25 Julho 2022
É o evento mais importante dessa Comunhão, que conta com mais de 85 milhões de fiéis em 165 países. O tema deste ano é “A Igreja de Deus para o mundo de Deus”.
A reportagem é de Silvia Guzzetti, publicada por Avvenire, 23-07-2022. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Foram necessários dois anos e o trabalho de teólogos de diversos países de todo o mundo para reunir os recursos e os vídeos, construídos em torno da Primeira Carta de São Pedro, que serão a base dos trabalhos da “Conferência de Lambeth” na sua 15º edição.
Trata-se do evento-chave da Comunhão Anglicana, a terceira mais importante entre as cristãs, depois da católica e da ortodoxa oriental, que representa mais de 85 milhões de fiéis em 165 países e que ocorre a cada 10 anos entre Canterbury e Londres.
A edição deste ano, de 26 de julho a 8 de agosto, reunirá mais de 600 bispos anglicanos, com esposas e maridos, e cerca de mil delegados que falarão sobre o tema “A Igreja de Deus para o mundo de Deus”.
Adiada em 2018, devido às divisões em relação à ordenação de pastores e bispos gays e ao problema de como responder à secularização, e depois novamente em 2020, devido à pandemia, a “Conferência de Lambeth” ocorrerá na Catedral de Canterbury, na Universidade de Kent, no Lambeth Palace, em Londres, sede do primaz anglicano, Justin Welby, e também, em parte, online.
Permanece um ponto de interrogação sobre qual será a participação dos bispos anglicanos pertencentes à Gafcon (Global Anglican Future Conference), uma convenção anglicana alternativa, que surgiu em 2008, para protestar contra a ordenação do bispo gay Gene Robinson, na diocese episcopaliana estadunidense de New Hampshire.
Os arcebispos Henry Ndukuba, da Nigéria, Laurent Mbanda, de Ruanda, e Stephen Kaziimba, de Uganda, já anunciaram o seu boicote, embora o primaz anglicano, Justin Welby, os tenha convidado várias vezes para irem a Canterbury. “Não é a nossa intenção dedicar toda a conferência ao tema da sexualidade”, disse Welby, “mas olhar para outros problemas que estão destruindo milhões de vidas, como a crise ambiental, a guerra, a fome e as perseguições religiosas.”
Em 2008, quando a diocese estadunidense de New Hampshire decidiu ordenar o bispo gay Gene Robinson, a Comunhão Anglicana se dividiu. Robinson não foi convidado para a Conferência de Lambeth – cabia ao então primaz anglicano, Rowan Williams, convidar pessoalmente cada um dos bispos –, mas ele decidiu participar mesmo assim, gerando polêmicas.
Os temas do programa, sobre os quais os bispos anglicanos vêm se preparando desde o ano passado, com grupos de trabalho virtuais, são “Missão e evangelização”, “Como se tornar uma Igreja à prova de abusos”, “Identidade anglicana”, “Reconciliação”, “Dignidade humana”, “Ambiente e sustentabilidade”, “Unidade cristã e relações inter-religiosas”, “Discipulado”, “Ciência e fé”.
Os trabalhos da Conferência de Lambeth, que começou no distante 1867, vão além do encontro presencial entre os dias 26 de julho a 8 de agosto. A primeira fase, intitulada “Escutar juntos”, que começou no ano passado, viu os bispos discutirem online e rezarem juntos sobre o que significa para a Comunhão Anglicana responder às necessidades de um mundo em rápida mudança.
A segunda fase, chamada “Caminhar juntos”, são os dias de encontro presencial em Canterbury e Londres, nos quais os bispos tentarão discernir a voz de Deus para a sua Igreja e concordar com alguns compromissos a serem compartilhados com a Comunhão Anglicana.
A terceira fase, chamada “Testemunhar juntos”, vai além do fim da “Conferência de Lambeth” e prevê que alguns compromissos, acordados durante a convenção, sejam enviados a todas as comunidades anglicanas do mundo, para pedir que elas os implementem.
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Começa a Conferência de Lambeth, com 600 bispos anglicanos reunidos em Canterbury - Instituto Humanitas Unisinos - IHU