04 Julho 2022
O encontro privado no Vaticano. O dono da Tesla e da SpaceX mostra a Bergoglio os planos para construir um futuro melhor.
A reportagem é de Domenico Agasso, publicada por La Stampa, 02-07-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.
O Papa da encíclica "verde" e social "Laudato si'", que continua a defender uma virada ecológica para proteger a natureza e salvar a terra das mudanças climáticas, e o bilionário "visionário" Elon Musk, "pessoa do ano de 2021" para a revista Time, segundo a qual ele é "o homem que nos dará outro planeta". Encontraram-se ontem à tarde, em privado, no Vaticano, na Casa Santa Marta, residência do Pontífice. De surpresa: a audiência não foi anunciada no boletim diário oficial da Santa Sé, sinal da intenção, pelo menos de parte de Francisco, de manter um caráter reservado para o encontro.
O dono da Tesla e da SpaceX - depois de partir em seu jato particular de Austin, Texas, e pousar em Ciampino – atravessou os Muros Leoninos, onde o bispo de Roma o esperava. Musk contou a Jorge Mario Bergoglio sobre suas ideias e projetos para construir um futuro melhor, mais vivível e sustentável para a humanidade, para as gerações de hoje e para as que virão. Explicou-lhe suas principais atividades, em uma conversa que duraria cerca de quarenta minutos.
Musk estava acompanhado por quatro de seus sete filhos (seus nomes são Griffin, Vivian, Kai, Saxon, Damian, que teve com a escritora Justine Wilson, e X AE A-XI e Exa Dark Sideræl nascidos do relacionamento com a cantora Grimes).
Honored to meet @Pontifex yesterday pic.twitter.com/sLZY8mAQtd
— Elon Musk (@elonmusk) July 2, 2022
O Papa Francisco contou depois a um prelado de alto escalão seu colaborador ter apreciado muito o encontro com a família Musk, e também os ideais e os empenhos expressos pelo guru da alta tecnologia, em particular aqueles ligados à redução do aquecimento global através do uso de energias renováveis.
O Pontífice recebeu um dos “Ricaços” do planeta, mas, assegura outro monsenhor, na conversa – que decorreu num clima sereno e alegre – Musk revelou-se uma pessoa simples, normal. E o Papa gostou especialmente do forte senso de humor demonstrado por Musk, apesar das muitas atividades e das numerosas preocupações. Os prelados tiveram a sensação de que o famoso inventor também vazou sinais de uma fé presente em sua vida.
O ponto comum mais evidente entre o pontífice argentino, o primeiro que escolheu se chamar Francisco, e o empresário sul-africano (nascido em Pretória em 28 de junho de 1971) com cidadania canadense naturalizado estadunidense, é o vínculo imprescindível entre tecnologias e ecologia. O Papa, em uma recente livro-entrevista, afirmou que “a inteligência artificial e os robôs devem estar a serviço da humanidade, não uma ameaça. Se projetados e fabricados para colocar o homem no centro, podem ser usados para a proteção de nossa casa comum”.
E também para resolver “as recorrentes crises financeiras que têm causado novos desafios e problemas aos governos, como o aumento do desemprego, o aumento das várias formas de pobreza, o alargamento do fosso socioeconômico e as novas condições de escravidão, muitas vezes ligadas a conflitos e migrações”.
Para Francisco, são instrumentos potenciais para "rejeitar a cultura do eficientismo 'descartável', que põe de lado os fracos: idosos, doentes, pobres. Uma sociedade onde as desigualdades econômicas, digitais e educacionais são muito elevadas não cresce, não se desenvolve, não evolui”. Quanto mais aumenta a presença das tecnologias, “mais importante é reafirmar e proteger o primado da pessoa sobre as máquinas. Dessa forma, podemos esperar dar uma nova direção saudável e genuína ao destino do mundo”.
Essa sensibilidade também teria emergido de Musk na conversa de ontem no Vaticano. "A tecnologia salvará o mundo", afirma há anos o inventor.
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Elon Musk em encontro com o Papa: “A tecnologia salvará o mundo” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU