15 Agosto 2022
Quando o mundo das fintechs era “mato”, o australiano Brett King já pregava sobre as mudanças tecnológicas que transformariam o setor financeiro em todo o mundo. Em 2010, ele escreveu Bank 2.0, livro que mapeou as tecnologias que viriam a mudar os bancos na década seguinte. Outras duas atualizações da obra, em 2014 e 2018, permitiram vislumbrar o impacto de instituições bancárias totalmente digitais, como o Nubank.
Capa do livro "Bank 2.0". (Foto: Divulgação)
Agora, na alvorada de uma nova década, King volta suas atenções para o impacto da inteligência artificial (IA) e da crise climática em seu novo livro: The Rise of Technosocialism: How Inequality, AI and Climate will Usher in a New World (A ascensão do tecnossocialismo: Como Desigualdade, IA e Clima vão Moldar um Novo Mundo, em tradução livre).
Capa do livro "A ascensão do tecnossocialismo: Como Desigualdade, IA e Clima vão Moldar um Novo Mundo". (Foto: Divulgação)
"Se você aumentar o capitalismo, então muito provavelmente haverá uma revolução devido ao desemprego causado pela tecnologia e os efeitos das mudanças climáticas. Haverá escassez de alimentos, deslocamento das populações de cidades litorâneas, enchentes anuais e incêndios florestais. Todas essas coisas combinadas geram imenso estresse. Então, ao inserir tecnologia nos governos, você torna-os muito mais eficientes. É uma forma de socialismo em que todas necessidades dos cidadãos são olhadas", afirma Brett King, em entrevista publicada por Estadão, 14-08-2022.
A entrevista é de Bruno Romani.
Segundo ele, o único governo que está pronto para adotar tecnologia é a China. "Alguns países da Ásia estão chegando lá, como Cingapura. Mas a China está olhando para infraestrutura, com automação da Nova Rota da Seda, e para moedas digitais, com imenso uso de inteligência artificial. Se você visita cidades como Shenzhen, pode ver a inserção disso no cotidiano das pessoas. Usam reconhecimento facial, de voz ou de dedos para pagamentos. E há uma fração apenas das fraudes que ocorrem nos Estados Unidos ou Brasil. Eles têm uma regulamentação em IA que deve ser a mais avançada do mundo atualmente. Eles ensinam IA no currículo escolar. A China entende que as economias mais bem-sucedidas do século 21 serão economias autônomas. E isso inclui a função do governo, o jeito que alocam recursos é feito a nível econômico."
"O maior problema da IA em acentuar a desigualdade é o que acontece com o emprego - prossegue o Brett King. Se você pensa nos conceitos clássicos de oferta e demanda, a suposição é de que, sempre que uma economia está em crescimento e há mais demanda por produtos ou serviços para criar oferta, você coloca mais trabalhadores na economia. A IA quebra esse modelo, porque, conforme cresce a demanda, apenas há mais processamento de sistemas de produção autônomos. De modo geral, o nível de trabalho humano na economia é reduzido. Isso vem acontecendo desde os anos 1980."
Para o consultor, os bancos "não tem um futuro. Lá pelos anos 2050, as maiores economias do mundo serão autônomas. E essas economias autônomas serão criadas sobre coisas como contratos inteligentes, automação de cadeia de suprimentos. Para isso, você precisa de dinheiro digital, um dispositivo, sua comunicação de IA".
A íntegra da entrevista pode ser lida aqui.
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"Em 2040, teremos desemprego em massa causado pela tecnologia", diz Brett King, futurólogo de Obama - Instituto Humanitas Unisinos - IHU