22 Junho 2022
Autoridades do Vaticano passaram as últimas três semanas esperando por uma onda de nomeações para implementação da nova constituição apostólica para a Cúria Romana.
A reportagem é de Loup Besmond de Senneville, publicada por La Croix, 20-06-2022. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
As pessoas estão como se flutuassem pela Cúria Romana nos últimos dias. E por uma boa razão.
Três semanas depois da nova constituição para a burocracia central da Igreja entrar em vigor, o Papa Francisco precisa ainda fazer nomeações.
Isso criou uma atmosfera mais estranha nos corredores dos vários dicastérios.
Quando perguntado por sua equipe, um cardeal que chefia um dos escritórios vaticanos respondeu “óbvio que vou continuar”. Outro disse que não sabia nada e que tudo está nas mãos do papa.
Um prelado vaticano, que apresentou uma mensagem papal para os jornalistas na semana passada na Sala de Imprensa, foi admitido para um cargo que ainda não tem um título preciso.
O arcebispo Rino Fisichella, que presidiu o Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização até 04 de junho, foi apresentado simplesmente como o “bispo titular de Voghenza”.
Isso porque o pontifício conselho simplesmente desapareceu quando a nova constituição apostólica entrou em vigor. A pasta foi incorporada ao que antigamente era a Congregação para a Evangelização dos Povos.
O prefeito desta congregação, o cardeal Luis Antonio Tagle, das Filipinas, falou ao canal de televisão KTO em 24 de maio que não sabia o que aconteceria com o antigo pontifício conselho.
“Passaram-se três semanas e ninguém sabe quem vai fazer o que”, disse um leigo italiano que trabalha há anos no Vaticano.
“Os superiores não sabem se eles continuarão ou se serão enviados para outro lugar. Tudo está um pouco paralisado”, continuou.
Outro funcionário, cujo dicastério em que trabalha mudou de nome, lamentou o fato de que nada foi preparada para as novas mudanças.
“Nós não temos cabeçalhos para inserir nos documentos”, disse ele.
Por enquanto, embora os organismos supostamente devessem se fundir, ninguém começou a mudança. Todos esperam por ordens dos superiores que ainda não foram nomeados.
“As pessoas querem mudar tudo da noite para o dia”, observou um cardeal próximo ao papa. “Isso não é possível. Se fosse assim, precisaria ser uma longa noite.”
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À deriva pela Cúria... Trabalho em suspenso enquanto se aguarda a reforma nos dicastérios - Instituto Humanitas Unisinos - IHU