19 Mai 2023
O Conselho Episcopal Latino-americano e Caribenho elegeu nesta quarta-feira, 17 de maio, a nova Presidência para o quadriênio 2023-2027. Dom Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre e presidente do Celam, presidiu a primeira celebração eucarística após sua eleição.
A reportagem é de Luis Miguel Modino.
Na homilia, Dom Jaime Spengler, à luz das leituras do dia, perguntava o que significa esse pouco que Jesus fala aos discípulos: “dentro de pouco tempo”. Segundo o arcebispo de Porto Alegre, “é o pouco que antecede à Paixão e à Cruz, é o tempo por assim dizer de eclipse e do silencio de Deus que se revela no seu Mistério, na Cruz. É também o tempo do Sábado Santo, do sepulcro, no qual Deus se torna presente até na raiz do nada, no silêncio. É ainda o tempo no qual se cumpre o pedido do Filho do Homem e que todo ser humano atravessará no caminho deste mundo ao Pai, para chegar à glória prometida”.
Segundo o presidente do Celam, “este pouco traz a marca da angústia que perpassa a história humana, este pouco marca a vida de nossas comunidades, marcadas pela desigualdade, a pobreza, a violência, mas é também neste pouco que se conserva a possibilidade do inesperado, do não projetável, da surpresa”. Questionando com as palavras do Santo Padre sobre se “devemos nos deixar surpreender pelo Mistério?”, o arcebispo disse que “somente assim com a abertura de coração, a abertura de mente, é que o outro pouco pode ser percebido que já presente entre nós”.
“É este outro pouco que nos impulsiona para a missão, formar discípulos missionários, promover tempos e espaços de possível experiência de encontro com o Senhor, processos de iniciação à vida cristã”, destacou Dom Jaime Spengler. Ele afirmou que “as nossas Igrejas vivem tempos complexos e nas observações das regiões realizadas, apresentadas ontem, pode se colher a realidade de uma perda de humanidade que ameaça a todos indistintamente, uma perda de humanidade que atinge, que abraça a todos”. Daí que “o que Jesus nos pede hoje é para que nos abramos, que abramos nossos olhos, nossos corações, nossos ouvidos, nossas mentes para o tesouro que temos e que é para todos, vida e vida plena para todos, não só para alguns”.
Dom Jaime Spengler discursando na Celam (Foto: Luis Miguel Modino)
O novo presidente denunciou que “a casa comum suplica cuidado, a vida requer respeito e promoção”. Diante dessa realidade, ele chamou a refletir sobre o fato de que “as pessoas, a nossa gente, o nosso povo, anseia, espera, proximidade, solidariedade, orientação segura, fraternidade, fé, esperança. É nesse contexto que melhor se compreende a nossa missão e a missão do Celam, ser um serviço em favor da comunhão entre nossas conferências, promovendo a vida da Igreja, fortalecendo sua missão evangelizadora, animando o encontro com Jesus, contribuindo para a colegialidade entre nós bispos, mediante o discernimento, a ação sinodal, a reflexão, a formação, a coordenação pastoral e a oração, a prece”.
“O pouco que temos, isso oferecemos ao nosso povo, à nossa gente, Jesus e o seu Evangelho” ressaltou Dom Jaime Spengler, insistindo em que “ali fora certamente existe uma multidão que anseia por uma palavra de fé, esperança, uma multidão que não está conosco. Daí a necessidade sempre premente e presente de ser uma Igreja em saída, uma Igreja missionária”.
Finalmente, o novo presidente mostrou seu “reconhecimento e gratidão à Presidência que está completando este quadriênio, gratidão às entidades de fomento que nos auxiliam, que tem nos auxiliado, e oxalá continuem nos auxiliando, gratidão aos colaboradores do Celam, gratidão aos irmãos que nos confiaram essa missão para os próximos quatro anos”. A todos ele fez um chamado: “instiguem-nos, provoquem-nos, ajudem-nos”. Dom Jaime Spengler mostrou sua gratidão a Dom Robert Prevost, prefeito do Dicastério dos Bispos, “pela sua proximidade e apoio ao Celam”. Ele pediu “que o Senhor ajude com a sua graça, que a Virgem de Guadalupe interceda por nós, por nossas igrejas, pelo nosso povo, pelas nossas comunidades”.
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“O nosso povo, anseia, espera, proximidade, solidariedade, orientação segura, fraternidade, fé, esperança”, afirma Dom Jaime Spengler, presidente do CELAM - Instituto Humanitas Unisinos - IHU