Cardeal Mario Grech diz aos líderes da Igreja dos EUA que 'ouçam os outros'

O cardeal Mario Grech encorajou mais de 200 líderes católicos norte-americanos a continuar o processo de escuta convocado pelo Sínodo sobre a sinodalidade, mesmo que saia da fase local, e a considerar as contribuições de todas as pessoas de boa vontade, de forma apresentação recente.

“Quando dizemos que estamos ouvindo os outros, também estamos dizendo que estamos ouvindo o Espírito Santo e, para mim, isso é algo sagrado e já era hora de reconhecer essa riqueza, essa riqueza em a Igreja”, disse Grech, secretário-geral do Sínodo dos Bispos.

“Cremos no povo de Deus e em seu poder porque nele habita o Espírito Santo, por isso seria uma grande falta se não levarmos em consideração a contribuição não só de todos os batizados, mas de todos das pessoas de boa vontade”, continuou Grech. “Todas as pessoas de boa vontade podem realmente contribuir e ajudar também os pastores a descobrir qual é a vontade de Deus para sua igreja hoje.”

A reportagem é de John Lavemburg, publicada por Crux, 27-09-2022.

Grech fez os comentários no dia 22 de setembro, ao abrir a Reunião da Parceria Católica deste ano, organizada pela Leadership Roundtable, uma organização católica sem fins lucrativos sediada nos EUA que busca promover as melhores práticas de liderança e gestão dentro da Igreja.

O cardeal fez os comentários ao vivo de Frascati, na Itália, onde a equipe sinodal do Vaticano está reunida para revisar as sínteses sinodais de todo o mundo no início da fase continental. Grech chamou os resultados que receberam até agora de “surpreendentes” e observou que eles receberão uma resposta de todas as conferências episcopais do mundo, “algo sem precedentes na história”.

Fora das conferências episcopais, Grech reconheceu que houve mais de 1.000 contribuições individuais feitas diretamente ao Vaticano, que ele garantiu que serão levadas em consideração.

A Conferência dos Bispos Católicos dos Estados Unidos divulgou sua síntese nacional do sínodo em 19 de setembro. Grech comentou que leu o relatório duas vezes e o achou “muito, muito interessante”. Ele observou o que descreveu como “participação muito, muito alta” – cerca de 700.000 pessoas.

Com os bispos dos EUA e os bispos canadenses completando seus relatórios de sínteses sinodais nacionais, ambos os lados agora trabalharão juntos na fase continental do sínodo que o Papa Francisco lançou este mês. A USCCB espera o Documento para a Etapa Continental (DCS) do Secretariado do Sínodo nos próximos meses. Grech disse que o documento está sendo concluído.

A síntese do sínodo nacional nos EUA abordou várias “feridas duradouras” que atormentam a igreja do país, incluindo os efeitos ainda em desenvolvimento da crise dos abusos sexuais, divisões sobre a celebração da Missa Tradicional em Latim e uma percepção de falta de unidade entre os bispos da nação.

O desejo mais comum apontado nas consultas sinodais, segundo o documento, é por uma “igreja mais acolhedora, onde todos os membros do povo de Deus possam encontrar acompanhamento na jornada”. Em particular, a síntese identifica a comunidade LGBTQIA+, católicos divorciados e mulheres como aqueles que a Igreja dos EUA precisa ser mais acolhedora.

Grech abordou as “questões complicadas” como pessoas divorciadas e recasadas recebendo a Sagrada Comunhão e a bênção de casais do mesmo sexo, ecoando a mensagem abrangente de sua apresentação de que a igreja deve ouvir todas as pessoas de boa vontade.

“Isso não deve ser entendido simplesmente em termos de doutrina, mas em termos do encontro contínuo de Deus com os seres humanos”, disse Grech. “O que a Igreja tem a temer se esses dois grupos de fiéis tiverem a oportunidade de expressar seu senso íntimo de realidades espirituais, que eles experimentam?”

“Isso pode ser uma oportunidade para a igreja ouvir o Espírito Santo falando através deles também?”

Presentes na quarta Cúpula da Parceria Católica estavam cardeais, bispos, líderes leigos diocesanos, profissionais corporativos, advogados canônicos, teólogos, filantropos, irmãos e irmãs religiosos, líderes católicos de organizações sem fins lucrativos, padres e jovens adultos.

Entre os clérigos presentes na cúpula estavam o Arcebispo Christophe Pierre, Núncio Apostólico nos Estados Unidos, e o Cardeal Wilton Gregory de Washington.

O tema da cúpula foi “Liderança Sinodal Viva: Nosso Chamado para uma Igreja Unificada”. Kim Smolik, um parceiro executivo da Leadership Roundtable, explicou ao Crux que a reunião de líderes católicos para se concentrar na sinodalidade “aprofunda nossa compreensão do que é a liderança sinodal”.

“A liderança sinodal é apontada para uma liderança corresponsável, leigos, clérigos e religiosos trabalhando juntos, trata-se de ouvir uns aos outros e liderar coletivamente, e agora nossa compreensão disso por causa desse processo está sendo aprofundada”, disse Smolik.

Ao longo de sua apresentação, Grech enfatizou fazer da direção e liderança sinodal um pilar.

“Meus queridos irmãos e irmãs, eu realmente desejo encorajá-los a seguir nesta direção sinodal”, disse o cardeal, acrescentando que isso não é apenas um presente para a Igreja, mas “toda a sociedade será beneficiada”.

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