12 Mai 2023
No domingo, 30 de abril, no avião que o levava de Budapeste a Roma, o Papa Francisco, falando com a jornalista da AGI, fez uma referência lacônica a uma "missão" enquadrando-a entre duas expressões: "ainda não é pública" [e] " quando será pública, falarei a respeito."
A reportagem é publicada por Il sismografo, 10-05-2023. A tradução de Luisa Rabolini.
Obviamente, falava-se da guerra da Rússia contra a Ucrânia e do que a Santa Sé poderia fazer para contribuir para um acordo de paz. Nesses quase 15 meses de conflito, a questão vem periodicamente à tona como um rio subterrâneo. Agora, este ressurgimento do tema pelas palavras do Papa tornou o assunto ainda mais cativante porque a "missão" é secreta, deve permanecer secreta, mas, no entanto, é anunciada publicamente pelo menos três vezes. As partes envolvidas, Ucrânia e Rússia, declararam, após o anúncio de Francisco, que nada sabiam.
A partir daquele momento, o assunto tornou-se uma espécie de quebra-cabeça midiático, um jogo de adivinhação, um verdadeiro bordão. O próprio Cardeal Secretário de Estado Pietro Parolin continuou a alimentar o enigma que, a cada dia que passa, é cada vez mais secreto, reservado, encoberto.
O card. Parolin explicou em 3 de maio: "O Papa disse que haverá uma missão que será anunciada quando se tornar pública e eu repito as mesmas expressões que ele usou. Não vou entrar em detalhes. O Papa falou nesses termos, vamos deixar a ele para dar mais informações". O cardeal disse ter ficado surpreso com o fato de Kiev e Moscou terem dito que nada sabiam e depois sublinhou: "No devido tempo as partes foram informadas. Em meio aos meandros da burocracia, pode ser que as comunicações não tenham chegado onde precisam chegar. Mas as minhas são apenas interpretações, sei que ambos os lados foram informados”.
O Cardeal Secretário de Estado voltou hoje à questão da “missão” para reiterar que o Vaticano não para. “Acho mesmo que vai prosseguir”, especificou e depois acrescentou: “Sim, há novidades, mas naturalmente em nível confidencial. De qualquer forma, acredito que a situação tenha sido explicada e que prosseguirá”. Sobre as declarações de Moscou e Kiev, que poucos dias atrás disseram não saber de nada, o cardeal observou: "Não foram desmentidas, disseram que não sabiam de nada, mas depois houve contatos de ambos os lados onde foi esclarecido que se tratou de um mal-entendido, equívoco".
Dez dias após o anúncio, a pergunta ainda é a mesma: de que missão está se falando em segredo? Seriam possíveis esclarecimentos nas próximas horas?
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O que poderia ser a “missão” de paz que o Papa Francisco mencionou ao retornar da Hungria? - Instituto Humanitas Unisinos - IHU