01 Fevereiro 2023
O bispo de Rumbek, Christian Carlassare, vítima de um atentado em 2021, está em peregrinação a Juba com os jovens de sua diocese: para levar ao Papa Francisco a mensagem de paz e esperança de um povo que, como ele, quer voltar a ficar em pé.“Rezo sempre pela conversão do coração. Em primeiro lugar, a paz deve encontrar o seu lugar no coração de cada um de nós. Só assim se terá a capacidade de ver a realidade de pobreza que aflige esse povo apesar dos tantos recursos”.
A reportagem é de Anna Pozzi, publicada por Mondo e Missione, 30-01-2023. A tradução é de Luisa Rabolini.
É um pensamento de paz que acompanha o padre Christian Carlassare, bispo de Rumbek, que nestes dias está em caminho com os jovens de sua diocese para Juba, onde levará esta mesma mensagem – de paz, precisamente, mas também de reconciliação, unidade e dignidade para o povo do Sudão do Sul – ao Papa Francisco que estará de visita de 3 a 5 de fevereiro, após a etapa na República Democrática do Congo.
“Walking for Peace” é o lema que acompanha essa peregrinação pelos caminhos de uma terra ferida por demasiados anos de guerra, que provocou mortes e destruição, milhões de deslocados e uma gravíssima crise humanitária. O próprio Bispo Carlassare foi vítima do ódio e das divisões que afligem o país e sobreviveu a um atentado em abril de 2021. Gravemente ferido nas pernas, ele voltou a ficar em pé e agora sua peregrinação junto com muitos jovens é um símbolo de renascimento e esperança para ele e para muitos sul-sudaneses cansados de violências e vinganças, de brutalidade e instabilidade que não permitem que essa jovem nação, que se tornou independente em 2011, se reerga de uma situação de pobreza e atraso impressionantes. Atualmente, mais da metade dos 11 milhões de habitantes necessita de assistência humanitária.
"É preciso que o país coloque finalmente em primeiro lugar os seus cidadãos e o seu bem-estar - que em muitos casos não significa mais do que poder viver -", disse o bispo numa das etapas da peregrinação que o está levando à capital: “Rezamos todos os dias - reiterou à Fundação César, que leva adiante, através de muitos projetos na diocese de Rumbek, a memória do primeiro bispo, o comboniano Cesare Mazzolari - não só para que o Papa possa vir à nossa comunidade, mas também para mostrar-lhe que somos uma Igreja e um país em caminho na via da paz e da comunhão. O uso dos meios de comunicação e da rádio diocesana também foi importante para narrar e divulgar informações sobre a figura do Papa, seu ministério e a importância desta visita que é a primeira ao Sudão do Sul, mas também a primeira a ter um valor ecumênico, já que o Papa não estará sozinho, mas acompanhado pelo primaz anglicano e pelo moderador presbiteriano".
Mapa mundi destacando o Sudão (verde) e o Sudão do Sul (laranja) (Foto: Phoenix B | Wikimedia Commons)
De fato, também aquela do Papa Francisco será uma verdadeira peregrinação, como ele mesmo recordou no Angelus de 29 de janeiro: “O Sudão do Sul, dilacerado há anos pela guerra, não vê a hora que acabem as violências contínuas que obrigam tantas pessoas a viver deslocadas e em condições de grande penúria. Eu vou ao Sudão do Sul juntamente com o Arcebispo de Canterbury, Justin Welby e o moderador da Assembleia Geral da Igreja da Escócia, Iain Greenshields: assim viveremos juntos, como irmãos, uma peregrinação ecumênica de paz".
Movimento pela paz no Sudão do Sul | Foto: Mondo em missione
“O Papa – comentou Carlassare numa etapa da peregrinação que passa por várias paróquias e comunidades cristãs – nos dá um exemplo para que também nós possamos nos unir no mesmo caminho. Um renovado empenho pela paz e pela reconciliação, juntamente com as outras confissões cristãs".
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Sudão do Sul. D. Carlassare: “Em caminho para a paz” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU