonês que parece mais favorável aos LGBTQ do que a maioria do episcopado de seu país”, segundo o New Ways Ministry.
Para esta organização católica, as recentes declarações do novo cardeal argentino após ser nomeado prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé dão pistas sobre sua abertura à acolhida pastoral do coletivo LGBTQ+. “Fernández expressou sua abertura a bênçãos para casais homossexuais, embora tenha reafirmado que tais bênçãos não devem ser confundidas com o entendimento heteronormativo do casamento. Ele também reconheceu que o ensinamento da Igreja, de fato, pode evoluir”, aponta em sua informação sobre os novos cardeais que serão criados no consistório em 30 de setembro.
Papa Francisco com Victor Fernández. (Foto: Reprodução | Religión Digital)
“Apesar de não tocar diretamente nas questões LGBTQ+, as palavras de Fernández são importantes para saber como os líderes da Igreja lidarão com o gênero e a sexualidade no futuro”, acrescenta esta organização, que também destaca o pedido que o Papa fez ao novo prefeito no carta anunciando sua nomeação: "Vejo claramente que Francisco quer que a função do prefeito seja totalmente orientada para uma reflexão teológica em diálogo que ajude a amadurecer o pensamento da Igreja... Levo muito a sério a última coisa que a carta diz: que devo assegurar que tanto os documentos do dicastério como os dos outros 'aceitem o Magistério recente'.
Em relação a Grzegorz Ryś, arcebispo de Łódź (Polônia) desde 2017, o New Ways Ministry, criado na década de 1970 por um padre e uma freira nos Estados Unidos, aprecia suas palavras sobre o acolhimento de pessoas LGBTQ+ que ele expressou em uma entrevista em 2019:
“É fácil dizer que a comunidade LGBT não está excluída da Igreja, porque na verdade não está. Ainda é necessário especificar onde estes fiéis podem encontrar um espaço para participar. São sempre encontros individuais, com uma pessoa, não com um movimento. Neles é importante – e esta é a essência da revolução do Papa Francisco – que o ponto de partida não sejam os próprios princípios morais, mas a pessoa e o bem que Deus faz em sua vida, focando no bem, não nas deficiências”, cita o New Ways Ministry.
Grzegorz Ryś, arcebispo de Łódź, na Polônia. (Foto: Reprodução | Vatican News)
"Os comentários de Ryś", continua o texto, "são particularmente notáveis, dada a postura linha-dura do episcopado polonês contra os direitos LGBTQ+ nos últimos anos. Por exemplo, em 2020, a Conferência dos Bispos Poloneses divulgou um documento afirmando que era infalível o ensinamento da Igreja sobre a homossexualidade e aparentemente endossando a terapia de conversão. Alguns arcebispos sugeriram que o movimento pela igualdade LGBTQ é a mais grave ameaça à humanidade ou que é uma praga do arco-íris comparável ao totalitarismo. Outras vezes, os bispos foram lentos em condenar os ataques violentos às marchas do orgulho gay e permaneceram em silêncio quando algumas cidades polonesas foram declaradas 'zonas livres de LGBT'”.
“Ryś, no entanto, parece mais inclinado pastoralmente, disposto a conhecer e ouvir pessoas LGBTQ+”, observa New Ways Ministry, “esperançosamente, sua influência no episcopado polonês pelo menos ajudará a afastá-lo de posições extremas em um país onde pessoas LGBTQ+ enfrentam cada vez mais ameaças”.
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Víctor Fernández e Grzegorz Ryś, os novos cardeais em quem os grupos LGTBI+ mais confiam - Instituto Humanitas Unisinos - IHU